“Uma reunião é um ser coletivo, cujas
qualidades e propriedades são as resultantes de todas as dos seus membros, e
formam como um feixe; ora, esse feixe terá tanto mais força quanto for mais
homogêneo.” (Livro dos Médiuns – Allan Kardec, 2ª Parte – Cap. XXIX, item 331.)
Normalmente,
não fincamos nossas raízes – mentais, emocionais e espirituais – o suficiente
na realidade espiritual da vida. Dessa forma, em épocas de estiagem na
superfície, não temos uma fonte de suprimento que nos alimente e fortaleça,
vitalizando nossa intimidade.
Todos os
grandes pensadores da humanidade sempre nos incentivaram a que aprofundemos
nossas raízes intelectuais e emocionais nas bases veneráveis da existência
humana. Paulo de Tarso, o grande divulgador do Cristianismo entre os gentios,
reporta-se, em sua pregação aos atenienses, à unicidade do Criador e suas
criaturas: “Nele vivemos, nos movemos e existimos” Paulo – Atos dos Apóstolos: 17:28.
O universo
é a projeção da Mente Divina, e nós, como criação, vivemos interdependentes no
Idealismo Superior.
Somente
quando tomamos consciência da necessidade de fazer uma perfeita conexão com
nossa profundidade sagrada é que passamos a ter uma ampla visão de unidade com
a Vida Cósmica. É preciso ancorarmos nossos alicerces na Base Divina que há em
todos nós.
Se os
membros de grupo mediúnico estiverem apenas obedecendo regras e padrões
prescritos para o dia da reunião – desde quando acordam até o horário
preestabelecido para seu início -, podem estar apenas a serviço de fórmulas
superficiais e bem estreitas. Quando reconhecemos nossa junção com tudo o que
existe, ampliamos nosso conceito de sintonia.
Não é
possível obter sintonia vibratória unicamente com comportamentos estereotipados
e posturas programadas antes, durante e ao término de uma tarefa espiritual,
mas, sim, quando conseguimos nos “contextualizar no Universo”. Sintonizar-se
quer dizer perceber a razão incomensurável e coesa da existência humana, que
preenche o vazio que acreditamos existir entre os seres humanos.
Desatar os
elos da ilusão nem sempre é uma tarefa fácil. Quanto mais superficial for a
visão de unidade entre todas as coisas, mais a pessoa ficará dominada por uma
“realidade fragmentada”. No entanto, quanto mais ela for desenvolvida
espiritualmente, mais verá a profundidade e significado das criações e das
criaturas.
À proporção
que a humanidade evolui, a alma humana se alarga, amplia seus conceitos, supera
barreiras e desobstrui fronteiras. Quando o indivíduo se universaliza, ele se
descobre na multiplicidade das relações por todo o mundo. Sua mente, antes
horizontalizada, verticaliza-se; alicerça-se em uma estrutura de planos e
superplanos do entendimento superior. Seu coração, como um botão de flor,
desabrocha-se, lançando as pétalas do amor amplo, dinâmico e sem fronteiras
sociais, de raça ou de crença.
“(…) ora,
esse feixe terá tanto mais força quanto for mais homogêneo”. Para que uma
reunião seja homogênea, seus participantes precisam acreditar realmente que as
habilidades de cooperação e as alegrias do serviço em conjunto são um
investimento poderoso e sábio para o crescimento evolutivo. Necessitam ter uma
compreensão de que a harmonia grupal depende de uma interação coletiva mais
profunda, reconhecendo que nenhuma unidade ganhará à custa de outra, pois cada
porção contribui para a totalidade, e a totalidade, por sua vez, nutrirá todas
as porções.
Nos
atendimentos de orientação mediúnica, é comum observarmos que, em muitas
ocasiões, quando um Espírito é atraído para ser esclarecido, traz consigo,
inconscientemente, muitos outros, todos unidos pela mesma situação ou
problemática existencial. Por possuírem semelhantes pontos fracos ou lições a
aprender, basta atender a um para que todos os outros sejam também
beneficiados.
A Natureza
não funciona em caráter de isolamento ou de redoma de vidro. Para a Vida
Providencial somos um todo funcionando dinamicamente – movimento e atividade
energética intensa.
O Alvo
definitivo de um grupo mediúnico é a unidade: a integração íntima entre
sentimentos, crença e pensamentos. O Isolamento e a falta de comunhão mental
são o oposto do que a Espiritualidade Maior aspira realizar.
Não podemos
compreender a importância de uma reunião mediúnica sem possuir senso de
responsabilidade individual e coletiva.
Vale
transcrever um pequeno trecho do discurso do Chefe Indígena Seatle em 1852,
quando seu povo foi obrigado a ceder suas terras aos colonizadores
norte-americanos. Ele disse: “A terra não pertence ao homem; o homem pertence à
terra. Isso nós sabemos. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que
une uma família. O que quer que aconteça à terra acontece aos filhos da terra.
O homem não teceu a trama da vida, ele é apenas um fio nela. O que quer que ele
faça à trama faz a si mesmo”. A grandeza de alma é uma condição espiritual
desvinculada de religião que se professa.
O
participante de uma reunião mediúnica não pode nutrir um espírito sectarista,
pois é a negação dos preceitos cristãos e, consequentemente, a incompreensão
dos princípios espíritas, que revivem na atualidade os ensinos do Cristo e da
era apostólica. Para o intolerante, só os de sua religião estão com a verdade
e, portanto, merecem exclusiva atenção divina.
No
Espiritismo, impera uma visão universalista e progressista, porque jamais se
proclamou o detentor exclusivo da verdade. “As descobertas da ciência glorificam
Deus, em lugar de rebaixar; elas não destroem senão o que os homens edificaram
sobre ideias falsas que eles fizeram de Deus”. (A Gênese / Allan Kardec – Cap. 1 – Item 55)
A essência
da espiritualidade é a conexão que se faz com as divinas potencialidades que existem
em nossas profundezas. Cada um de nós é uma “sintetização individualizada” das
forças criativas do Cosmos, quer acreditemos ou não.
É
compreensível nossa dúvida ou indignação diante dos processos da Natureza que
ainda ignoramos. Por exemplo: se fosse possível contarmos a uma semente de
laranja que nela existe a própria laranjeira, talvez ela duvidasse ou não
aceitasse.
Quanto mais
ampliarmos a consciência do que somos, maior será a nossa espiritualização. A
percepção da realidade de uma criatura tem a dimensão exata da sua própria
consciência; nem mais, nem menos.
Nem sempre
temos a exata noção da “sinfonia da vida”, da qual participamos. Ela é muito
maior do que podemos imaginar, e precisamos contribuir com nosso acorde para
que a melodia se complete.
A sintonia
e homogeneidade dos membros de um grupo de trabalho cristão acontecem,
efetivamente, só quando eles percebem a interconexão da própria individualidade
com tudo no universo.
Livro: A
Imensidão dos Sentidos
Hammed /
Francisco do Espírito Santo Neto- pag. 35.
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