sábado, 20 de abril de 2024

"A sociedade futura com o Evangelho, o Espiritismo e o Esperanto" - Espe...

Decepções. Ingratidão. Afeições destruídas / Disappointment – Shattered Affections / ELREVIĜOJ. NEDANKEMO. ROMPITAJ KORLIGIĜOJ.

Decepções. Ingratidão. Afeições destruídas.

937. Para o homem de coração, as decepções oriundas da ingratidão e da fragilidade dos laços da amizade não são também uma fonte de amarguras?

“São; porém, deveis lastimar os ingratos e os amigos infiéis: serão muito mais infelizes do que vós. A ingratidão é filha do egoísmo e o egoísta topará mais tarde com corações insensíveis, como o seu próprio o foi. Lembrai-vos de todos os que fizeram mais bem do que vós, que valeram muito mais do que vós e que tiveram por paga a ingratidão. Lembrai-vos de que o próprio Jesus foi, quando no mundo, injuriado e menosprezado, tratado de velhaco e impostor, e não vos admireis de que o mesmo vos suceda. Seja o bem que houverdes feito a vossa recompensa na Terra e não atenteis no que dizem os que receberam os vossos benefícios. A ingratidão é uma prova para a vossa perseverança na prática do bem; ser-vos-á levada em conta, e os que vos forem ingratos serão tanto mais punidos quanto maior lhes tenha sido a ingratidão.”

938. As decepções oriundas da ingratidão não serão de molde a endurecer o coração e a fechá-lo à sensibilidade?

“Seria um erro, porquanto o homem de coração, como dizes, se sente sempre feliz pelo bem que faz. Sabe que se esse bem for esquecido nesta vida será lembrado em outra, e que o ingrato se envergonhará e terá remorsos da sua ingratidão.”

a) — Mas tal raciocínio não impede que se lhe ulcere o coração. Ora, daí não poderá nascer-lhe a ideia de que seria mais feliz se fosse menos sensível?

“Pode, se preferir a felicidade do egoísta. Triste felicidade essa! Saiba, pois, que os amigos ingratos que o abandonam não são dignos de sua amizade, e que se enganou a respeito deles. Assim sendo, não há de que lamentar o tê-los perdido. Mais tarde achará outros, que saberão compreendê-lo melhor. Lastimai os que usam para convosco de um procedimento que não tenhais merecido, pois bem triste se lhes apresentará o reverso da medalha. Não vos aflijais, porém, com isso: será o meio de vos colocardes acima deles.”

A natureza deu ao homem a necessidade de amar e de ser amado. Um dos maiores gozos que lhe são concedidos na Terra é o de encontrar corações que com o seu simpatizem. Nas alegrias que esses encontros proporcionam tem o homem as primícias da felicidade que o aguarda no mundo dos Espíritos perfeitos, onde tudo é amor e benignidade. Desse gozo está excluído o egoísta.

O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.

Disappointment – Shattered Affections

937. Is the disappointment that leads to ingratitude and the fragility of friendship another source of bitterness for the human heart?

“Yes, but we teach you to feel pity for the ungrateful and faithless friends as they are more unhappy than you. Ingratitude comes from selfishness and people who are selfish, eventually, meet hearts as callous as their own. Think of all those who have done more good than you, who are more worthy than you are, and whose kindnesses were paid with ingratitude. Remember that, in his life, Jesus was ridiculed, despised and treated as both a criminal and a fraud; you should not be shocked if you are treated in the same way. The knowledge that you have done good should be your reward in your present life, and do not worry about what people who have benefited from it say. Ingratitude tests your persistence in doing good. It counts in your favor, in the future, and those who have ignored your kindness will be punished. The greater their ingratitude, the more severe the atonement.”

938. Are the disappointments that ingratitude causes meant to harden the heart and turn it callous and insensitive?

“That is wrong, because virtuous people are always happy to do good for others. They know that, if those they have helped do not recognize their kindness in this life, they will in a future one, and they will then feel shame and remorse for their ingratitude.”

a) However, this knowledge does not prevent them from being hurt by ingratitude in this life. Could this pain lead them to think that they would be happier if they were less sensitive?

“Yes, if they prefer selfish happiness. Still, this sort of happiness is very pitiful. People must try to understand that the ungrateful friends who desert them are unworthy of their friendship, and that they are mistaken in their thoughts of them. They should no longer regret the loss of these friends. Other friends, who are better able to understand the motivation behind their acts of good will, will take their place. You should pity those from whom you have received poor treatment, which you did not deserve, because they will receive severe retribution. You should not allow yourselves to be upset by their bad behavior. Your ability to remain unaffected by their ill-treatment places you above them.”

Nature has given human beings the need to love and be loved. One of the greatest joys given to them on Earth is meeting like-minded hearts. This sympathy gives them a taste of the happiness that awaits them in the world of perfect spirits, where love and kindness reign. This type of happiness is denied to the selfish.

The Spirits’ Book.

ELREVIĜOJ. NEDANKEMO. ROMPITAJ KORLIGIĜOJ

937. Ĉu la elreviĝoj, per kiuj nin batas nedankemo kaj la facilrompeco de amikligiloj, ne estas por korsentema homo ankaŭ fonto de ĉagrenoj?

“Jes; sed ni instruas al vi bedaŭri la sendankajn kaj la malfidelajn amikojn: ili estos pli malfeliĉaj ol vi. Nedankemo estas ido de egoismo, kaj egoismo poste trovos korojn sensentajn, kia estis la lia. Ekpensu pri tiuj, kiuj faris pli da bono ol vi, kiuj meritis pli ol vi, kaj kiuj tamen ricevis maldankon kiel pagon. Memoru, ke Jesuo mem estis primokata kaj malŝatata dum sia vivo, traktata kiel frenezulo kaj trompisto, kaj ne miru, ke tio sama okazos al vi. Estu la bono, kiun vi faras, via rekompenco en ĉi tiu mondo, kaj ne atentu, kion diras la homoj, kiuj ricevis vian komplezon. Nedankemo estas provo por via persisto en bonfaro; tio estos kreditita al vi, kaj tiuj, kiuj vin ne dankos, estos punitaj des pli severe, ju pli granda estos ilia sendankeco.”

938. Ĉu la disreviĝoj, kaŭzataj de nedankemo, ne estas donataj por hardi la koron kaj ĝin fermi al sentemo?

“Tio estus eraro; ĉar korsentema homo, kiel vi diras, estas ĉiam feliĉa pro la bono, kiun li faras. Li scias, ke, se tiuj, al kiuj li komplezis, ne memoros tiun servon en ĉi tiu vivo, ili ĝin nepre memoros en alia ekzistado; kaj ke sendankulo hontos pri sia kulpo kaj pro øi sentos konsciencoriproĉojn.”

– Tiu penso ne evitigas vundon al la koro de nobla homo; nu, ĉu tio ne povas naski en li la penson, ke li estus pli feliĉa, se li estus malpli sentema?

“Jes, se li preferas la feliĉon de egoisto; kompatinda feliĉo! Li do sciu, ke la sendankaj amikoj, lin forlasantaj, ne indas lian amikecon, kaj ke li trompiĝis pri ili; de tiam, li ne ĉagreniĝu pri ties perdo. Li poste trovos aliajn, kiuj scios lin pli bone kompreni. Bedaŭru la personojn, kondutantajn malnoble kontraŭ vi, kiel vi ne meritas, ĉar ili ricevos tre amaran repagon; sed tiuj aferoj ne afliktu vin: tio estas rimedo, por loki vin super ilin.”

La Naturo donis al la homo la neceson ami kaj esti amata. Unu el plej grandaj plezuroj, kiuj povas esti konsentataj al li sur la Tero, estas trovi korojn, kiuj simpatias la lian; ĝi tiel havigas al li antaŭĝuon de l’ feliĉo, destinita al li en la mondo de la perfektaj Spiritoj, kie ĉio estas amo kaj bondezireco; tiu estas plezuro, rifuzita al egoisto.

La Libro de la Spiritoj – Allan Kardec.

Preposição Trans kaj Preter, completando o vídeo anterior.

Richard Simonetti - Casamento e Reencarnação - Palestra original

폴모리아 연주곡 / Paul Mauriat Best World Instrumental Hits - Paul Mauriat Grea...

5- Saúde e Consciência - Momentos de Saúde e de Consciência - SEGUNDA PARTE

7- A Plenificação interior - O Homem Integral

Coletânea de Preces Espíritas - Cap 28-5 - O Evangelho Segundo o Espirit...

domingo, 14 de abril de 2024

sábado, 13 de abril de 2024

Rádio novela espírita - Dr Esperanto

Perda dos entes queridos / PÉRDIDA DE LAS PERSOÑAS QUERIDAS / PERDO DE AMATAJ PERSONOJ.

Perda dos entes queridos.

934. A perda dos entes que nos são caros não constitui para nós legítima causa de dor, tanto mais legítima quanto é irreparável e independente da nossa vontade?

“Essa causa de dor atinge assim o rico como o pobre: é uma prova ou uma expiação, e constitui lei para todos. Tendes, porém, uma consolação em poderdes comunicar-vos com os vossos amigos pelos meios que vos estão ao alcance, enquanto não dispondes de outros mais diretos e mais acessíveis aos vossos sentidos.”

935. Que se deve pensar da opinião dos que consideram profanação as comunicações com o além-túmulo?

“Não pode haver nisso profanação, quando haja recolhimento e quando a evocação seja praticada com respeito e conveniência. A prova de que assim é tendes no fato de que os Espíritos que vos consagram afeição acodem com prazer ao vosso chamado. Sentem-se felizes por vos lembrardes deles e por se comunicarem convosco. Haveria profanação se isso fosse feito levianamente.”

A possibilidade de nos pormos em comunicação com os Espíritos é uma dulcíssima consolação, pois que nos proporciona meio de conversarmos com os nossos parentes e amigos que deixaram antes de nós a Terra. Pela evocação, aproximamo-los de nós; vêm colocar-se ao nosso lado, nos ouvem e respondem. Desse modo, cessa, por bem dizer, toda separação entre eles e nós. Auxiliam-nos com seus conselhos, testemunham-nos o afeto que nos guardam e a alegria que experimentam por nos lembrarmos deles. Para nós, grande satisfação é sabê-los ditosos, informar-nos, por seu intermédio, dos pormenores da nova existência a que passaram e adquirir a certeza de que um dia nos iremos a eles juntar.

936. Como é que as dores inconsoláveis dos que sobrevivem se refletem nos Espíritos por quem as sofrem?

“O Espírito é sensível à lembrança e às saudades dos que lhe eram caros na Terra; mas, uma dor incessante e desarrazoada o toca penosamente, porque nessa dor excessiva ele vê falta de fé no futuro e de confiança em Deus e, por conseguinte, um obstáculo ao adiantamento dos que o choram e, talvez, à sua reunião com eles.”

Estando o Espírito mais feliz no Espaço que na Terra, lamentar que ele tenha deixado a vida corpórea é deplorar que seja feliz. Figuremos dois amigos que se achem metidos na mesma prisão. Ambos alcançarão um dia a liberdade, mas um a obtém antes do outro. Seria caridoso que o que continuou preso se entristecesse porque o seu amigo foi libertado primeiro? Não haveria, de sua parte, mais egoísmo do que afeição em querer que do seu cativeiro e do seu sofrer partilhasse o outro por igual tempo? O mesmo se dá com dois seres que se amam na Terra. O que parte primeiro é o que primeiro se liberta e só nos cabe felicitá-lo, aguardando com paciência o momento em que a nosso turno também o seremos.

Façamos ainda, a este propósito, outra comparação. Tendes um amigo que, junto de vós, se encontra em penosíssima situação. Sua saúde ou seus interesses exigem que vá para outro país, onde estará melhor a todos os respeitos. Deixará temporariamente de se achar ao vosso lado, mas com ele vos correspondereis sempre: a separação será apenas material. Desgostar-vos-ia o seu afastamento, embora para o bem dele?

Pelas provas patentes que fornece da vida futura, da presença em torno de nós daqueles a quem amamos, da continuidade da afeição e da solicitude que nos dispensavam; pelas relações que nos faculta manter com eles, a doutrina espírita nos oferece suprema consolação, por ocasião de uma das mais legítimas dores. Com o Espiritismo, não mais solidão, não mais abandono: o homem, por muito insulado que esteja, tem sempre perto de si amigos com quem pode comunicar-se.

Impacientemente suportamos as tribulações da vida. Tão intoleráveis nos parecem, que não compreendemos possamos sofrê-las. Entretanto, se as tivermos suportado corajosamente, se soubermos impor silêncio às nossas murmurações, felicitar-nos-emos, quando fora desta prisão terrena, como o doente que sofre se felicita, quando curado, por se haver submetido a um tratamento doloroso.

O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.

PÉRDIDA DE LAS PERSOÑAS QUERIDAS

934. La pérdida de las personas que nos son queridas, ¿no es una de esas que nos causan un pesar tanto más legítimo en cuanto a esa pérdida es irreparable e independiente de nuestra voluntad?

«Esta causa de pesar alcanza así al rico, como al pobre; es una prueba o una expiación, es la ley común. Pero es un consuelo poder comunicar con vuestros amigos por los medios que tenéis, hasta tanto que tengáis otros más directos y más accesibles a vuestros sentidos».

935. ¿Qué debe pensarse de las personas que miran las comunicaciones de ultratumba como una profanación?

«No puede existir profanación cuando hay recogimiento, y cuando se hace la evocación con respeto y dignamente. Y es prueba de ello que los espíritus que os aprecian vienen con placer; son felices a consecuencia de vuestro recuerdo y hablando con vosotros. Profanación habría, haciéndolo con ligereza».

La posibilidad de establecer comunicación con los espíritus es muy grato consuelo, puesto que nos proporciona el medio de hablar con nuestros parientes y amigos, que han dejado la tierra antes que nosotros. Con la evocación los aproximamos a nosotros; están a nuestro lado, nos oyen y nos responden, y, por decirlo así, concluye la separación entre ellos y nosotros. Nos ayudan con sus consejos, nos demuestran su afecto y el placer que experimentan por nuestro recuerdo. Para nosotros es una satisfacción saber que son felices, saber por ellos mismos los pormenores de su nueva existencia, y adquirir la certeza de que nos reuniremos a ellos.

936. ¿Cómo afectan los dolores inconsolables de los so brevivientes a los espíritus, objeto de ellos?

«El espíritu es sensible al recuerdo y pesares de los que ha amado, pero un dolor incesante e irracional le afecta penosamente; porque ese dolor excesivo va falto de fe en el porvenir y de confianza en Dios, y por consiguiente un obstáculo al adelanto y acaso a la reunión».

Siendo el espíritu más feliz que en la tierra, echarle a menos la vida es sentir que sea feliz. Dos amigos están presos y encerrados en un mismo calabozo; ambos obtendrán un día la libertad, pero el uno la logra primeramente. ¿Seria caritativo que el que permanece encarcelado sintiese que su amigo se viera libre antes que él? ¿No habría de su parte más egoísmo que afecto, queriendo que participe de su cautiverio y sus sufrimientos por tanto tiempo como él? Pues lo mismo sucede con dos seres que se aman en la tierra, el que primero parte es el primero en ser libre, y debemos felicitarle, esperando con paciencia el momento en que también lo seremos.

Pondremos otra comparación sobre el particular. Tenemos un amigo que, a vuestro lado se halla en situación penosa; su salud o su interés exigen que vaya a otro país donde bajo todos aspectos se encontrará mejor. Momentáneamente no estará ya a vuestro lado, pero siempre estaréis en correspondencia con él, la separación no pasará de ser material. ¿Os dolería su alejamiento, puesto que sería para su bien?

La doctrina espiritista, por las pruebas patentes que da de la vida futura de la presencia a nuestro alrededor de aquellos a quienes hemos amado, de la continuidad de su afecto y solicitud, y por las relaciones que con ellos nos hace posibles; nos ofrece un supremo consuelo en una de las más legítimas causas de dolor. Con el espiritismo cesan la soledad y el abandono, y el hombre más aislado tiene siempre amigos a su lado con quienes puede hablar.

Sufrimos con impaciencia las tribulaciones le la vida; nos parecen tan insoportables, que no comprendemos que podamos sobrellevarías; y sin embargo, si las hemos sufrido con valor, si hemos sabido acallar nuestras murmuraciones, nos felicitaremos de ello cuando estemos fuera de esta prisión terrestre, como el paciente que sufre se felicita, después de curado, de haberse resignado a un tratamiento doloroso.

EL LIBRO DE LOS ESPÍRITUS – Allan Kardec.

PERDO DE AMATAJ PERSONOJ

934. Ĉu la perdo de personoj, kiuj estas karaj al ni, ne estas unu el tiuj, kaŭzantaj al ni ĉagrenon des pli pravigeblan, ĉar ĝi estas nekompensebla kaj nedependanta de nia volo?

“Tiu kaŭzo de ĉagreno trafas ne nur riĉulon, sed ankaŭ malriĉulon: ĝi estas provo aŭ kulpelaĉeto, kaj komuna leĝo; sed vi trovas konsolon en tio, ke vi povas komunikiĝi kun viaj amikoj per la vojoj de vi konataj, ĝis estos donitaj al vi aliaj pli senperaj kaj pli percepteblaj por viaj sentumoj.”

935. Kion pensi pri la opinio de homoj, kiuj opinias profanado la transtombajn komunikiĝojn?

“Nenia profanado povas ekzisti, kiam ekzistas pia seriozeco kaj kiam elvoko estas farata kun respekto kaj por utila celo; tion pruvas la fakto, ke la amikaj Spiritoj alvenas plezure; ili ĝojas, ke vi ilin memoras kaj ke ili parolas al vi; profanado ekzistus, se la elvoko estus frivole farata.”

La eblo komunikiĝi kun la Spiritoj estas dolĉega konsolo, ĉar ĝi havigas al ni rimedon, por interparoli kun parencoj kaj amikoj, lasintaj la Teron pli frue ol ni. Per elvoko ni ilin alproksimigas al ni, ili estas ĉe nia flanko, nin aŭdas kaj respondas; jam do ne estas, se tiel diri, muro inter ili kaj ni.

Ili helpas nin per siaj konsiloj, atestas al ni sian amon kaj la ĝojon, kiun ili sentas pro nia memoro pri ili. Estas por ni plezuro scii, ke ili estas feliĉaj, ekkoni de ili mem la detalojn de ilia nova ekzistado, kaj ekhavi la certecon, ke ni iutage estos kun ili.

936. Kiel la senkonsolaj doloroj de l’ postvivantoj tuŝas la Spiritojn, kiujn oni priploras?

“La Spiriton tuŝas la memoro kaj resopiro de tiuj, kiujn li amis, sed senĉesa, malprudenta doloro lin penige impresas, ĉar li vidas en tiu troa doloro nefidon je l’ estonteco kaj je Dio, kaj do baron kontraŭ la progreso kaj eble kontraŭ la kuniĝo.”

Ĉar la Spirito estas pli feliĉa en la spaco ol sur la Tero, bedaŭri, ke li forlasis ĉi tiun vivon, estas kiel bedaŭri lian feliĉon. Du amikoj estas enŝlositaj en sama karcero; ambaŭ estas iam reĝuontaj liberecon, sed unu ĝin ricevas la unua. Ĉu estus laŭ karitate, se tiu, kiu ankoraŭ restas, ĉagreniĝus pro tio, ke lia amiko estas liberigita pli frue ol li? Ĉu en li ne estus pli bone egoismo ol amikeco, ke li volas, ke la amiko dividu plue kun li malliberecon kaj suferojn? Io sama okazas al du homoj, sin reciproke amantaj sur la Tero; kiu la unua foriras, tiu estas jam liberigita; ni devas lin gratuli kaj pacience atendadi, ĝis ankaŭ nia horo sonos.

Ni faros pri ĉi tiu temo alian komparon. Vi havas amikon, kiu, ĉe via flanko, troviĝas en tre peniga situacio; lia sano kaj interesoj postulas, ke li foriru en alian landon, kie estos al li pli bone, laŭ ĉiuj vidpunktoj. Li ĉesos dum kelka tempo esti ĉe vi, sed li estos en konstanta korespondado kun vi; la disiĝo estos nur materia. Ĉu vi bedaŭros lian foriron, se ĝi celas lian propran utilon?

La Spiritisma doktrino, pro la evidentaj pruvoj, kiujn ĝi donas pri la estonta vivo, pri la ĉeesto, ĉe ni, de tiuj, kiujn ni amas, pri la daŭrado de ilia amo kaj prizorgado; pro la rilatoj, kiujn per ĝi ni povas tenadi kun ili, havigas al ni superegan konsolon ĉe unu el plej pravigeblaj kaŭzoj de doloro. Laŭ Spiritismo, ĉesas solerestado kaj forlasiteco; la plej izolita homo ĉiam havas amikojn ĉirkaŭ si, kun kiuj li povas interparoli.

Ni senpacience eltenas la afliktojn de la vivo; ili ŝajnas al ni tiel netolereblaj, ke ni ne komprenas, kiel ni povas ilin elporti; kaj tamen, se ni ilin kuraĝe eltenis, se ni sciis altrudi silenton al niaj plendoj, ni ja nin rigardos feliĉaj, kiam ni estos liberaj de l’ tera karcero, same kiel malsanulo, suferanta, opinios sin feliĉa, kiam denove sana, pro tio, ke li rezignacie submetiĝis al dolora kuracado.

·        Voki difinitajn Spiritojn ne plu estas uzate, kiel en la tempo de Kardec. Nun oni preferas atendi spontaneajn komunikaĵojn de la Spiritoj, kiuj venas ĉu memvole, ĉu kondukataj de siaj gvidantoj. – La Trad.

La Libro de la Spiritoj – Allan Kardec.

"O Esperanto na Mediunidade" - Esperanto I 13.04.2024

Kombinitaj vortetoj – Jen...Jen, Ju pli...Des pli kaj aliaj....

Cérebo, agente ou gerente do espírito - Richard Simonetti (Palestra Esp...

ENYA Collection 💕 ENYA Greatest Hits Full Album Ever 💕 The Very Best Of ...

3- Comportamento e Consciência - Momentos de Saúde e de Consciência -SEG...

6- (B) - Maturidade psicológica - O Homem Integral

Coletânea de Preces Espíritas - Cap 28-3 - O Evangelho Segundo o Espirit...

domingo, 7 de abril de 2024

Mia unua iniciĝo en spiritismon / A minha primeira iniciação no Espiritismo.

Mia unua iniciĝo en spiritismon.

En 1854 mi unuafoje aŭdis pri turniĝantaj tabloj. Unu tagon, mi renkontis S-ron Fortier, la magnetizisto, kiun mi konis de longe; li diris al mi: Ĉu vi scias pri tiu stranga propreco, kiun oni ĵus eltrovis en magnetismo? Ŝajnas, ke oni magnetizas ne nur homojn, sed tablojn, kiujn oni laŭvole turnas kaj irigas. – «Tio estas efektive tre stranga, mi respondis; sed en strikta senco tio ne ŝajnas al mi tute malebla. La magneta fluidaĵo, kiu estas iaspeca elektro, tute bone povas agi sur inertajn korpojn kaj movi ilin.» Raportoj publikigitaj de ĵurnaloj pri eksperimentoj faritaj en Nantes, en Marseille kaj en kelkaj aliaj urboj ne povus lasi dubon pri la realeco de la fenomeno.

Post iom da tempo, mi revidis S-ron Fortier, kaj li diris al mi: «Jen estas io multe pli eksterordinara ; ne nur oni turnas tablon per magnetizado, sed oni paroligas ĝin ; oni demandas kaj ĝi respondas.- Ĉi tio, mi respondis, estas alia afero; mi kredos tion nur, kiam mi ĝin vidos, kaj kiam oni pruvos al mi, ke tablo havas cerbon por pensi, nervojn por senti kaj ke ĝi povas fariĝi somnambulo; ĝis tiam, permesu, ke mi vidu en tio nur fabelon.»

Ĉi tiu rezonado estis logika ; mi konceptis la eblecon de movado fare de mekanika forto, sed nesciante la kaŭzon kaj la leĝon de la fenomeno, ŝajnis al mi absurde atribui inteligentecon al io pure materia. Mi staris en la pozicio de la nuntempaj nekredantoj, kiuj neas ion, ĉar ili vidas fakton, kiun ili ne komprenas. Antaŭ 50 jaroj, se oni nur dirus al iu ajn, ke oni povas transsendi telegrafan depeŝon 500 mejlojn for kaj ricevi la respondon post unu horo, oni ricevus ridegon returne, kaj ne mankus bonegaj sciencaj kaŭzoj por pruvi, ke tio estas materie neebla. Same okazas koncerne ĉiajn spiritajn fenomenojn; al ĉiu homo, kiu ne konas la leĝon, kiu ilin regas, ili ŝajnas supernaturaj, mirindaj kaj sekve neeblaj kaj ridindaj ; kiam oni ekkonas la leĝon, la mirindaĵoj malaperas; la afero jam havas nenion, kio kontraŭas la racion, ĉar oni komprenas ties eblecon.

Mi do staris antaŭ neklarigita fakto, ŝajne kontraŭa al la leĝoj de naturo, kaj kiun mia racio forpuŝis. Mi ankoraŭ ne vidis kaj ne observis ĝin; la eksperimentoj, farataj en la ĉeesto de honorindaj, fidindaj homoj, konfirmis al mi la eblecon de ia rezulto pure materia, sed la ideo pri parolanta tablo tiam ankoraŭ ne eniris al mi en la cerbon.

La sekvintan jaron, nome komence de 1855, mi renkontis S-ron Carlotti, kun kiu mi amikis jam de 25 jaroj. Li babilis kun mi pri tiaj fenomenoj dum ĉirkaŭ unu horo, kun la entuziasmo, kiun li havis fronte al ĉiaj novaj ideoj. S-ro Carlotti estis ardkaraktera, energia korsikano; mi ĉiam aprezis ĉe li la kvalitojn, kiuj distingas grandan, belan animon, sed mi malfidis pri lia ekzaltiĝo. Unue li parolis al mi pri la interveno de Spiritoj, kaj raportis al mi tiom da mirigaj aferoj, ke ili ne nur tute ne konvinkis min, sed eĉ pligrandigis miajn dubojn. Unu tagon vi estos unu el la niaj, li diris al mi. Mi ne diras, ke ne, mi respondis, ni tion vidos poste.

Post tempopaso, ĉirkaŭ la monato majo 1855, mi troviĝis ĉe la somnambulino S-ino Roger, kune kun S-ro Fortier, ŝia magnetizanto; mi renkontis tie S-ron Pâtier kaj S-inon Plainemaison, kiuj parolis al mi pri tiuj fenomenoj samsence kiel S-ro Carlotti, sed per tute alia tono. S-ro Pâtier estis iom aĝa, tre klera, severkaraktera, malvarma kaj trankvila ŝtatoficisto; lia serioza parolmaniero, sen ia entuziasmo, faris al mi vivecan impreson, kaj kiam li proponis al mi ĉeesti eksperimentojn, kiuj okazas ĉe S-ino Plainemaison, Strato Grange-Batelière, n-ro 18, mi tuj akceptis. La rendevuo estis difinita por mardo,20 sed je la 8-a vespere.

Tie, je la unua fojo, mi ĉeestis la fenomenon de la tabloj turniĝantaj, saltantaj kaj kurantaj, kaj en tiaj kondiĉoj, ke ne eblis dubo. Mi vidis tie ankaŭ iujn tre malperfektajn provojn pri mediuma skribo sur ardezo, kun la helpo de korbeto. Miaj ideoj tute ne estis senŝancelaj, sed tie troviĝis fakto, kiu devus havi kaŭzon. Mi duonvidis sub tiaj ŝajnaj frivolaĵoj kaj speco de ludo, kiun oni faris el tiaj fenomenoj, ion seriozan kaj elmontrantan ian novan leĝon, en kiun mi promesis al mi mem enprofundiĝi.

Tuj aperis la okazo observi pli atente, ol mi iam faris ĝis tiam. Ĉe unu el la vesperoj ĉe S-ino Plainemaison, mi ekkonis la familion Baudin, kiu loĝis ĉe strato Rochechouart. S-ro Boudin al mi proponis ĉeesti la semajnajn seancojn, kiuj okazis ĉe li, kaj al kiuj mi de tiam fariĝis tre asidua. Tiuj kunsidoj estis tre multenombre frekventataj ; krom la kutimaj ĉeestantoj, oni senprobleme tien enlasis iun ajn, kiu tion petis. La du mediumoj estis F-inoj Baudin, kiuj skribis sur ardezon kun helpo de korbeto, nomata turbo , priskribita en la Libro de Mediumoj. Tia maniero, kiu postulas la partoprenon de du homoj, forigas ĉian eblecon, ke la ideoj de la mediumo intervenu. Tie mi vidis sinsekvajn komunikojn kaj respondojn faritajn al proponitaj demandoj, foje eĉ al mense faritaj demandoj, kio evidentigis intervenon de fremda inteligento.

La pritraktitaj temoj estis ĝenerale frivolaj ; oni okupiĝadis precipe pri ĉiaj aferoj, kiuj koncernis la materian vivon, la estontecon, unuvorte, pri nenio vere serioza ; scivolemo kaj amuziĝo estis la ĉefa motivo de la ĉeestantoj. La Spirito, kiu manifestiĝis kutime prenis la nomon Zefiro, nomo perfekte kongrua kun lia karaktero kaj kun tiu de la kunsido; tamen, li estis tre bona kaj asertis, ke li estas protektanto de la familio; kvankam li havis ĉiam parolon por ridado, li laŭbezone scipovis doni saĝajn konsilojn kaj oportune konstrui pikantan, spritan epigramon. Ni baldaŭ interkonatiĝis, kaj li ofte donis al mi pruvojn de granda simpatio. Li ne estis tre progresinta Spirito, sed poste, apoge de superaj Spiritoj, li helpis min ĉe miaj unuaj laboroj. Poste li diris, ke li devas reenkarniĝi, kaj mi ne plu aŭdis pri li.

En tiuj kunvenoj mi faris miajn unuajn seriozajn studojn pri spiritismo, malpli ankoraŭ per revelacioj ol per observado. Mi aplikadis al tiu nova scienco, same kiel mi faris ĝis tiam, la eksperimentan metodon; mi neniam baziĝis sur antaŭjuĝaj teorioj ; mi atente observadis, mi komparadis, mi deduktadis konsekvencojn ; de la rezultoj mi penadis atingi la kaŭzojn, per deduktado kaj logika ĉeno de la faktoj, ne akceptante eksplikon kiel validan, se ĝi ne povis solvi ĉiajn malfacilaĵojn de la afero. Tiel mi ĉiam agis en miaj antaŭaj laboroj, ekde la aĝo 25-, 26-jara. Mi plene komprenis la gravecon de la esplorado, kiun mi tiam entreprenis; mi duonvidis en tiaj fenomenoj la ŝlosilon de la tiel obskura, tiel polemika problemo de la pasinteco kaj estonteco de la homaro, la solvon de tio, kion mi serĉadis dum mia tuta vivo; ĝi estis, unuvorte, tuta revolucio en la ideoj kaj en la kredoj ; necesis do agi serioze, ne supraĵe; esti pozitiva, ne idealisma, por eviti la vojon al iluzioj.

Unu el la unuaj rezultoj de miaj observoj estis, ke la Spiritoj estas neniuj aliaj ol la animoj de homoj, kaj do havas nek la superan saĝecon, nek la superan scion ; ke ilia scio estas limigita al la grado de ilia progreso kaj ke ilia opinio havas nur la valoron de persona opinio. Tiu veraĵo, ekkonita de la komenco, min defendis de la grava falilo kredi pri ilia neeraremo, kaj evitigis, ke mi formulu antaŭtempajn teoriojn surbaze de asertoj de unu sola aŭ de kelkaj.

La simpla fakto, ke oni komunikiĝas kun Spiritoj, kion ajn ili dirus, pruvis la ekziston de la nevidebla medio; tio estis jam grava punkto, grandega kampo malfermita al niaj esploroj, ŝlosilo al amaso da neklarigitaj fenomenoj; la dua punkto, ne malpli grava, estis la kono de la stato de tiu mondo, ĝiaj moroj, se tiel oni povas diri ; mi tuj vidis, ke ĉiu Spirito, pro sia persona pozicio kaj siaj konoj, senvualigis al mi unu aspekton, tute same, kiel oni ekkonas la staton de iu lando, pridemandante la loĝantojn de ĉiaj klasoj kaj de ĉiaj kondiĉoj, tiel ke ĉiu povas instrui al ni ion, dum ĉiu, individue, ne povus instrui ĉion; koncernas la observanton formi la tutaĵon helpe de dokumentoj prenitaj de malsamaj flankoj, kolektitaj, kunordigitaj kaj kontrolitaj, unuj rilate la aliajn. Mi do agis kun la Spiritoj kiel mi agis antaŭe kun la homoj; ili estis por mi, de la plej eta ĝis la plej granda, rimedoj por instruiĝo kaj ne antaŭdestinitaj revelaciantoj.

Tiaj estas la sintenoj, kun kiuj mi entreprenis kaj ĉiam aliris miajn spiritismajn studojn; observi, kompari kaj juĝi, jen la konstanta regulo, kiun mi sekvis.

Ĝis tiam la seancoj ĉe S-ro Baudin ne havis ian difinitan celon; tie mi provis obteni la solvon de la problemoj kiuj min interesis, el la vidpunkto de la filozofio, de la psikologio kaj de la naturo de la nevidebla mondo; mi alvenis al ĉiu seanco kun serio da demandoj preparitaj kaj metode aranĝitaj, kiuj estis ĉiam responditaj kun precizeco, profundeco kaj per logika maniero. Ekde tiam la kunsidoj prenis tute alian karakteron; inter la ĉeestantoj troviĝis seriozaj homoj, kiuj akiris vivan intereson pri la afero, kaj se okaze mi forestis ili fariĝis seniniciataj; la banalaj demandoj perdis sian allogon por la pli multaj. Komence mi nur celis mian propran instruiĝon ; poste, kiam mi vidis, ke tio formis tutaĵon kaj prenis proporciojn de ia doktrino, mi ekhavis la penson publikigi ilin por instruiĝo de la mondo. Tiuj estas la samaj demandoj, kiuj sinsekve elvolviĝintaj kaj kompletigitaj, fariĝis la bazo de la Libro de la Spiritoj.

La sekvan jaron, en 1856, mi samtempe frekventis la spiritismajn kunsidojn, kiuj okazis en strato Tiquetone, ĉe S-ro Roustan kaj F-ino Japhet, somnambulino. Tiuj kunsidoj estis seriozaj kaj tenataj en ordo. La komunikoj okazis per F-ino Japhet, mediumino, helpe de korbeto.

Mia laboro estis grandparte finita, kaj prenis la proporciojn de libro, sed mi nepre volis submeti ĝin al la kontrolado de aliaj Spiritoj, helpe de aliaj mediumoj. Mi ekhavis la penson fari ĝin objekto de studoj en la kunsidoj ĉe S-ro Roustan; fine de kelkaj seancoj, la Spiritoj diris, ke ili preferas ĝin revizii en intima medio, kaj ili fiksis por tiu celo iujn tagojn por privata laboro kun F-ino Japhet, por fari ĝin pli trankvile, kaj ankaŭ por eviti maldiskretaĵojn kaj antaŭtempajn komentojn flanke de la publiko. Mi ne kontentiĝis per tiu kontrolado; la Spiritoj tion rekomendis al mi. La cirkonstancoj rilatigis min kun aliaj mediumoj, kaj ĉiufoje kiam prezentiĝis okazo, mi ĝin profitis por proponi kelkajn demandojn, kiuj ŝajnis al mi dornaj. Tiel, pli ol dek mediumoj proponis al mi sian helpon por tiu laboro. De komparado kaj kunligado de ĉiuj respondoj kunordigitaj, klasigitaj kaj multfoje rearanĝitaj en la silento de meditado, mi formis la unuan eldonon de la Libro de la Spiritoj, kiu aperis je la 18-a de aprilo 1857.

Ĉirkaŭ la fino de tiu sama jaro, ambaŭ fraŭlinoj Baudin edziniĝis; la kunsidoj ĉesis kaj la familio disiĝis. Sed tiam miaj rilatoj komencis plivastiĝi, kaj la Spiritoj multobligis al mi la instrurimedojn, por miaj postaj laboroj.

         *La dato ne estis skribita en la manuskripto.

         *Ekstraktoj, in extenso, el la libro de Antaŭvidoj koncernantaj Spiritismon.

          Postmortaj Verkoj – Allan Kardec.

A minha primeira iniciação no Espiritismo

Foi em 1854 que pela primeira vez ouvi falar das mesas girantes. Encontrei um dia o magnetizador, Sr. Fortier, a quem eu conhecia desde muito tempo e que me disse: “Já sabe da singular propriedade que se acaba de descobrir no Magnetismo? Parece que já não são somente as pessoas que se podem magnetizar, mas também as mesas, conseguindo-se que elas girem e caminhem à vontade.” “É, com efeito, muito singular” — respondi —; “mas, a rigor, isso não me parece radicalmente impossível. O fluido magnético, que é uma espécie de eletricidade, pode perfeitamente atuar sobre os corpos inertes e fazer que eles se movam.” Os relatos, que os jornais publicaram, de experiências feitas em Nantes, em Marselha e em algumas outras cidades, não permitiam dúvidas acerca da realidade do fenômeno.

Algum tempo depois, encontrei-me novamente com o Sr. Fortier, que me disse: “Temos uma coisa muito mais extraordinária; não só se consegue que uma mesa se mova, magnetizando-a, como também que fale. Interrogada, ela responde.” “Isto agora” — repliquei-lhe —, “é outra questão. Só acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que possa tornar-se sonâmbula. Até lá, permita que eu não veja no caso mais do que um conto para fazer-nos dormir em pé”.

Era lógico este raciocínio: eu concebia o movimento por efeito de uma força mecânica, mas, ignorando a causa e a lei do fenômeno, afigurava-se-me absurdo atribuir-se inteligência a uma coisa puramente material. Achava-me na posição dos incrédulos atuais, que negam porque apenas veem um fato que não compreendem. Há 50 anos, se a alguém dissessem, pura e simplesmente, que se podia transmitir um despacho telegráfico a 500 léguas e receber a resposta dentro de uma hora, esse alguém se riria e não teriam faltado excelentes razões científicas para provar que semelhante coisa era materialmente impossível. Hoje, quando já se conhece a lei da eletricidade, isso a ninguém espanta, nem sequer ao camponês. O mesmo se dá com todos os fenômenos espíritas. Para quem quer que não conheça a lei que os rege, eles parecem sobrenaturais, maravilhosos e, por conseguinte, impossíveis e ridículos. Uma vez conhecida a lei, desaparece a maravilha, o fato deixa de ter o que repugne à razão, porque se prende à possibilidade de ele produzir-se.

Eu estava, pois, diante de um fato inexplicado, aparentemente contrário às Leis da Natureza e que a minha razão repelia. Ainda nada vira, nem observara; as experiências, realizadas em presença de pessoas honradas e dignas de fé, confirmavam a minha opinião, quanto à possibilidade do efeito puramente material; a ideia, porém, de uma mesa falante ainda não me entrara na mente.

No ano seguinte, estávamos em começo de 1855, encontrei-me com o Sr. Carlotti, amigo de 25 anos, que me falou daqueles fenômenos durante cerca de uma hora, com o entusiasmo que consagrava a todas as ideias novas. Ele era corso, de temperamento ardoroso e enérgico, e eu sempre lhe apreciara as qualidades que distinguem uma grande e bela alma, porém desconfiava da sua exaltação. Foi o primeiro que me falou na intervenção dos Espíritos e me contou tantas coisas surpreendentes que, longe de me convencer, me aumentou as dúvidas. “Um dia, o senhor será dos nossos”, concluiu. “Não direi que não”, respondi-lhe; “veremos isso mais tarde.”

Passado algum tempo, pelo mês de maio de 1855, fui à casa da sonâmbula Sra. Roger, em companhia do Sr. Fortier, seu magnetizador. Lá encontrei o Sr. Pâtier e a Sra. Plainemaison, que daqueles fenômenos me falaram no mesmo sentido em que o Sr. Carlotti se pronunciara, mas em tom muito diverso. O Sr. Pâtier era funcionário público, já de certa idade, muito instruído, de caráter grave, frio e calmo; sua linguagem pausada, isenta de todo entusiasmo, produziu em mim viva impressão e, quando me convidou a assistir às experiências que se realizavam em casa da Sra. Plainemaison, à Rua Grange-Batelière, 18, aceitei imediatamente. A reunião foi marcada para terça-feira18 de maio às oito horas da noite.

Foi aí que, pela primeira vez, presenciei o fenômeno das mesas que giravam, saltavam e corriam em condições tais que não deixavam lugar para qualquer dúvida. Assisti então a alguns ensaios, muito imperfeitos, de escrita mediúnica numa ardósia, com o auxílio de uma cesta. Minhas ideias estavam longe de precisar-se, mas havia ali um fato que necessariamente decorria de uma causa. Eu entrevia, naquelas aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenômenos, qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim estudar a fundo.

Bem depressa, ocasião se me ofereceu de observar mais atentamente os fatos, como ainda o não fizera. Numa das reuniões da Sra. Plainemaison, travei conhecimento com a família Baudin, que residia então à Rua Rochechouart. O Sr. Baudin me convidou para assistir às sessões hebdomadárias que se realizavam em sua casa e às quais me tornei desde logo muito assíduo.

Eram bastante numerosas essas reuniões; além dos frequentadores habituais, admitiam-se todos os que solicitavam permissão para assistir a elas. Os médiuns eram as duas senhoritas Baudin, que escreviam numa ardósia com o auxílio de uma cesta, chamada carrapeta e que se encontra descrita em O livro dos médiuns. Esse processo, que exige o concurso de duas pessoas, exclui toda possibilidade de intromissão das ideias do médium. Aí, tive ensejo de ver comunicações contínuas e respostas a perguntas formuladas, algumas vezes, até, perguntas mentais, que acusavam, de modo evidente, a intervenção de uma inteligência estranha.

Eram geralmente frívolos os assuntos tratados. Os assistentes se ocupavam, principalmente, de coisas respeitantes à vida material, ao futuro, numa palavra, de coisas que nada tinham de realmente sério; a curiosidade e o divertimento eram os móveis capitais de todos. Dava o nome de Zéfiro o Espírito que costumava manifestar-se, nome perfeitamente acorde com o seu caráter e com o da reunião. Entretanto, era muito bom e se dissera protetor da família. Se com frequência fazia rir, também sabia, quando preciso, dar ponderados conselhos e manejar, se ensejo se apresentava, o epigrama, espirituoso e mordaz. Relacionamo-nos de pronto e ele me ofereceu constantes provas de grande simpatia. Não era um Espírito muito adiantado, porém, mais tarde, assistido por Espíritos Superiores, me auxiliou nos meus trabalhos. Depois, disse que tinha de reencarnar e dele não mais ouvi falar.

Foi nessas reuniões que comecei os meus estudos sérios de Espiritismo, menos, ainda, por meio de revelações do que de observações. Apliquei a essa nova ciência, como o fizera até então, o método experimental; nunca elaborei teorias preconcebidas; observava cuidadosamente, comparava, deduzia consequências; dos efeitos procurava remontar às causas, por dedução e pelo encadeamento lógico dos fatos, não admitindo por válida uma explicação, senão quando resolvia todas as dificuldades da questão. Foi assim que procedi sempre em meus trabalhos anteriores, desde a idade de 15 a 16 anos. Compreendi, antes de tudo, a gravidade da exploração que ia empreender; percebi, naqueles fenômenos, a chave do problema tão obscuro e tão controvertido do passado e do futuro da Humanidade, a solução que eu procurara em toda a minha vida. Era, em suma, toda uma revolução nas ideias e nas crenças; fazia-se mister, portanto, andar com a maior circunspeção, e não levianamente; ser positivista, e não idealista, para não me deixar iludir.

Um dos primeiros resultados que colhi das minhas observações foi que os Espíritos, nada mais sendo do que as almas dos homens, não possuíam nem a plena sabedoria, nem a ciência integral; que o saber de que dispunham se circunscrevia ao grau, que haviam alcançado, de adiantamento, e que a opinião deles só tinha o valor de uma opinião pessoal. Reconhecida desde o princípio, esta verdade me preservou do grave escolho de crer na infalibilidade dos Espíritos e me impediu de formular teorias prematuras, tendo por base o que fora dito por um ou alguns deles.

O simples fato da comunicação com os Espíritos, dissessem eles o que dissessem, provava a existência do Mundo Invisível ambiente. Já era um ponto essencial, um imenso campo aberto às nossas explorações, a chave de inúmeros fenômenos até então inexplicados. O segundo ponto, não menos importante, era que aquela comunicação permitia se conhecessem o estado desse mundo, seus costumes, se assim nos podemos exprimir. Vi logo que cada Espírito, em virtude da sua posição pessoal e de seus conhecimentos, me desvendava uma face daquele mundo, do mesmo modo que se chega a conhecer o estado de um país, interrogando habitantes seus de todas as classes, não podendo um só, individualmente, informar-nos de tudo. Compete ao observador formar o conjunto, por meio dos documentos colhidos de diferentes lados, colecionados, coordenados e comparados uns com outros. Conduzi-me, pois, com os Espíritos, como houvera feito com homens. Para mim, eles foram, do menor ao maior, meios de me informar, e não reveladores predestinados.

Tais as disposições com que empreendi meus estudos e neles prossegui sempre. Observar, comparar e julgar, essa a regra que constantemente segui.

Até ali, as sessões em casa do Sr. Baudin nenhum fim determinado tinham tido. Tentei lá obter a resolução dos problemas que me interessavam, do ponto de vista da Filosofia, da Psicologia e da natureza do Mundo Invisível. Levava para cada sessão uma série de questões preparadas e metodicamente dispostas. Eram sempre respondidas com precisão, profundeza e lógica. A partir de então, as sessões assumiram caráter muito diverso. Entre os assistentes contavam-se pessoas sérias, que tomaram por elas vivo interesse e, se me acontecia faltar, ficavam sem saberem o que fazer. As perguntas fúteis haviam perdido, para a maioria, todo atrativo. Eu, a princípio, cuidara apenas de instruir-me; mais tarde, quando vi que aquilo constituía um todo e ganhava as proporções de uma doutrina, tive a ideia de publicar os ensinos recebidos, para instrução de toda a gente. Foram aquelas mesmas questões que, sucessivamente desenvolvidas e completadas, constituíram a base de O livro dos espíritos.

No ano seguinte, em 1856, frequentei ao mesmo tempo as reuniões espíritas que se celebravam à Rua Tiquetone, em casa do Sr. Roustan e Srta. Japhet, sonâmbula. Eram sérias essas reuniões e se realizavam com ordem. As comunicações eram transmitidas por intermédio da Srta. Japhet, médium, com auxílio da cesta de bico.

Estava concluído, em grande parte, o meu trabalho e tinha as proporções de um livro. Eu, porém, fazia questão de submetê-lo ao exame de outros Espíritos, com o auxílio de diferentes médiuns. Lembrei-me de fazer dele objeto de estudo nas reuniões do Sr. Roustan. Ao cabo de algumas sessões, disseram os Espíritos que preferiam revê-lo na intimidade e marcaram para tal efeito certos dias nos quais eu trabalharia em particular com a Srta. Japhet, a fim de fazê-lo com mais calma e também de evitar as indiscrições e os comentários prematuros do público.

Não me contentei, entretanto, com essa verificação; os Espíritos assim mo haviam recomendado. Tendo-me as circunstâncias posto em relação com outros médiuns, sempre que se apresentava ocasião, eu a aproveitava para propor algumas das questões que me pareciam mais espinhosas. Foi assim que mais de dez médiuns prestaram concurso a esse trabalho. Da comparação e da fusão de todas as respostas, coordenadas, classificadas e muitas vezes retocadas no silêncio da meditação, foi que elaborei a primeira edição de O livro dos espíritos, entregue à publicidade em 18 de abril de 1857.

Pelos fins desse mesmo ano, às duas Srtas. Baudin se casaram; as reuniões cessaram e a família se dispersou. Mas, então, já as minhas relações começavam a dilatar-se e os Espíritos me multiplicaram os meios de instrução, tendo em vista meus ulteriores trabalhos.

* N.E.: A data ficou em branco no manuscrito.

*Extratos, in extenso, do livro das Previsões concernentes ao espiritismo.

Obras Póstumas – Allan Kardec.

La rozoj silentas (As rosas não falam en Esperanto)

JULIO IGLESIAS TODOS SUS 30 GRANDES EXITOS INMORTALES - LAS MEJORES CANC...

"Prática do Bem: Objetivo Único da Vida" - Richard Simonetti - 13/11/2016

2- Conhecimento e Consciência - Momentos de Saúde e de Consciência

6- (A) -Maturidade Psicológica - Homem Integral

Coletânea de Preces Espíritas - Cap 28-2 - O Evangelho Segundo o Espirit...

sábado, 6 de abril de 2024

"O porquê de ensinar Esperanto para os espíritas" - Esperanto I 06.04.2024

Felicidade e infelicidade relativas / Relative happiness and unhappiness.

Felicidade e infelicidade relativas.

920. Pode o homem gozar de completa felicidade na Terra?

“Não, pois a vida lhe foi dada como prova ou expiação. Dele, porém, depende a suavização de seus males e o ser tão feliz quanto possível na Terra.”

921. Concebe-se que o homem será feliz na Terra, quando a humanidade estiver transformada. Mas, enquanto isso não se verifica, poderá conseguir uma felicidade relativa?

“O homem é quase sempre o obreiro da sua própria infelicidade. Pela prática da lei de Deus, a muitos males pode forrar-se, proporcionando a si mesmo felicidade tão grande quanto o comporte a sua existência grosseira.”

Aquele que se acha bem compenetrado de seu destino futuro não vê na vida corporal mais do que uma estação temporária, uma como parada momentânea numa hospedaria de má qualidade. Facilmente se consola de alguns aborrecimentos passageiros de uma viagem que o levará a tanto melhor posição, quanto melhor tenha cuidado dos preparativos para empreendê-la.

Já nesta vida somos punidos pelas infrações, que cometemos, das leis que regem a existência corpórea, sofrendo os males consequentes dessas mesmas infrações e dos nossos próprios excessos. Se, gradativamente, remontarmos à origem do que chamamos as nossas desgraças terrenas, veremos que, na maioria dos casos, elas são a consequência de um primeiro afastamento nosso do caminho reto. Desviando-nos deste, enveredamos por outro, mau, e, de consequência em consequência, caímos na desgraça.

922. A felicidade terrestre é relativa à posição de cada um. O que basta para a felicidade de um, constitui a desgraça de outro. Haverá, contudo, algum critério de felicidade comum a todos os homens?

“Com relação à vida material, é a posse do necessário. Com relação à vida moral, a consciência tranquila e a fé no futuro.”

923. O que para um é supérfluo não representará, para outro, o necessário, e reciprocamente, de acordo com as posições respectivas?

“Sim, segundo as vossas ideias materiais, os vossos preconceitos, a vossa ambição e as vossas ridículas extravagâncias, a que o futuro fará justiça, quando compreenderdes a verdade. Não há dúvida de que aquele que tinha cinquenta mil libras de renda, vendo-se reduzido a só ter dez mil, se considera muito desgraçado, por não mais poder fazer a mesma figura, conservar o que chama a sua posição, ter cavalos, lacaios, satisfazer a todas as paixões, etc. Acredita que lhe falta o necessário. Mas, francamente, achas que seja digno de lástima, quando ao seu lado muitos há morrendo de fome e frio, sem um abrigo onde repousem a cabeça? O homem sábio, a fim de ser feliz, olha sempre para baixo e não para cima, a não ser para elevar sua alma ao infinito.” (715.)

924. Há males que independem da maneira de proceder do homem e que atingem mesmo os mais justos. Nenhum meio terá ele de os evitar?

“Deve resignar-se e sofrê-los sem murmurar, se quer progredir. Sempre, porém, lhe é dado haurir consolação na própria consciência, que lhe proporciona a esperança de melhor futuro, se fizer o que é preciso para obtê-lo.”

925. Por que favorece Deus com os dons da riqueza a certos homens que não parecem tê-los merecido?

“Isso significa um favor aos olhos dos que apenas veem o presente. Mas, fica sabendo, a riqueza é frequentemente prova mais perigosa do que a miséria.” (814 e seguintes.)

926. Criando novas necessidades, a civilização não constitui uma fonte de novas aflições?

“Os males deste mundo estão na razão das necessidades fictícias que vos criais. A muitos desenganos se poupa nesta vida aquele que sabe restringir seus desejos e olha sem inveja para o que esteja acima de si. O que menos necessidades tem, esse o mais rico.

“Invejais os gozos dos que vos parecem os felizes do mundo. Sabeis, porventura, o que lhes está reservado? Se os seus gozos são todos pessoais, pertencem eles ao número dos egoístas: o reverso então virá. Deveis, de preferência, lastimá-los. Deus algumas vezes permite que o mau prospere, mas a sua felicidade não é de causar inveja, porque com lágrimas amargas a pagará. Quando um justo é infeliz, isso representa uma prova que lhe será levada em conta, se a suportar com coragem. Lembrai-vos destas palavras de Jesus: Bem-aventurados os que sofrem, pois que serão consolados.”

927. Não há dúvida que, à felicidade, o supérfluo não é indispensável, porém o mesmo não se dá com o necessário. Ora, não será real a infelicidade daqueles a quem falta o necessário?

“Verdadeiramente infeliz o homem só o é quando sofre a falta do necessário à vida e à saúde do corpo. Todavia, pode acontecer que essa privação seja de sua culpa, caso em que só tem que se queixar de si mesmo. Se for ocasionada por outrem, a responsabilidade recairá sobre aquele que lhe houver dado causa.”

928. Evidentemente, por meio da especialidade das aptidões naturais, Deus indica a nossa vocação neste mundo. Muitos dos nossos males não advirão de não seguirmos essa vocação?

“Assim é, de fato, e muitas vezes são os pais que, por orgulho ou avareza, desviam seus filhos da senda que a natureza lhes traçou, comprometendo-lhes a felicidade, por efeito desse desvio. Responderão por ele.”

a) — Acharíeis então justo que o filho de um homem altamente colocado na sociedade fabricasse tamancos, por exemplo, se para isso tivesse aptidão?

“Cumpre não cair no absurdo, nem exagerar coisa alguma: a civilização tem suas exigências. Por que haveria de fabricar tamancos o filho de um homem altamente colocado, como dizes, se pode fazer outra coisa? Poderá sempre tornar-se útil na medida de suas faculdades, desde que não as aplique às avessas. Assim, por exemplo, em vez de mau advogado, talvez desse bom mecânico, etc.”

No afastarem-se os homens da sua esfera intelectual reside indubitavelmente uma das mais frequentes causas de decepção. A inaptidão para a carreira abraçada constitui fonte inesgotável de reveses. Depois, o amor-próprio, sobrevindo a tudo isso, impede que o que fracassou recorra a uma profissão mais humilde e lhe mostra o suicídio como remédio para escapar ao que se lhe afigura humilhação. Se uma educação moral o houvesse colocado acima dos tolos preconceitos do orgulho, jamais se teria deixado apanhar desprevenido.

929. Pessoas há que, baldas de todos os recursos, embora no seu derredor reine a abundância, só têm diante de si a perspectiva da morte. Que partido devem tomar? Devem deixar-se morrer de fome?

“Nunca ninguém deve ter a ideia de deixar-se morrer de fome. O homem acharia sempre meio de se alimentar, se o orgulho não se colocasse entre a necessidade e o trabalho. Costuma-se dizer: “Não há ofício desprezível; não é a posição que desonra o homem.” Isso, porém, cada um diz para os outros e não para si.”

930. É evidente que, se não fossem os preconceitos sociais, pelos quais se deixa o homem dominar, ele sempre acharia um trabalho qualquer, que lhe proporcionasse meio de viver, embora deslocando-se da sua posição. Mas, entre os que não têm preconceitos ou os põem de lado, não há pessoas que se veem na impossibilidade de prover às suas necessidades, em consequência de moléstias ou outras causas independentes da vontade delas?

“Numa sociedade organizada segundo a lei do Cristo ninguém deve morrer de fome.”

Com uma organização social criteriosa e previdente, ao homem só por culpa sua pode faltar o necessário. Porém, suas próprias faltas são frequentemente resultado do meio onde se acha colocado. Quando praticar a lei de Deus, terá uma ordem social fundada na justiça e na solidariedade, e ele próprio também será melhor. (793.)

931. Por que são mais numerosas, na sociedade, as classes sofredoras do que as felizes?

“Nenhuma é perfeitamente feliz, e o que julgais ser a felicidade muitas vezes oculta pungentes aflições. O sofrimento está por toda parte. Entretanto, para responder ao teu pensamento, direi que as classes a que chamas sofredoras são mais numerosas por ser a Terra lugar de expiação. Quando a houver transformado em morada do bem e de Espíritos bons, o homem deixará de ser infeliz aí, e ela lhe será o paraíso terrestre.”

932. Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons?

“Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão.”

933. Assim como, muitas vezes, é o homem o causador de seus sofrimentos materiais, também o será de seus sofrimentos morais?

“Mais ainda, porque os sofrimentos materiais algumas vezes independem da vontade; mas o orgulho ferido, a ambição frustrada, a ansiedade da avareza, a inveja, o ciúme, todas as paixões, numa palavra, são torturas da alma.

"A inveja e o ciúme! Felizes os que desconhecem estes dois vermes roedores! Para aquele que a inveja e o ciúme atacam, não há calma, nem repouso possíveis. À sua frente, como fantasmas que lhe não dão tréguas e o perseguem até durante o sono, se levantam os objetos de sua cobiça, do seu ódio, do seu despeito. O invejoso e o ciumento vivem ardendo em contínua febre. Será essa uma situação desejável? Não compreendeis que, com as suas paixões, o homem cria para si mesmo suplícios voluntários, tornando-se-lhe a Terra verdadeiro inferno?”

Muitas expressões pintam energicamente o efeito de certas paixões. Diz-se: “inchado de orgulho”, “morrer de inveja”, “secar de ciúme” ou “de despeito”, “não comer nem beber de ciúmes”, etc. Esse quadro é sumamente real. Acontece até não ter a inveja objeto determinado. Há pessoas invejosas, por natureza, de tudo o que se eleva, de tudo o que sai da craveira vulgar, embora nenhum interesse direto tenham, mas unicamente porque não podem conseguir outro tanto. Ofusca-as tudo o que lhes parece estar acima do horizonte e, se constituíssem maioria na sociedade, trabalhariam para reduzir tudo ao nível em que se acham. É a inveja aliada à mediocridade.

Frequentemente o homem só é infeliz pela importância que liga às coisas deste mundo. Fazem-lhe a infelicidade a vaidade, a ambição e a cobiça desiludidas. Se se colocar fora do círculo acanhado da vida material, se elevar seus pensamentos para o infinito, que é seu destino, mesquinhas e pueris lhe parecerão as vicissitudes da humanidade, como o são as tristezas da criança que se aflige pela perda de um brinquedo que fazia a sua felicidade suprema.

Aquele que só vê felicidade na satisfação do orgulho e dos apetites grosseiros é infeliz, quando não os pode satisfazer, ao passo que aquele que nada pede ao supérfluo é feliz com aquilo que outros consideram calamidades.

Referimo-nos ao homem civilizado, porquanto o selvagem, sendo mais limitadas as suas necessidades, não tem os mesmos motivos de cobiça e de angústias: diversa é a sua maneira de ver as coisas. Como civilizado, o homem raciocina sobre a sua infelicidade e a analisa. Por isso é que esta o afeta mais. Mas também lhe é facultado analisar e raciocinar sobre os meios de obter consolação. Essa consolação ele a encontra no sentimento cristão, que lhe dá a esperança de melhor futuro, e no Espiritismo, que lhe dá a certeza desse futuro.

O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.

Relative happiness and unhappiness.

920. Can human beings enjoy perfect happiness on Earth?

“No, because corporeal life has been appointed to them either as a trial or as an atonement. People must reduce their misfortunes themselves, and make their lives as happy as possible while on Earth.”

921. We understand that human beings will be happy on Earth when the human race has been transformed. Meanwhile, can people ensure a moderate amount of happiness for themselves?

“Human beings are often the architects of their own unhappiness. If they obey God’s laws, they spare themselves much sorrow and also secure all the happiness corresponding with the human condition.”

People who are positive about their future destinies view their physical life as a temporary station. It is for them a momentary stopover at a awful hotel. They easily find solace for the fleeting frustrations of their journey in the fact that it is bringing them to a new, and happier position, which will be all the more favorable in proportion to the preparations they have made. In this life, we are punished for violating the laws of corporeal existence via the suffering that is a consequence of these violations and by the suffering that results from our own excesses. When we trace human troubles back to their origin, we find that the overwhelming majority are the result of an initial deviation from the right path. This deviation forces us to enter a wrong path, and each subsequent step brings us more deeply into misfortune.

922. Earthly happiness is relative to each person’s position, so that what suffices for the happiness of one can be the cause of misfortune for another. Is there a common standard of happiness for everyone?

“With regard to material life, it is the possession of what is necessary for survival. With regard to moral life, it is the possession of a good conscience and the belief in a future life.”

923. Is it true that a luxury for one becomes a necessity for another and vice versa, depending on circumstantial differences?

“Yes, according to your material ideas, prejudices, ambition and all the absurd notions that you gradually shed as you come to understand the truth of things. Obviously, people who once earned an income of 50,000 consider themselves very unfortunate when that income is reduced to 10,000. In this case, they perceive themselves to be less impressive to others since they can no longer maintain their status, keeping good horses, employees, and gratify all their tastes and passions. For them, these deprivations represent a lack of the very necessities of life. However, should we pity them while so many others are dying of cold and starvation, and do not even have a warm place to sleep at night? Those who are wise compare themselves to what is below them, never to what is above, unless it is to raise their soul to the Infinite.” (See no. 715.)

924. Misfortune can strike anyone regardless of behavior, even for the most upright. Is there a way of protecting ourselves from misfortune?

“Such misfortune must be borne with resignation and without defiance in order to progress. However, you may always find solace in the hope of a happier future, provided you do what is needed to reach it.”

925. Why does God so often bestow the gifts of fortune on people who do not appear to deserve it?

“Wealth appears to be a favor to people who only see the present, but you must remember that fortune is often a more dangerous trial than poverty.” (See no. 814 et seq.)

926. Does civilization, by creating new wants, become the source of new afflictions?

“The problems of your world are proportional to the artificial wants that you create for yourselves. People who are able to set limits on their desires and see what is above them without feeling envy, spare themselves many disappointments. The richest person is the one with the fewest needs."

“You envy the pleasures of those who appear to be favored by fortune, but do you know what is in store for many of them? If they use their wealth only for themselves, they are selfish and a terrible misfortune awaits them. Instead of feeling envy, you should feel pity for them. God sometimes allows the wicked to prosper, but you should not envy their prosperity because they will pay for it with bitter tears. When a righteous person experiences the trials of misfortune, they reap rich rewards if they bear them with courage. Remember Jesus’ words, ‘Blessed are those who mourn, for they shall be comforted.’”

927. The superfluous is certainly not indispensable to happiness, but this is not true with regard to the necessities of life. So isn’t the misfortune of those who are deprived of them real?

“A person is truly unfortunate only when deprived of what is necessary for survival and physical health. If this deprivation is the result of their own behavior, they have only themselves to blame. If it is the fault of others, serious accountability lies with those who have caused it.”

928. By our natural aptitudes, God shows each of us our special vocation in this world. Are many of the problems of life attributable to a failure to follow that vocation?

“That is true. Parents, through pride or greed, often force their children to deviate from the path set for them by nature, but they will be held responsible for the results of this misdirection.”

a) Do you approve of the son of a well-regarded individual becoming a shoemaker for instance, if he was endowed with a natural talent for it?

“You must not waste time on absurd suggestions and exaggerations. Civilization has its necessities. Why would the son of a man holding a high position become a shoemaker, if he were able to do something more important? Such an individual must always make himself useful, according to his faculties, without contradicting common sense. For instance, if he does not have the aptitude to be a good lawyer, he might be a good engineer, mechanic, or any other profession.”

Assuming a position outside one’s intellectual scope is one of the most frequent causes of failure and disappointment. Lack of aptitude for the career one has set out to follow is a never-ending source of disappointment. Often pride prevents people, who fail in one career, to seek a humbler vocation. They are frequently tempted to commit suicide in order to escape what they view as humiliation. If a sound moral education elevates them above the stupid prejudices of pride, they are never at a loss to earn a living.

929. There are individuals destitute of all resources who, despite the abundance all around them do not see any other option for their problem except death. What course should they take under such circumstances? Should they allow themselves to die of hunger?

“No one should ever seriously contemplate the idea of dying of hunger. A person can always find the means of obtaining food if pride does not insert itself between want and work. It has often been said that ‘No work is dishonorable if honestly done,’ but this is one of those sayings that people are quick to preach their neighbors rather than applying to themselves.”

930. It is clear that, were it not for the social prejudices that we allow to sway us, a person is always able to find some sort of work to earn a living, even if in a humbler life and position. Among people who have no such prejudices and those who can set them aside, there are some who are truly unable to provide for their needs, due to illness or other circumstances beyond their control.

“In a society organized according to Christ’s laws, no one would ever die of hunger.”

In a wise and considerate society, no one lacks the necessities of life unless it is by their own fault. A person’s faults are often the result of the circumstances in which they find themselves. When people advance enough to exercise God’s laws, they are not only better intrinsically as individuals, but they also organize their social relations based on justice and charity. (See no. 793.)

931. Why is it that there are many more people who suffer rather than prosper in our society?

“None of you are perfectly happy, and what the world considers prosperity often hides the most agonizing sorrows. Suffering is everywhere. However, to answer the thought that prompted your question, the classes you call suffering are more numerous because Earth is a place of atonement. When human beings make Earth a sanctuary for goodness and good spirits, unhappiness will no longer exist. It will then be a paradise for all its inhabitants.”

932. Why do the wicked in this world so often have power over the good?

“This is a direct consequence of the weakness of the good. The wicked are captivating and bold, while the good are often timid. Whenever the good are determined to take over, they will prevail.”

933. People are often the architects of their own physical suffering. Are they the architects of their moral suffering as well? “Even more so, because material suffering is sometimes independent of their will. However, wounded pride, disappointed ambition, the anxieties of greed, envy, jealousy, and all the passions are the torments of the soul.”

“Envy and jealousy! Blessed are those who do not know these two gnawing worms! Where envy and jealousy exist, there can be no calm or tranquility. These passions torment anyone who is a slave to them, even in their sleep. The envious and jealous are always agitated. Is such a state desirable? Do you not understand that you create the most terrible tortures with such passions, and that Earth then truly becomes a hell for you?”

Many expressions paint vivid pictures of the effects of different passions. We say, “Bursting with pride,” “dying of envy,” “consumed by jealousy,” and so on; expressions that are very true. Sometimes even jealousy has no fixed object. There are individuals who are naturally jealous of anyone who rises, everything that is out of the ordinary, even when their own interests are in no way concerned, simply because they are not able to achieve a similar success. Everything that seems to be above the common horizon offends them, and if they formed the majority of society if possible they would want to bring everyone down to their level. It is jealousy attached to mediocrity.

Much of the unhappiness people feel is the result of the undue importance they attach to the things of this world. Vanity, ambition and greed make up a huge part of their misfortunes. If people place their goals beyond the narrow circle of physical life, raising their thoughts towards an infinite that is their destiny, then the difficulties of human life seem petty and foolish, like a broken toy over which a child weeps inconsolably.

Those who find their happiness only in the satisfaction of pride and gross material passions are unhappy when they cannot satisfy them. However, those who ask for no luxuries are happy under circumstances other people perceive as dire.

We are talking about civilized people, because savages do not have the same inclinations to envy and anxiety since they have fewer wants. Their way of looking at things is altogether different. In the civilized state, people analyze unhappiness, and are affected by them even more painfully. However, they may also analyze the means of consolation within their grasp. Christianity provides solace by giving them hope of a better future, and by Spiritism, that provides the certainty of that future.

The Spirits’ Book – Allan Kardec.