sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Veneno

Corrosivo no coração, a surgir do conúbio entre a revolta e o desânimo, tisna o manancial da emotividade e sobe à cabeça em forma de nuvem. E, chegado ao cérebro, transfigura o pensamento em plasma sutil de lodo, conturbando a visão que se envolve em clamoroso desequilíbrio.
A vítima, desse modo, não mais enxerga o bem que o Céu espalha em tudo, para ver simplesmente o mal que traz consigo, e imagina, apressada, espinheiros e pântanos onde há flores e bênçãos, mentalizando o crime onde brilha a virtude. Em funesto delírio, chega a lançar de si escárnio e vilipêndio à própria Natureza que revela a Bondade Infinita de Deus.
Mas o agente sombrio não descansa nos olhos, porque invade os ouvidos, procurando a maldade nas palavras do amor, e descendo, letal, para a zona da língua, converte a boca em fossa de azedia e amargura, concitando os ouvintes ao império da sombra, como se pretendesse escurecer o Sol e enlutar as estrelas.
Desde então, julga achar em toda criatura expoente do vício, aceitando a suspeita em lugar da esperança e exaltando a mentira, com que faz de si mesma um campo deplorável de aspereza e loucura.
Paralisando as mãos na preguiça insensata, acusa o mundo e a vida, sem doar-lhes a menor expressão de auxílio e entendimento.
E atingindo o apogeu da demência cruel, acalenta, infeliz, o desejo da morte, com a qual se precipita à cova do suicídio, para sofrer, depois, a expiação tremenda do insulto à Lei Divina e da injúria a si mesma.
Guardai-vos, pois, assim, no clima luminoso do serviço constante, amando e perdoando, ajudando e aprendendo, porquanto esse veneno que corrói a alma humana, dela fazendo, enfim, triste charco de trevas, chama-se pessimismo.
            Livro: Religião dos Espíritos - 31
                 Emmanuel / Chico Xavier.

Estudando O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
QUESTÃO 938 - O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Decepções. Ingratidão. Afeições destruídas
938. As decepções oriundas da ingratidão não serão de molde a endurecer o coração e a fechá-lo à sensibilidade?
Resposta: Fora um erro, porquanto o homem de coração, como dizes, se sente sempre feliz pelo bem que faz. Sabe que, se esse bem for esquecido nesta vida, será lembrado em outra e que o ingrato se envergonhará e terá remorsos da sua ingratidão.
938a - Mas, isso não impede que se lhe ulcere o coração. Ora, daí não poderá nascer-lhe a idéia de que seria mais feliz, se fosse menos sensível?
Resposta: Pode, se preferir a felicidade do egoísta. Triste felicidade essa! Saiba, pois, que os amigos ingratos que os abandonam não são dignos de sua amizade e que se enganou a respeito deles. Assim sendo, não há de que lamentar o tê-los perdido. Mais tarde achará outros, que saberão compreendê-lo melhor. Lastimai os que usam para convosco de um procedimento que não tenhais merecido, pois bem triste se lhes apresentará o reverso da medalha. Não vos aflijais, porém, com isso: será o meio de vos colocardes acima deles.
A.K.: A Natureza deu ao homem a necessidade de amar e de ser amado. Um dos maiores gozos que lhe são concedidos na Terra é o de encontrar corações que com o seu simpatizem. Dá-lhe ela, assim, as primícias da felicidade que o aguarda no mundo dos Espíritos perfeitos, onde tudo é amor e benignidade. Desse gozo está excluído o egoísta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário