“Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que
te sirvo, há tantos anos, sem jamais transgredir um mandamento teu, e nunca me
deste um cabrito para alegrar-me com meus amigos.” Jesus / Lucas, 15:29.
A parábola não
representa somente o filho pródigo. Mais aguçada atenção e encontraremos o
filho egoísta.
O ensinamento
velado do Mestre demonstra dois extremos da ingratidão filial. Um reside no
esbanjamento; o outro, na avareza. São as duas extremidades que fecham o
círculo da incompreensão humana.
De maneira
geral, os crentes apenas enxergaram o filho que abandonou o lar paterno, a fim
de viver nas estroinices do escândalo, tornando-se credor de todas as punições;
e raros aprendizes conseguiram fixar o pensamento na conduta condenável do
irmão que permanecia sob o teto familiar, não menos passível de repreensão.
Observando a
generosidade paterna, os sentimentos inferiores que o animam sobem à tona e
ei-lo na demonstração de sovinice.
Contraria-o a
vibração de amor reinante no ambiente doméstico; alega, como autêntico
preguiçoso, os anos de serviço em família; invoca, na posição de crente
vaidoso, a suposta observância da Lei Divina e desrespeita o genitor, incapaz
de partilhar-lhe o justo contentamento.
Esse tipo de
homem egoísta é muito vulgar nos quadros da vida. Ante o bem-estar e a alegria
dos outros, revolta-se e sofre, através da secura que o aniquila e do ciúme que
o envenena.
Lendo a
parábola com atenção, ignoramos qual dos filhos é o mais infortunado, se o
pródigo, se o egoísta, mas atrevemo-nos a crer na imensa infelicidade do
segundo, porque o primeiro já possuía a bênção do remorso em seu favor.
Emmanuel / Chico Xavier.
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