domingo, 17 de julho de 2022

Perdão das ofensas / THE PARDONING OF OFFENCES / Pardono je l' ofendoj.

14. Quantas vezes perdoarei a meu irmão? Perdoar-lhe-eis, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes. Aí tendes um dos ensinos de Jesus que mais vos devem percutir a inteligência e mais alto falar ao coração. Confrontai essas palavras de misericórdia com a oração tão simples, tão resumida e tão grande em suas aspirações, que ensinou a seus discípulos, e o mesmo pensamento se vos deparará sempre. Ele, o justo por excelência, responde a Pedro: perdoarás, mas ilimitadamente; perdoarás cada ofensa tantas vezes quantas ela te for feita; ensinarás a teus irmãos esse esquecimento de si mesmo, que torna uma criatura invulnerável ao ataque, aos maus procedimentos e às injúrias; serás brando e humilde de coração, sem medir a tua mansuetude; farás, enfim, o que desejas que o Pai celestial por ti faça. Não está ele a te perdoar freqüentemente? Conta porventura as vezes que o seu perdão desce a te apagar as faltas?

Prestai, pois, ouvidos a essa resposta de Jesus e, como Pedro, aplicai-a a vós mesmos. Perdoai, usai de indulgência, sede caridosos, generosos, pródigos até do vosso amor. Dai, que o Senhor vos restituirá; perdoai, que o Senhor vos perdoará; abaixai-vos, que o Senhor vos elevará; humilhai-vos, que o Senhor fará vos assenteis à sua direita.

Ide, meus bem-amados, estudai e comentai estas palavras que vos dirijo da parte dAquele que, do alto dos esplendores celestes, vos tem sempre sob as suas vistas e prossegue com amor na tarefa ingrata a que deu começo faz dezoito séculos. Perdoai aos vossos irmãos, como precisais que se vos perdoe. Se seus atos pessoalmente vos prejudicaram, mais um motivo aí tendes para serdes indulgentes, porquanto o mérito do perdão é proporcionado à gravidade do mal. Nenhum merecimento teríeis em relevar os agravos dos vossos irmãos, desde que não passassem de simples arranhões.

Espíritas, jamais vos esqueçais de que, tanto por palavras, como por atos, o perdão das injúrias não deve ser um termo vão. Pois que vos dizeis espíritas, sede-o. Olvidai o mal que vos hajam feito e não penseis senão numa coisa: no bem que podeis fazer. Aquele que enveredou por esse caminho não tem que se afastar daí, ainda que por pensamento, uma vez que sois responsáveis pelos vossos pensamentos, os quais todos Deus conhece. Cuidai, portanto, de os expungir de todo sentimento de rancor. Deus sabe o que demora no fundo do coração de cada um de seus filhos. Feliz, pois, daquele que pode todas as noites adormecer, dizendo: Nada tenho contra o meu próximo. – Simeão. (Bordéus, 1862.)

15. Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si próprio; perdoar aos amigos é dar-lhes uma prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar-se melhor do que era. Perdoai, pois, meus amigos, a fim de que Deus vos perdoe, porquanto, se fordes duros, exigentes, inflexíveis, se usardes de rigor até por uma ofensa leve, como querereis que Deus esqueça de que cada dia maior necessidade tendes de indulgência? Oh! ai daquele que diz: “Nunca perdoarei”, pois pronuncia a sua própria condenação. Quem sabe, aliás, se, descendo ao fundo de vós mesmos, não reconhecereis que fostes o agressor? Quem sabe se, nessa luta que começa por uma alfinetada e acaba por uma ruptura, não fostes quem atirou o primeiro golpe, se vos não escapou alguma palavra injuriosa, se não procedestes com toda a moderação necessária? Sem dúvida, o vosso adversário andou mal em se mostrar excessivamente suscetível; razão de mais para serdes indulgentes e para não vos tornardes merecedores da invectiva que lhe lançastes. Admitamos que, em dada circunstância, fostes realmente ofendido: quem dirá que não envenenastes as coisas por meio de represálias e que não fizestes degenerasse em querela grave o que houvera podido cair facilmente no olvido? Se de vós dependia impedir as conseqüências do fato e não as impedistes, sois culpados. Admitamos, finalmente, que de nenhuma censura vos reconheceis merecedores: mostrai-vos clementes e com isso só fareis que o vosso mérito cresça.

Mas, há duas maneiras bem diferentes de perdoar: há o perdão dos lábios e o perdão do coração. Muitas pessoas dizem, com referência ao seu adversário: “Eu lhe perdôo”, mas, interiormente, alegram-se com o mal que lhe advém, comentando que ele tem o que merece. Quantos não dizem: “Perdôo” e acrescentam: “mas, não me reconciliarei nunca; não quero tornar a vê-lo em toda a minha vida.” Será esse o perdão, segundo o Evangelho? Não; o perdão verdadeiro, o perdão cristão é aquele que lança um véu sobre o passado; esse o único que vos será levado em conta, visto que Deus não se satisfaz com as aparências. Ele sonda o recesso do coração e os mais secretos pensamentos. Ninguém se lhe impõe por meio de vãs palavras e de simulacros. O esquecimento completo e absoluto das ofensas é peculiar às grandes almas; o rancor é sempre sinal de baixeza e de inferioridade. Não olvideis que o verdadeiro perdão se reconhece muito mais pelos atos do que pelas palavras. – Paulo, apóstolo. (Lião,1861.)

O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec.

14. How many times must I forgive my brothers and sisters? Not just seven times, but seventy times seven. Here we have the teaching of Jesus which should most strike the intelligence, and speak most loudly to our hearts. If these words of mercy are compared with the prayer He taught to His disciples, that prayer so simple, so concise, yet so great in its aspirations, you will always encounter the same thought. Jesus, the pre-eminently just One, replies to Peter with these words: "You must forgive without limit; you must forgive each offence as many times as it is done to you; your brothers and sisters on Earth must be taught that it is forgetfulness of self which makes a person invulnerable to attack, misbehaviours and insults; your heart must be mild and humble without measuring out your gentleness; in short, you must do whatever you wish the Celestial Father to do for you. Is He not frequently forgiving you? Have you by any chance counted how many times His pardon has come down to erase your shortcomings?"

So pay attention to the reply given by Jesus, and like Peter apply it to yourself. Forgive freely, use your indulgence, be charitable and generous, even be lavish with your love. Give and the Lord will make restitution; forgive and the Lord will forgive you; lower yourselves and the Lord will raise you up; humble yourselves and the Lord will take you to sit on His right hand.

Dearly beloved, go forth to study and comment on these words which I have spoken on the part of He, Who, from the heights of celestial splendor is always watching over you. Proceed lovingly in the thankless task which began eighteen centuries ago. Forgive your fellow men as you would wish that they forgive you. If their acts cause you personal harm, then this is just one more motive for your indulgence, since the merit of forgiveness is in proportion to the seriousness of the wrongdoing. You will gain no merit by overlooking the errors of your fellow men if they are nothing more than simple scratches.

Spiritists, never forget that the pardoning of wrongdoing must not be an empty expression, be it either by word or by action. Since you call yourselves Spiritists, then be so with all fervour. Forget all evil that has been done to you and think of nothing save one thing: the good that you can do. Those who follow this path must not stray from it even in thought, which is known to God, seeing that each one is responsible for their thoughts. Take care therefore, to expunge from yourselves all rancorous sentiments. What remains at the bottom of the hearts of each one of His children is known to God. So happy is he who can sleep at night saying: I have nothing against my neighbour. - SIMON (Bordeaux, 1862).

15. To forgive one's enemies is to ask for forgiveness for oneself. To forgive one 5 friends is to give them proof of your friendship. To be able to forgive offences is to show yourself better than you were. So then, my friends, forgive others in order that God may forgive you, since if you are hard, demanding, inflexible, or if you use severity even against a small offence, how can you expect God to forget that each day you have even greater necessity of indulgence? Oh! Woe to those who say: "I will never forgive," for they pronounce their own condemnation! Moreover, if you searched deeper down inside, perhaps you would find that it is yourself who is the aggressor. In the fight which began as a pinprick and ended in rupture, who knows if the first blow was not cast by you, being the one who let escape harsh words of offence, or perhaps you did not proceed with all the necessary moderation? Without doubt your adversary behaved badly by showing himself to be exceedingly susceptible, but this is yet another reason for being indulgent, so as not to allow yourself to become deserving of the tirade which was launched against you. Let us admit, for the moment, that in a given circumstance you were really offended; who is able to tell if you would not further poison the matter by means of reprisals, or that you would not cause the situation to degenerate into a grave quarrel, when in actual fact the whole matter could easily be forgotten? If the prevention of the consequences of this fact depended on you, and you did nothing to impede them, then you are truly guilty. Finally, let us admit that you do not consider yourself to be deserving of any censure; in this case your merit would be even greater if you showed yourself to be clement.

Nevertheless, there are two very different ways of forgiving, the one being of the lips and the other of the heart. Many people say to their adversary "I forgive you" while inwardly rejoicing at the evil that has returned to them, commenting that he or she has only received what they deserved. How many others say "I forgive you," hastening to add "But I will never be reconciled nor do I ever want to see you again in this life!" Is this then forgiveness according to the Gospel? Surely not! True Christian forgiveness is that which casts a veil over the past and seeing that God is not satisfied with appearances alone, this can be the only kind of forgiveness to be taken into consideration. He listens to the innermost recesses of our hearts, to our most secret thoughts and is never satisfied with mere words or pretence. Complete and absolute forgiveness of all offences is peculiar to great souls, whereas rancour is always a sign of baseness and inferiority. So then, do not forget that true pardon is recognisable for its acts, rather than by the use of mere words. - PAUL, the Apostle (Leon, 1861).

THE GOSPEL ACCORDING TO SPIRITISM – Allan Kardec.

Pardono je l' ofendoj

14. Kiom da fojoj mi pardonu mian fraton? Pardonu lin ne sep fojojn, sed ĝis sepdekoble sep fojoj. Jen unu el tiuj paroloj de Jesuo, kiuj plej forte devas frapi vian intelekton kaj plej laŭte paroli al via koro. Komparu tiujn parolojn de kompatemo kun la preĝo tiel simpla, tiel mallonga, sed tiel granda laŭ siaj aspiroj, kiun Jesuo donis al siaj disĉiploj, kaj vi trovos ĉiam la saman penson. Jesuo, la modela justulo, respondas al Petro: Pardonu, sed sen iaj limoj; pardonu ĉiun ofendon tiom da fojoj, kiom vi ĝin ricevos, instruu al viaj fratoj tiun forgeson pri si mem, kiu faras la homon nevundebla kontraŭ la atakoj, la malicaj agoj kaj la kalumnioj; estu dolĉa kaj humila laŭ koro, neniam mezurante vian indulgemon; faru lin tion, kion vi deziras, ke la ĉiela Patro faru por vi; ĉu Li ofte ne pardonas vin, kaj ĉu Li kalkulas kiom da fojoj Lia pardono venas, por forviŝi viajn kulpojn?

Aŭskultu do tiun respondon de Jesuo, kaj, kiel Petro, apliku ĝin al vi mem; pardonu, estu indulgemaj, estu karitemaj, grandanimaj, eĉ malŝparemaj pri via amo. Donu, ĉar la Sinjoro redonos al vi; pardonu, ĉar la Sinjoro pardonos al vi; malaltiĝu, ĉar la Sinjoro relevos vin; humiliĝu, ĉar la Sinjoro sidigos vin ĉe Sia dekstra flanko.

Iru, miaj tre amataj, studu kaj komentariu tiujn ĉi parolojn, kiujn mi adresas al vi en la nomo de tiu, kiu, el la supro de la ĉiela brilego, rigardas ĉiam al vi kaj daŭrigas amplene la sendankan taskon, komencitan antaŭ dek ok jarcentoj. Pardonu do viajn fratojn, kiel vi bezonas, ke ili pardonu vin. Se iliaj agoj estis al vi persone malutilaj, tio estas ankoraŭ unu motivo, por ke vi estu indulgemaj, ĉar la merito de la pardono estas proporcia al la graveco de la malbono; ne estus merito forgesi la maljustaĵojn de viaj fratoj, se tiuj estus nur malgravaj vundetoj.

Spiritistoj, neniam forgesu, ke tiel per vortoj, kiel per agoj, la pardono je l' ofendoj ne devas esti ia vana vorto. Se vi diras vin spiritistoj, estu vere tiaj; forgesu la malbonon faritan al vi, kaj nur pri unu afero pensu: pri la bono, kiun vi povas fari. Kiu ekiris tiun vojon, tiu eĉ per penso ne devas de ĝi deflankiĝi, ĉar ĉiu respondas por siaj pensoj, kiujn senmanke Dio konas. Zorgu do, ke viaj pensoj entenu nenian venĝosenton; Dio scias, kio loĝas en la fundo de ĉiu koro. Feliĉa do tiu, kiu povas ĉiunokte ekdormi, dirante: Mi havas nenion kontraŭ mia proksimulo. (Simeono. Bordeaux, 1862.)

15. Pardoni siajn malamikojn estas peti por si mem pardonon; pardoni siajn amikojn estas doni pruvon de amikeco al ili; pardoni la ofendojn estas montri pliboniĝon. Pardonu do, miaj amikoj, por ke Dio vin pardonu, ĉar, se vi estas malmolkoraj, postulemaj, neflekseblaj, se vi estas rigoraj eĉ kontraŭ malgrava ofendo, kial vi volas, ke Dio memoru, ke ĉiutage vi pli bezonas da indulgo? Ve al tiu, kiu diras: "Mi neniam pardonos", ĉar li formulas sian propran kondamnon. Kiu scias cetere, ĉu, enprofundiĝante en vin mem, vi ne estis la ofendinto? Kiu scias, ĉu en tiu batalo, kiu komenciĝas per piko de pinglo kaj finiĝas per rompo, vi mem ne donis la unuan pikon? ĉu iu vundanta vorto ne elglitis el vi? ĉu vi uzis la tutan necesan moderon? Sendube via kontraŭulo estis malprava montrante sin tro ofendiĝema, sed tio estas ankoraŭ unu motivo, por ke vi estu indulgema kaj ne meritu la riproĉon, kiun vi faras al li. Ni supozu, ke vere vi estas la ofendito en iu cirkonstanco; tamen, kiu diras, ke vi ne venenigis la aferon per revenĝoj kaj ne degenerigis en seriozan malpacon ion, kio povus facile fali en forgeson? Se de vi dependis eviti la sekvojn de la fakto, kaj se vi tion ne faris, vi estas ja kulpa. Ni akceptu fine, ke vi rekonas nenion kiel riproĉindan en vi: en ĉi tiu okazo, vi ekhavos pli da merito, se vi montriĝos pardonema.

Sed estas du manieroj tre malsimilaj pardoni: la pardono el la lipoj kaj la pardono el la koro. Multaj personoj diras pri sia kontraŭulo: "Mi lin pardonas", dum interne ili sentas ian sekretan plezuron pro la malbono okazanta al li, kaj murmuras, ke li ricevas tion, kion li meritas. Kiom da personoj diras: "Mi pardonas kaj aldonas: sed mi neniam reamikiĝos kun li; mi volas neniam plu vidi lin." Ĉu tiu pardono estas laŭ la Evangelio? Ne; la vera pardono, la kristana pardono, ĵetas vualon sur la pasintecon; kaj nur tiu pardono estos kalkulita favore al vi, ĉar Dio ne kontentiĝas per ŝajnoj: Li sondas la fundon de la koroj kaj la plej sekretajn pensojn; oni ne sin trudas al Li per paroloj kaj vanaj ŝajnigoj. La forgeso plena kaj absoluta pri l' ofendoj estas esence propra al la grandaj animoj; la venĝemo estas ĉiam signo de malalteco kaj malsupereco. Ne forgesu, ke la vera pardono montriĝas pli bone per agoj ol per vortoj. (Paŭlo, la apostolo. Lyon, 1861.)

La Evangelio Laŭ Spiritismo – Allan Kardec.

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