No estudo das
idéias inatas, pensemos nos jovens, que somam às tendências do passado as
experiências recém-adquiridas.
Com exceção
daqueles que renasceram submetidos à observação da patologia mental, todos
vieram da estação infantil para o desempenho de nobre destino.
Entretanto,
quantas ansiedades e quantas flagelações quase todos padecem, antes de se
firmarem no porto seguro do dever a cumprir!...
Ao mapa de
orientação respeitável que trazem das Esferas Superiores, a transparecer-lhes
do sentimento, na forma de entusiasmos e sonhos juvenis, misturam-se as
deformações da realidade terrestre que neles espera a redenção do futuro.
Muitos saem da
meninice moralmente mutilados pelas mãos mercenárias a que foram confiados no
berço, e outros tantos acordam no labirinto dos exemplos lamentáveis, partidos
daqueles mesmos de quem contavam colher as diretrizes do aprimoramento
interior.
Muitos são
arremessados aos problemas da orfandade, quando mais necessitavam de apoio
amigo, junto de outros que transitam na Terra, à feição das aves de ninho
desfeito, largados, sem rumo, à tempestade das paixões subalternas.
Alguns deles,
revoltados contra o lodo que se lhes atira à esperança, descem aos mais
sombrios volutabros do crime, enquanto outros muitos, fatigados de miséria, se
refugiam em prostíbulos dourados para morrerem na condição de náufragos da noite.
Pede-se-lhes o
porvir, e arruína-se-lhes o presente.
Engrinalda-se-lhes
a forma, e perverte-se-lhes a consciência.
Ensina-se-lhes
o verbo aprimorado em lavor acadêmico, e dá-se-lhes na intimidade a palavra
degradada em baixo calão.
Ergue-se-lhes
o ideal à beleza da virtude, e zomba-se deles toda vez que não se revelem por
tipos acabados de animalidade inferior.
Fala-se-lhes
de glorificação do caráter, e afoga-se-lhes a alma no delírio do álcool ou na
frustração dos entorpecentes.
Administra-se-lhes
abandono, e critica-se-lhes a conduta.
Não condenes a
mocidade, sempre que a vejas dementada ou inconseqüente.
Cada menino e
moço no mundo é um plano da Sabedoria Divina para serviço à Humanidade, e todo
menino e moço transviado é um plano da Sabedoria Divina que a Humanidade
corrompeu ou deslustrou.
Recebamos os
jovens de qualquer procedência por nossos
próprios filhos, estimulando
neles o amor ao trabalho e a iniciativa da educação.
Diante de
todos os que começam a luta, a senha será sempre – “velar e compreender” –, a
fim de que saibamos semear e construir, porque, em todos os tempos, onde a
juventude é desamparada, a vida perece.
Livro: Religião
dos Espíritos – 54
Emmanuel /
Chico Xavier.
Estudando
O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
Idéias inatas
218. Encarnado,
conserva o Espírito algum vestígio das percepções que teve e dos conhecimentos
que adquiriu nas existências anteriores?
Resposta:
Guarda vaga lembrança, que lhe dá o que se chama idéias inatas.
218a - Não é,
então, quimérica a teoria das idéias inatas?
Resposta: Não;
os conhecimentos adquiridos em cada existência não mais se perdem. Liberto da
matéria, o Espírito sempre os tem presentes. Durante a encarnação, esquece-os
em parte, momentaneamente; porém, a intuição que deles conserva lhe auxilia o
progresso. Se não fosse assim, teria que recomeçar constantemente. Em cada nova
existência, o ponto de partida, para o Espírito, é o em que, na existência
precedente, ele ficou.
218b - Grande
conexão deve haver entre duas existências consecutivas?
Resposta: Nem
sempre tão grande quanto talvez o suponhas, dado que bem diferentes são, muitas
vezes, as posições do Espírito nas duas e que, no intervalo de uma e outra,
pode ele ter progredido.
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