domingo, 14 de janeiro de 2024

Fatalidade / Fatalism.

Fatalidade.

851. Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre-arbítrio?

“A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em que vem a achar-se colocado. Falo das provas físicas, pois, pelo que toca às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou de resistir. Ao vê-lo fraquejar, um Espírito bom pode vir-lhe em auxílio, mas não pode influir sobre ele de maneira a dominar-lhe a vontade. Um Espírito mau, isto é, inferior, mostrando-lhe, exagerando aos seus olhos um perigo físico, o poderá abalar e amedrontar. Nem por isso, entretanto, a vontade do Espírito encarnado deixa de se conservar livre de quaisquer peias.”

852. Há pessoas que parecem perseguidas por uma fatalidade, independente da maneira por que procedem. Não lhes estará no destino o infortúnio?

“São, talvez, provas que lhes caiba sofrer e que elas escolheram. Porém, ainda aqui lançais à conta do destino o que as mais das vezes é apenas consequência de vossas próprias faltas. Trata de ter pura a consciência em meio dos males que te afligem e já bastante consolado te sentirás.”

As ideias exatas ou falsas que fazemos das coisas nos levam a ser bem ou mal sucedidos, de acordo com o nosso caráter e a nossa posição social. Achamos mais simples e menos humilhante para o nosso amor-próprio atribuir antes à sorte ou ao destino os insucessos que experimentamos, do que à nossa própria falta. É certo que para isso contribui algumas vezes a influência dos Espíritos, mas também o é que podemos sempre forrar-nos a essa influência, repelindo as ideias que eles nos sugerem, quando más.

853. Algumas pessoas só escapam de um perigo mortal para cair em outro. Parece que não podiam escapar da morte. Não há nisso fatalidade?

“Fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte o é. Chegado esse momento, de uma forma ou de outra, a ele não podeis furtar-vos.”

a) — Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte ainda não chegou, não morreremos?

“Não; não perecerás e tens disso milhares de exemplos. Quando, porém, soe a hora da tua partida, nada poderá impedir que partas. Deus sabe de antemão de que gênero será a morte do homem e muitas vezes seu Espírito também o sabe, por lhe ter sido isso revelado, quando escolheu tal ou qual existência.”

854. Do fato de ser infalível a hora da morte poder-se-á deduzir que sejam inúteis as precauções que tomemos para evitá-la?

“Não, visto que as precauções que tomais vos são sugeridas com o fito de evitardes a morte que vos ameaça. São um dos meios empregados para que ela não se dê.”

855. Com que fim nos faz a Providência correr perigos que nenhuma consequência acabam tendo?

“O fato de ser a tua vida posta em perigo constitui um aviso que tu mesmo desejaste, a fim de te desviares do mal e te tornares melhor. Se escapas desse perigo, quando ainda sob a impressão do risco que correste, cogitas, mais ou menos seriamente, de te melhorares, conforme seja mais ou menos forte sobre ti a influência dos Espíritos bons. Sobrevindo o mau Espírito (digo mau, subentendendo o mal que ainda existe nele), entras a pensar que do mesmo modo escaparás a outros perigos e deixas que de novo tuas paixões se desencadeiem. Por meio dos perigos que correis, Deus vos lembra a vossa fraqueza e a fragilidade da vossa existência. Se examinardes a causa e a natureza do perigo, verificareis que, quase sempre, suas consequências teriam sido a punição de uma falta cometida ou da negligência no cumprimento de um dever. Deus, por essa forma, exorta o homem a cair em si e a se emendar.” (526–532.)

856. Sabe o Espírito antecipadamente de que gênero será sua morte?

“Sabe que o gênero de vida que escolheu o expõe mais a morrer desta do que daquela maneira. Sabe igualmente quais as lutas que terá de sustentar para evitá-lo e que, se Deus o permitir, não sucumbirá.”

857. Há homens que afrontam os perigos dos combates, persuadidos de que a hora não lhes chegou. Haverá algum fundamento para essa confiança?

“Muito amiúde tem o homem o pressentimento do seu fim, como pode ter o de que ainda não morrerá. Esse pressentimento lhe vem dos Espíritos seus protetores, que assim o advertem para que esteja pronto a partir, ou lhe fortalecem a coragem nos momentos em que mais dela necessita. Pode vir-lhe também da intuição que tem da existência que escolheu, ou da missão que aceitou e que sabe ter que cumprir.” (411–522.)

858. Por que razão os que pressentem a morte a temem geralmente menos do que os outros?

“Quem teme a morte é o homem, não o Espírito. Aquele que a pressente pensa mais como Espírito do que como homem. Compreende ser ela a sua libertação e espera-a calmamente.”

859. Com todos os acidentes que nos sobrevêm no curso da vida dá-se o mesmo que com a morte, que não pode ser evitada, quando tem de ocorrer?

“Trata-se, amiúde, de coisas demasiadamente pequenas para que vos possamos prevenir a seu respeito, e algumas vezes fazer que as eviteis, dirigindo o vosso pensamento, pois nos desagradam os sofrimentos materiais. Isso, porém, pouca importância tem na vida que escolhestes. A fatalidade, verdadeiramente, só existe quanto ao momento em que deveis aparecer e desaparecer deste mundo.”

a) — Haverá fatos que forçosamente devam dar-se e que os Espíritos não possam conjurar, embora o queiram?

“Há, mas que tu viste e pressentiste quando, no estado de Espírito, fizeste a tua escolha. Não creias, entretanto, que tudo o que sucede esteja escrito, como costumam dizer. Um acontecimento qualquer pode ser a consequência de um ato que praticaste por tua livre vontade, de tal sorte que, se não o houvesses praticado, o acontecimento não se teria dado. Imagina que queimas o dedo. Isso nada mais é senão resultado da tua imprudência e efeito da matéria. Só as grandes dores, os fatos importantes e capazes de influir no moral, Deus os prevê, porque são úteis à tua depuração e à tua instrução.”

860. Pode o homem, pela sua vontade e por seus atos, fazer que se não deem acontecimentos que deveriam verificar-se e reciprocamente?

“Pode-o, se essa aparente mudança na ordem dos fatos tiver cabimento na sequência da vida que ele escolheu. Acresce que, para fazer o bem, como lhe cumpre, pois que isso constitui o objetivo único da vida, facultado lhe é impedir o mal, sobretudo aquele que possa concorrer para a produção de um mal maior.”

861. Ao escolher a sua existência, o Espírito daquele que comete um assassínio sabia que viria a ser assassino?

“Não. Escolhendo uma vida de lutas, sabe que terá ensejo de matar um de seus semelhantes, mas não sabe se o fará, visto que ao crime precederá quase sempre, de sua parte, a deliberação de praticá-lo. Ora, aquele que delibera sobre uma coisa é sempre livre de fazê-la, ou não. Se soubesse previamente que, como homem, teria que cometer um crime, o Espírito estaria a isso predestinado. Ficai, porém, sabendo que ninguém há predestinado ao crime e que todo crime, como qualquer outro ato, resulta sempre da vontade e do livre-arbítrio.

“Ademais, sempre confundis duas coisas muito distintas: os sucessos materiais da vida e os atos da vida moral. A fatalidade, que algumas vezes há, só existe com relação àqueles sucessos materiais cuja causa reside fora de vós e que independem da vossa vontade. Quanto aos atos da vida moral, esses emanam sempre do próprio homem que, por conseguinte, tem sempre a liberdade de escolher. No tocante, pois, a esses atos, nunca há fatalidade.”

862. Pessoas existem que nunca logram bom êxito em coisa alguma, que parecem perseguidas por um mau gênio em todos os seus empreendimentos. Não se pode chamar a isso fatalidade?

“Será uma fatalidade, se lhe quiseres dar esse nome, mas que decorre do gênero da existência escolhida. É que essas pessoas quiseram ser provadas por uma vida de decepções, a fim de exercitarem a paciência e a resignação. Entretanto, não creias seja absoluta essa fatalidade. Resulta muitas vezes do caminho falso que tais pessoas tomam, em discordância com sua inteligência e suas aptidões. Grande probabilidade tem de se afogar quem pretender atravessar a nado um rio, sem saber nadar. O mesmo se dá relativamente à maioria dos acontecimentos da vida. Quase sempre obteria o homem bom êxito, se só tentasse o que estivesse em relação com as suas faculdades. O que o perde são o seu amor-próprio e a sua ambição, que o desviam da senda que lhe é própria e o fazem considerar vocação o que não passa de desejo de satisfazer a certas paixões. Fracassa por sua culpa. Mas, em vez de culpar-se a si mesmo, prefere queixar-se da sua estrela. Um, por exemplo, que seria bom operário e ganharia honestamente a vida, mete-se a ser mau poeta e morre de fome. Para todos haveria lugar no mundo, desde que cada um soubesse colocar-se no lugar que lhe compete.”

863. Os costumes sociais não obrigam muitas vezes o homem a enveredar por um caminho de preferência a outro, e não se acha ele submetido à opinião dos outros, quanto à escolha de suas ocupações? O que se chama respeito humano não constitui obstáculo ao exercício do livre-arbítrio?

“São os homens, e não Deus, quem faz os costumes sociais. Se eles a estes se submetem, é porque lhes convêm. Tal submissão, portanto, representa um ato de livre-arbítrio, pois que, se o quisessem, poderiam libertar-se de semelhante jugo. Por que, então, se queixam? Falece-lhes razão para acusarem os costumes sociais. Devem lançar a culpa ao tolo amor-próprio de que vivem cheios e que os faz preferirem morrer de fome a infringi-los. Ninguém lhes agradecerá esse sacrifício feito à opinião pública, ao passo que Deus lhes levará em conta o sacrifício que fizerem de suas vaidades. Não quer isto dizer que o homem deva afrontar sem necessidade aquela opinião, como fazem alguns em que há mais excentricidade do que verdadeira filosofia. Tanto desatino há em procurar alguém ser apontado a dedo, ou considerado animal curioso, quanto sabedoria em descer voluntariamente e sem murmurar, quando não possa manter-se no alto da escala.”

864. Assim como há pessoas a quem a sorte em tudo é contrária, outras parecem favorecidas por ela, pois que tudo lhes sai bem. A que atribuir isso?

“É, muitas vezes, que essas pessoas sabem conduzir-se melhor. Mas também pode ser um gênero de prova. O bom êxito as embriaga; fiam-se no seu destino e muitas vezes pagam mais tarde esse bom êxito, mediante revezes cruéis, que a prudência as teria feito evitar.”

865. Como se explica que a boa sorte favoreça a algumas pessoas em circunstâncias com as quais nada têm que ver a vontade, nem a inteligência: no jogo, por exemplo?

“Alguns Espíritos escolheram previamente certas espécies de prazer. A fortuna que os favorece é uma tentação. Aquele que como homem ganha, perde como Espírito. É uma prova para o seu orgulho e para a sua cupidez.”

866. Então a fatalidade que parece presidir aos destinos materiais de nossa vida também é resultante do nosso livre-arbítrio?

“Tu mesmo escolheste a tua prova. Quanto mais rude ela for e melhor a suportares, tanto mais te elevarás. Os que passam a vida na abundância e na ventura humana são Espíritos pusilânimes, que permanecem estacionários. Assim, o número dos desafortunados é muito superior ao dos felizes deste mundo, visto que os Espíritos, na sua maioria, procuram as provas que lhes sejam mais proveitosas. Eles veem perfeitamente bem a futilidade das vossas grandezas e gozos. Acresce que a mais ditosa existência é sempre agitada, sempre perturbada, quando mais não seja, pela ausência da dor.” (525 e seguintes.)

867. Donde vem a expressão: Nascer sob uma boa estrela?

“Antiga superstição, que prendia às estrelas os destinos dos homens. Alegoria que algumas pessoas fazem a tolice de tomar ao pé da letra.”

O Libro dos Espíritos – Allan Kardec.

Fatalism

851. Does fatalism control the events of life in the sense commonly attached to this word? Is every event in our lives predestined, and, if so, what becomes of free will?

“Fatalism only exists based on the choice each spirit makes to undergo a trial. By choosing that trial, you create a sort of destiny for yourself. It is the natural consequence of the situation in which you have chosen to place yourself. This is only with respect to physical trials, because in moral trials and temptations, a spirit always maintains a freedom of choice between good and iniquity and is always able to yield or resist. Good spirits may come to your aid when they see you falter, but cannot influence you to the extent of controlling your will. On the other hand, bad or inferior spirits may trouble or alarm you by exaggerating your physical danger. However, the will of your incarnate spirit maintains its full freedom of choice.”

852. Some individuals seem to be pursued by a fatalism that is completely independent of their actions. Is it their destiny to be unfortunate?

“There may be trials that those individuals are forced to endure because they have chosen them, but you often attribute to destiny what is more often than not the consequence of your own faults. In the midst of the adversities that afflict you try to keep a pure and clear conscience, and you will be given solace for your suffering.”

The true or false ideas that we adopt of the things around us cause us to succeed or fail in our undertakings depending on our character and social standing. It seems easier and less humiliating to our self-esteem to attribute our failures to fate or destiny than to our own mistakes. While spirits may sometimes influence our success, we can always free ourselves from this influence by resisting the ideas they suggest if they are misleading or bad.

853. Some people escape one danger only to fall prey to another, as if it were impossible for them to escape death. Is this not fatalism?

“Nothing is predestined, in the truest sense of the word, except the time of death. When that time has come, whether in one form or another, you cannot escape it.”

a) Then, regardless of whatever danger threatens us, we will not die if our time has not come?

“No, you will not die. There are thousands of examples of this, but when your hour has come, nothing can save you. God knows how you will leave your present life, and this is often also known by your spirit because it is revealed when you choose an existence.”

854. Given the inevitability of our time of death, are the precautions we take to avoid it useless?

“No, because those precautions are suggested to avoid any danger that threatens you. They are one of the means used to prevent death.”

855. Why does Providence make us encounter dangers that have no result?

“When your life is in peril, it is a warning to turn you away from wickedness and leave you better off. When you escape this danger, and while still feeling the emotion stimulated by the danger you encountered, you think according to the degree in which you are influenced by good spirits to mend your ways. If a bad spirit dominates (In using the word bad I am referring to the evil that is still within that spirit), you think that you will escape other dangers in the same manner, and once again you give free rein to your passions. Through the dangers that you encounter, God reminds you of your weakness and the fragility of your existence. If you examine the cause and nature of the peril you have escaped, you will see that in many cases its consequences would have been the atonement of some fault you have committed, or some duty you have neglected. God warns you to reflect upon and correct your faults.” (See nos. 526-532)

856. Do spirits know how they will die beforehand?

“Based on the life they have chosen, they know that they have exposed themselves to die in some particular manner rather than in another, but they also see the effort they will have to put forward in order to avoid it. They know that, God willing, they will escape it.”

857. There are those who brave the perils of war fully convinced that their time has not come. Are there any grounds for this confidence?

“Individuals often have a premonition of their end. On the other hand, such individuals may also have a sense that their time of death has not yet come. This intuition is due to the action of their protective spirits, who warn them to be ready to go or boost their courage when they particularly need it. It may also come to them from the intuition they have of the life they have chosen, or of the mission they have accepted that they know they must fulfill.” (See nos. 411-522)

858. How is it that those who have a premonition of their death generally dread it less than others do?

“It is the human being and not the spirit who fears death. Individuals who have a premonition of their death view it as a spirit rather than as human beings. They understand that it will be a release to freedom and await it.”

859. If death is inevitable at its appointed time, does this also apply to all the accidents that may happen to us over the course of our lives?

“They are often small enough that we can warn you against them, and sometimes help you avoid them by directing your thoughts because we do not like physical suffering. All this is of little importance to the life you have chosen. Fatalism, truly, is the hour at which you are born into and exit the physical life.”

a) Are there incidents that must occur in a life and that spirits cannot help you avert?

“Yes, but you saw those incidents when you chose your life as a spirit. Nevertheless, it would be wrong to assume that everything that happens to you was ‘written in the stars’ as people say. An event is often the consequence of something you have done by an act of your own volition. Had you not done that thing, the event would not have taken place. If you burn your finger, it is a trivial inconvenience resulting from your own carelessness and a consequence of matter, not destiny. Only great sorrows, serious events that are capable of influencing your moral state, are predestined by God because they will be useful to your purification and education.”

860. Can individuals, by their will and effort, prevent events from taking place, and vice versa?

“They can if this deviation is compatible with the life they have chosen. They may prevent wrongdoing to do good, which should be the sole purpose of life, especially if that wrong might contribute to an even greater evil.”

861. Did those individuals who commit a murder know, in choosing their life, that they would become murderers?

“No, they knew that they incurred the risk of killing one of their fellow creatures by choosing a life of struggle. However they did not know whether they would or would not because a murderer almost always deliberates before committing the crime, and if people can deliberate they are free to carry out the action or not. If spirits knew that they would commit a murder beforehand, it would imply that they were predestined to commit that crime. No one is ever predestined to commit a crime. Every crime, like every other action, is the result of choice and free will.”

“You are confusing two things that are quite distinct – the events of material life and those of moral life. If any sort of fatalism exists, it is only in the events of your material life of which the cause is beyond your control and independent of your will. As to the acts of the moral life, they always emanate from human beings themselves, who always have the freedom of choice. In those acts, there is never any destiny.”

862. There are individuals who never succeed and seem to be stalked by a bad spirit in all their endeavors. Is this not what we call fatalism?

“It is definitely fatalism, if you want to call it that, but it results from the type of life chosen by those individuals in the spirit state, because they wanted to exercise their patience and resignation through a life of disappointment. However, do not believe that destiny is absolute. It is often a consequence for individuals who choose the wrong path, one that does not correspond to their intelligence and abilities. If people try to cross a river without knowing how to swim, they stand a very good chance of drowning, and we can say the same about most events in your life. If people only attempted things that are in harmony with their abilities, they would usually succeed. The cause of their failure is their conceit and ambition, which veer them off their proper path, and make them mistake a desire to satisfy passions for vocation. They fail by their own fault, but instead of blaming themselves, they prefer to blame their ‘star’. For example, an individual who could have been a good craftsperson and honorably earn a living in that capacity prefers to write bad poetry, and ultimately dies of starvation. There would be a place for everyone, if everyone assumed their proper place.”

863. Do social customs often force people to follow one road rather than another, and is their choice of occupation often controlled by the opinion of those around them? Is the feeling that leads us to attach a certain amount of importance to the opinions of others an obstacle to exercising our free will?

“Social traditions and customs are established by human beings and not by God. If people submit to them it is because they want to and their submission is an act of their free will. If they wanted to free themselves from those customs, they could do so. Then why do they complain? They should blame their pride rather than social customs, because pride makes them prefer to starve rather than stray from what they consider to be their dignity. Nobody thanks them for this sacrifice, though God would take note of the sacrifice of their vanity. We are not saying that you should resist public opinion or customs, as in the case of some people who are more eccentric than philosophical. It is just as absurd to allow others to point or stare at you like a curious animal, as there is wisdom in voluntarily descending when you are unable to stay at the top of the ladder.”

864. While there are individuals to whom fate is unkind, there are others who seem to be favored because they succeed in everything they do. To what is this to be attributed?

“In many cases, they know how to best manage their lives and actions, but it may also be a type of trial. People are intoxicated by success. They put their trust in their destiny, and in the end they pay for these successes by severe setbacks, which greater forethought would have enabled them to avoid.”

865. How can we account for the luck that sometimes favors people under circumstances where neither will nor intelligence have a role, such as gambling, for example?

“Some spirits have chosen specific types of pleasure beforehand, and the luck that favors them is a temptation. Those who win as human beings lose as spirits, since such luck is a trial for their pride and greed.”

866. Is the fate that seems to shape our material destinies a result of our free will?

“You yourself have chosen your trial. The more severe it is and the better you bear it, the higher you are elevated. Those who spend their physical lives selfishly enjoying wealth and happiness are cowardly spirits who remain stationary. The number of those who are unfortunate is much greater in your world than those who are fortunate, because spirits generally choose the trial that will be most useful to them. They too clearly see the futility of your splendor and pleasures. Besides, the most fortunate life is always more or less troubled, if only by the absence of sorrow.” (See no. 525 et seq.)

867. Where does the expression “born under a lucky star” originate?

“From an old superstition that connected the stars with the destiny of each human being – a metaphor that some people are foolish enough to take literally.”

THE SPIRITS' BOOK – Allan  Kardec.

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