O crítico,
por vigiar e espreitar sem interrupção os problemas alheios, permanece
inconsciente e imobilizado em relação à própria aprendizagem evolucional.
Os
dicionários definem crítica como sendo um exame detalhado que visa a salientar
as qualidades ou os defeitos do objeto a ser julgado. É comum encontramos
alguém criticando o trabalho de outro sem tê-lo vivenciado pessoalmente, isto
é, desaprovando o que nem sequer tentou fazer. Tudo isso faz parte da
incoerência humana.
A crítica
nociva é característica de indivíduos que não realizam nada de importante,
não enfrentam desafios nem se arriscam a mudanças. Ficam sentados, observando o
que as pessoas dizem, fazem e pensam para, depois, filosofar improdutivamente
sobre as realizações alheias, usando suas elucubrações dissociadas do
equilíbrio. As discordâncias são perfeitamente saudáveis e normais, desde que
estejam fundamentadas em fatos concretos e não nos vapores das suposições ou das
projeções da consciência.
Há quem
diga que a crítica é profissionalizada, por ser um meio fácil e rentável para destacar
os incapazes e inabilidosos, tomando-os pessoas importantes e formidáveis.
Porém, não por muito tempo.
Os
verdadeiros realizadores deste mundo não têm tempo para censuras e condenações,
pois estão sempre muito ocupados na concretização de suas tarefas. Ajudam os
fracos e inexperientes, ensinando os que não são talentosos, em vez de
maldizê-los.
A crítica
pode ser construtiva e útil. Cada um de nós pode, livremente, optar entre o
papel de ironizar e o de realizar.
A crítica
pode ser empregada como forma de inocentar-nos da responsabilidade de nossa própria
ineficiência e de atribuir nossas frustrações e fracassos aos que, realmente,
são criativos e originais.
Em verdade,
para se viver com equilíbrio mental, emocional e social, é necessário, acima de
tudo, respeitar os direitos dos outros, assim como queremos que os nossos sejam
respeitados.
De acordo
com o pensamento da Espiritualidade Maior:
“Da
necessidade que o homem tem de viver em sociedade, nascem-lhe obrigações
especiais (...) a primeira de todas é a de respeitar os direitos de seus
semelhantes (...) Em o vosso mundo, porque a maioria dos homens não pratica a
lei de justiça, cada um usa de represálias. Essa a causa da perturbação e da
confusão em que vivem as sociedades humanas. (Questão 877 – Livro dos Espíritos
/ Allan Kardec).
As
“represálias” evidenciadas nesta questão podem ser consideradas como as
desforras ou as vinganças que, comumente, os indivíduos fazem através de
críticas, injúrias, sátiras e depreciações. Nesse tema, é oportuno ressalvar
que, em muitas ocasiões, em decorrência das emoções patológicas, é
perfeitamente possível pessoas sentirem-se humilhadas, vendo atitudes de arrogância
e insulto onde não existem.
No mundo
interior dos críticos implacáveis, pode existir uma intimidação, originalmente adquirida
na infância, em virtude da autoridade e ameaça dos pais. Vozes do passado eco
em suas mentes, solicitando, insistentemente, que sejam “pontuais e
infalíveis”, “exatos e bem informados”, “super-responsáveis e controlados”.
As
exigências do pretérito criaram-lhes um padrão de comportamento mental,
caracterizado por constante cobrança e acusação, fazendo com que projetem tudo
isso sobre os outros. O medo de cometerem erros e o fato de desconfiarem de si
mesmos, conferem-lhes uma existência ambivalente. Vivem, ao mesmo tempo, entre a sensação de
perseguição e a de superioridade. Além do mais, quem critica imagina-se
sensacional e em vantagem.
Desesperadamente,
observam e desconfiam de si mesmos. Exteriorizam e transferem toda essa
sensação de auto-acusação, condenando os outros. Essa operação emocional
funciona como uma válvula de escape, a fim de compensar a autoperseguição e
aplacar as cobranças convulsivas do seu mundo interior.
Os críticos
são especialistas em detectar e resolver os problemas que não lhes dizem respeito,
mas, contrariamente, possuem uma grave dificuldade em aceitar a sua própria problemática
existencial.
A Lei
Divina nos dá o livre-arbítrio para escolhermos e concretizarmos nosso programa
de aprendizagem, ou seja, livre opção para elegermos o caminho a ser percorrido,
para expandirmos nossa consciência. O plano de instrução nos oferecerá duas
possibilidades básicas, a saber: a aprendizagem consciente e a inconsciente.
A
aprendizagem consciente é aquela em que estamos prontos para agir e resolver as
coisas, mediante uma assimilação atuante ou uma participação voluntária.
A
aprendizagem inconsciente é a que entrará em vigor, automaticamente, quando desprezamos,
conscientemente, a resolução e compreensão do nosso roteiro de instrução. Em resumo:
o sofrimento sempre entra em ação, quando não aprendemos espontaneamente.
O crítico,
por vigiar e espreitar sem interrupção os problemas alheios, permanece inconsciente
e imobilizado em relação à própria aprendizagem evolucional; portanto, sua possibilidade
de integralizar novos conceitos e experiências é quase nula. Quanto mais ele
projeta a culpa e a acusação ao mundo exterior, recusando cumprir sua
aprendizagem conscientemente, mais sofrerá com os reflexos de suas atitudes.
Jesus
Cristo, conhecendo os traços de caráter da humanidade terrena em evolução,
advertiu-os: “Ouvi-me, vós todos, e compreendei. Nada há, fora do homem, que,
entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai dele, isso é que contamina o homem.” (Jesus / Marcos 7:.4 e 15).
A tendência
em julgar e criticar os outros, com intenção maldosa, recebe a denominação de
malícia; em outras palavras, o indivíduo nessas condições vê os outros com os olhos
da “própria maldade”.
Livro: As dores da Alma
Hammed / Francisco do Espirito Santo Neto
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec
Questão 877 – Da necessidade que o homem tem de viver em sociedade, nascem-lhe obrigações
especiais?
Resposta: Certo e a primeira de todas é a de respeitar
os direitos de seus semelhantes. Aquele que respeitar esses direitos procederá
sempre com justiça. Em o vosso mundo, porque a maioria dos homens não pratica a
lei de justiça, cada um usa de represálias. Essa a causa da perturbação e da
confusão em que vivem as sociedades humanas. A vida social outorga direitos e
impõe deveres recíprocos.
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