CONCLUSÃO / CONCLUSION – (I a V) Santo
Agostinho / Saint Augustine.
I
Quem, de magnetismo terrestre, apenas conhecesse o brinquedo dos patinhos imantados que, sob a ação do ímã, se movimentam em todas as direções numa bacia com água, dificilmente poderia compreender que ali está o segredo do mecanismo do universo e da marcha dos mundos. O mesmo se dá com quem, do Espiritismo, apenas conhece o movimento das mesas, no qual só vê um divertimento, um passatempo, sem compreender que esse fenômeno tão simples e vulgar, que a antiguidade e até povos semisselvagens conheceram, possa ter ligação com as mais graves questões da ordem social. Efetivamente, para o observador superficial, que relação pode ter com a moral e o futuro da humanidade uma mesa que se move? Quem quer, porém, que reflita se lembrará de que de uma simples panela a ferver e cuja tampa se erguia continuamente, fato que também ocorre desde toda a antiguidade, saiu o possante motor com que o homem transpõe o espaço e suprime as distâncias. Pois bem: Ficai sabendo, vós que não credes senão no que pertence ao mundo material, que dessa mesa, que gira e vos faz sorrir desdenhosamente, saiu toda uma ciência, assim como a solução dos problemas que nenhuma filosofia pudera ainda resolver. Apelo para todos os adversários de boa-fé e os adjuro a que digam se se deram ao trabalho de estudar o que criticam. Porque, em boa lógica, a crítica só tem valor quando o crítico é conhecedor daquilo de que fala. Zombar de uma coisa que se não conhece, que se não sondou com o escalpelo do observador consciencioso, não é criticar, é dar prova de leviandade e triste mostra de falta de critério. Certamente que, se houvéssemos apresentado esta filosofia como obra de um cérebro humano, menos desdenhoso tratamento encontraria e teria merecido as honras do exame dos que pretendem dirigir a opinião. Vem ela, porém, dos Espíritos. Que absurdo! Mal lhe dispensam um simples olhar. Julgam-na pelo título, como o macaco da fábula julgava da noz pela casca. Fazei, se quiserdes, abstração da sua origem. Suponde que este livro é obra de um homem e dizei, do íntimo e em consciência, se, depois de o terdes lido seriamente, achais nele matéria para zombaria.
II
O Espiritismo é o mais terrível antagonista do materialismo. Não é, pois, de admirar que tenha por adversários os materialistas. Mas como o materialismo é uma doutrina cujos adeptos mal ousam confessar que o são (prova de que não se consideram muito fortes e têm a dominá-los a consciência), eles se acobertam com o manto da razão e da Ciência. E, coisa estranha, os mais céticos chegam a falar em nome da religião, que não conhecem e não compreendem melhor que ao Espiritismo. Por ponto de mira tomam o maravilhoso e o sobrenatural, que não admitem. Ora, dizem, pois que o Espiritismo se funda no maravilhoso, não pode deixar de ser uma suposição ridícula. Não refletem que, condenando, sem restrições, o maravilhoso e o sobrenatural, também condenam a religião. Com efeito, a religião se funda na revelação e nos milagres. Ora, que é a revelação, senão um conjunto de comunicações extra-humanas? Todos os autores sagrados, desde Moisés, têm falado dessa espécie de comunicações. Que são os milagres, senão fatos maravilhosos e sobrenaturais, por excelência, visto que, no sentido litúrgico, constituem derrogações das leis da natureza? Logo, rejeitando o maravilhoso e o sobrenatural, eles rejeitam as bases mesmas da religião. Não é deste ponto de vista, porém, que devemos encarar a questão. Ao Espiritismo não compete examinar se há ou não milagres, isto é, se em certos casos pode Deus derrogar as leis eternas que regem o Universo. Permite, a este respeito, inteira liberdade de crença. Diz e prova que os fenômenos em que se baseia, de sobrenaturais só têm a aparência. E parecem tais a algumas pessoas, apenas porque são insólitos e diferentes dos fatos conhecidos. Não são, contudo, mais sobrenaturais do que todos os fenômenos cuja explicação a Ciência hoje dá e que pareceram maravilhosos noutra época. Todos os fenômenos espíritas, sem exceção, resultam de leis gerais. Revelam-nos uma das potências da natureza, potência desconhecida, ou, por melhor dizer, incompreendida até agora, mas que a observação demonstra estar na ordem das coisas. Assim, pois, o Espiritismo se apoia menos no maravilhoso e no sobrenatural do que a própria religião. Conseguintemente, os que o atacam por esse lado mostram que o não conhecem e, ainda quando fossem os maiores cientistas, lhes diríamos: se a vossa ciência, que vos instruiu em tantas coisas, não vos ensinou que o domínio da natureza é infinito, não passais de cientistas pela metade.
III
Dizeis que desejais
curar o vosso século de uma mania que ameaça invadir o mundo. Preferiríeis que
o mundo fosse invadido pela incredulidade que procurais propagar? A que se deve
atribuir o relaxamento dos laços de família e a maior parte das desordens que
minam a sociedade, senão à ausência de toda crença? Demonstrando a existência e
a imortalidade da alma, o Espiritismo reaviva a fé no futuro, levanta os ânimos
abatidos, faz suportar com resignação as vicissitudes da vida. Ousaríeis chamar
a isto um mal? Duas doutrinas se defrontam: uma, que nega o futuro; outra, que
lhe proclama e prova a existência; uma, que nada explica, outra, que explica
tudo e que, por isso mesmo, se dirige à razão; uma, que é a sanção do egoísmo;
outra, que oferece base à justiça, à caridade e ao amor do próximo. A primeira
somente mostra o presente e aniquila toda esperança; a segunda consola e
desvenda o vasto campo do futuro. Qual a mais perniciosa?
Algumas pessoas,
dentre as mais céticas, se fazem apóstolos da fraternidade e do progresso. A fraternidade,
porém, pressupõe desinteresse, abnegação da personalidade. Onde há verdadeira
fraternidade, o orgulho é uma anomalia. Com que direito impondes um sacrifício
àquele a quem dizeis que, com a morte, tudo se lhe acabará; que amanhã, talvez,
ele não será mais do que uma velha máquina desmantelada e atirada ao monturo?
Que razões terá ele para impor a si mesmo uma privação qualquer? Não será mais
natural que trate de viver o melhor possível, durante os breves instantes que
lhe concedeis? Daí o desejo de possuir muito para melhor gozar. Do desejo nasce
a inveja dos que possuem mais e, dessa inveja à vontade de apoderar-se do que a
estes pertence, o passo é curto. Que é que o detém? A lei? A lei, porém, não
abrange todos os casos. Direis que a consciência, o sentimento do dever. Mas em
que baseais o sentimento do dever? Terá razão de ser esse sentimento, com a
crença de que tudo se acaba com a vida? Onde essa crença exista, uma só máxima
é racional: cada um por si, não passando de vãs palavras as ideias de
fraternidade, de consciência, de dever, de humanidade, mesmo de progresso. Oh!
Vós que proclamais semelhantes doutrinas, não sabeis quão grande é o mal que
fazeis à sociedade, nem de quantos crimes assumis a responsabilidade! Mas por
que falo de responsabilidade? Para o cético, tal coisa não existe; só à matéria
rende ele homenagem.
IV
O progresso da
humanidade tem seu princípio na aplicação da lei de justiça, de amor e de
caridade, lei que se funda na certeza do futuro. Tirai-lhe essa certeza e lhe tirareis
a pedra fundamental. Dessa lei derivam todas as outras, porque ela encerra
todas as condições da felicidade do homem. Só ela pode curar as chagas da
sociedade. Comparando as idades e os povos, pode ele avaliar quanto a sua
condição melhora, à medida que essa lei vai sendo mais bem compreendida e
praticada. Ora, se aplicando-a parcial e incompletamente aufere o homem tanto
bem, que não conseguirá quando fizer dela a base de todas as suas instituições
sociais! Será isso possível? Certo, porquanto, desde que ele já deu dez passos,
possível lhe é dar vinte e assim por diante. Do futuro se pode, pois, julgar
pelo passado. Já vemos que pouco a pouco se extinguem as antipatias de povo
para povo. Diante da civilização, diminuem as barreiras que os separavam. De um
extremo a outro do mundo, eles se estendem as mãos. Maior justiça preside à
elaboração das leis internacionais. As guerras se tornam cada vez mais raras e
não excluem os sentimentos de humanidade. Nas relações, a uniformidade se vai
estabelecendo. Apagam-se as distinções de raças e de castas e os que professam
crenças diversas impõem silêncio aos prejuízos de seita, para se confundirem na
adoração de um único Deus. Falamos dos povos que marcham à testa da civilização
(789-793). A todos estes respeitos, no entanto, longe ainda estamos da
perfeição, e muitas ruínas antigas ainda se têm que abater, até que não restem
mais vestígios da barbaria. Poderão acaso essas ruínas sustentar-se contra a
força irresistível do progresso, contra essa força viva que é, em si mesma, uma
lei da natureza? Sendo a geração atual mais adiantada do que a anterior, por
que não o será mais do que a presente a que lhe há de suceder? Sê-lo-á, pela
força das coisas. Primeiro, porque, com as gerações, todos os dias se extinguem
alguns campeões dos velhos abusos, o que permite à sociedade formar-se de
elementos novos, livres dos velhos preconceitos. Em segundo lugar, porque,
desejando o progresso, o homem estuda os obstáculos e se aplica a removê-los.
Visto que é incontestável o movimento progressivo, não há que duvidar do
progresso vindouro. O homem quer ser feliz e é natural esse desejo. Ora,
buscando progredir, o que ele procura é aumentar a soma da sua felicidade, sem
o que o progresso careceria de objeto. Em que consistiria para ele o progresso,
se lhe não devesse melhorar a posição? Quando, porém, conseguir a soma de gozos
que o progresso intelectual lhe pode proporcionar, verificará que não está
completa a sua felicidade. Reconhecerá ser esta impossível sem a segurança nas
relações sociais, segurança que somente no progresso moral lhe será dado achar.
Logo, pela força mesma das coisas, ele próprio dirigirá o progresso para essa
senda, e o Espiritismo lhe oferecerá a mais poderosa alavanca para alcançar tal
objetivo.
V
Os que dizem que
as crenças espíritas ameaçam invadir o mundo, proclamam, ipso facto, a força do
Espiritismo, porque jamais poderia tornar-se universal uma ideia sem fundamento
e destituída de lógica. Assim, se o Espiritismo se implanta por toda parte, se,
principalmente nas classes cultas, recruta adeptos, como todos facilmente
reconhecerão, é que tem um fundo de verdade. Baldados, contra essa tendência,
serão todos os esforços dos seus detratores, e a prova é que o próprio
ridículo, de que procuram cobri-lo, longe de lhe amortecer o ímpeto, parece
ter-lhe dado novo vigor, resultado que plenamente justifica o que repetidas
vezes os Espíritos têm dito: “Não vos inquieteis com a oposição; tudo o que
contra vós fizerem se tornará a vosso favor e os vossos maiores adversários,
sem o quererem, servirão à vossa causa. Contra a vontade de Deus não poderá
prevalecer a má vontade dos homens.”
Por meio do
Espiritismo, a humanidade tem que entrar numa nova fase, a do progresso moral
que lhe é consequência inevitável. Não mais, pois, vos espanteis da rapidez com
que as ideias espíritas se propagam. A causa dessa celeridade reside na
satisfação que trazem a todos os que as aprofundam e que nelas veem alguma
coisa mais do que fútil passatempo. Ora, como o que cada um quer é, acima de
tudo, a sua felicidade, nada há de surpreendente em que se apegue a uma ideia
que faz ditosos os que a esposam.
Três períodos
distintos apresenta o desenvolvimento dessas ideias: primeiro, o da
curiosidade, que a singularidade dos fenômenos produzidos desperta; segundo, o
do raciocínio e da filosofia; terceiro, o da aplicação e das consequências. O
período da curiosidade passou; a curiosidade dura pouco. Uma vez satisfeita,
muda de objeto. O mesmo não acontece com aquilo que se dirige à razão e evoca reflexões
sérias. Começou o segundo período, o terceiro virá inevitavelmente. O
Espiritismo progrediu principalmente depois que foi sendo mais bem compreendido
na sua essência íntima, depois que lhe perceberam o alcance, porque tange a
corda mais sensível do homem: a da sua felicidade, mesmo neste mundo. Aí a
causa da sua propagação, o segredo da força que o fará triunfar. Vai tornando
felizes os que o compreendem, enquanto aguarda que a sua influência atinja as
massas. Mesmo quem não testemunhou nenhum fenômeno material relativo às
manifestações dos Espíritos diz para si próprio: à parte esses fenômenos, há a
filosofia, que me explica o que nenhuma outra havia explicado. Nela encontro,
por meio unicamente do raciocínio, uma solução racional para os problemas que
no mais alto grau interessam ao meu futuro. Ela me dá calma, segurança,
confiança; livra-me do tormento da incerteza. Em comparação com tudo isso,
secundária se torna a questão dos fatos materiais. Quereis, vós todos que o
atacais, um meio de combatê-lo com êxito? Aqui o tendes. Substitui-o por alguma
coisa melhor; indicai solução mais filosófica para todas as questões que ele
resolveu; dai ao homem outra certeza que o faça mais feliz; porém compreendei
bem o alcance da palavra certeza, porquanto o homem não aceita como certo senão
o que lhe parece lógico. Não vos contenteis com dizer: isto não é assim;
demasiado fácil é semelhante afirmativa. Provai, não por negação, mas por
fatos, que isto não é real, nunca o foi e não pode ser. Se não é, dizei o que o
é, em seu lugar. Provai, finalmente, que as consequências do Espiritismo não
são tornar melhor o homem e, portanto, mais feliz, pela prática da mais pura
moral evangélica, moral a que se tecem muitos louvores, mas que muito pouco se
pratica. Quando houverdes feito isso, tereis o direito de o atacar. O
Espiritismo é forte porque assenta sobre as próprias bases da religião: Deus, a
alma, as penas e as recompensas futuras; sobretudo, porque mostra que essas
penas e recompensas são corolários naturais da vida terrestre e, ainda, porque,
no quadro que apresenta do futuro, nada há que a razão mais exigente possa
recusar. Que compensação ofereceis aos sofrimentos deste mundo, vós cuja
doutrina consiste unicamente na negação do futuro? Enquanto vos apoiais na incredulidade,
ele se apoia na confiança em Deus; ao passo que convida os homens à felicidade,
à esperança, à verdadeira fraternidade, vós lhes ofereceis o nada por
perspectiva e o egoísmo por consolação. Ele tudo explica, vós nada explicais.
Ele prova pelos fatos, vós nada provais. Como quereis que se hesite entre as
duas doutrinas?
O Livro dos
Espíritos – Allan Kardec.
CONCLUSION
I
A person whose
knowledge of terrestrial magnetism is limited to small magnetized duck figures
swimming and moving about in a water basin would find it extremely difficult to
grasp that those figurines contain the secret behind the mechanism of the
universe and the movement of worlds. Likewise, a person whose knowledge of
Spiritism is limited to table turning is in a similar position. To them these
communications are merely a form of entertainment or a pastime, and they cannot
understand how such a simple and common phenomenon connects to the biggest
questions and answers concerning social order. To the superficial observer what
connection can possibly exist between a table that turns and the future of
humanity. However, when we reflect on the idea of a simple pot simmering since
the dawn of time, which can lift its lid at the boiling point, we realize that
a powerful driving force has emerged. Human beings use this force to erase
distance and move through space. To all who believe that there is nothing beyond
the material world, know that from the table turning that triggers your mocking
a new philosophy has arisen. One that solves problems that no other system has
been able to solve.To all of Spiritism’s honest adversaries, I ask whether you
have taken the trouble to study what you criticize. I rationally remind you
that criticism is of no value unless the critic is familiar with the subject of
scorn. To ridicule something of which we have no knowledge of, and which we
have not meticulously examined, is not true criticism, but merely proof of a
lack of judgment. If a human being had proposed this philosophy there would
have been less disdain. People who claim to guide and sway public opinion would
have studied it. However, as it comes from the spirits it has therefore been
deemed an absurdity! As such, is has barely merited a single glance, deserving
of no more than the judgment of the monkey in the fable who judged a nut by its
shell. Forget its origin and assume that this book is solely the work of a
human being. Then, after carefully reading it, honestly ask yourself if you
find anything that warrants ridicule.
II
Spiritism is a
staunch opponent of materialism, and it is not surprising that materialists are
its adversaries. Materialism is a theory that many hardly dare to admit
defending (proof that its supporters are not ardent believers and that they are
dominated by their conscience), they hide behind a mask of reason and science.
It is interesting how the most skeptical people speak on behalf of religions
that they neither know nor understand any better than Spiritism. They focus
particularly on the miraculous and the supernatural, which they deny, and as
they presuppose that Spiritism is founded on the miraculous and supernatural,
they declare that it can be nothing more than a ridiculous fantasy. They do not
realize that in categorically denying the possibility of the miraculous and the
supernatural, they are denying religion itself, which is founded on revelation
and miracles. What are revelations if not extra-human communications? All the
writers of the scriptures, since Moses’ time, have spoken of this type of
communication. What are miracles if not events of an unparalleled miraculous
and supernatural nature, since they are, according to the liturgical sense,
deviations from the laws of nature? In rejecting the miraculous and the
supernatural, they reject the very basis of all religions and we should not
view the subject from this perspective. Spiritism does not necessarily settle
the question of miracles, meaning whether God, in certain cases deviates from
the eternal laws that regulate the universe. In this regard, Spiritism leaves
full freedom of choice as when it comes to belief. It dictates and proves that
the phenomena on which it is based are supernatural only in appearance and that
they only appear to be such to some because they are unusual. They are simply
outside the limits of facts known at the moment of their observation. They are
no more supernatural than all the other phenomena that science explains today,
though they appeared to be miraculous in the past. All Spiritist phenomena,
without exception, are the consequence of general laws. They reveal one of the
powers of nature, albeit an unknown power, or rather one that has not been
understood, but which observation has shown to be included in the order of
things. Spiritism, therefore, is founded less on the miraculous and the
supernatural than religion itself, and those who attack it for this reason do
so because they do not know what it truly is. Even if they were among the most
educated people, we would say to them, “If your science, which has taught you
so many things, has not taught you that the realm of nature is infinite, you
are not nearly as advanced as you think you are.”
III
You say that you
want to cure your century of the naïveté that threatens to overrun the world.
Would you prefer to see the world plagued by the skepticism that you seek to
spread? Doesn’t the absence of beliefs cause both the relaxing of family ties
and the majority of the ailments that are undermining society today? By
demonstrating the existence and immortality of the soul, Spiritism revives
faith in the future, raises the spirits of the discouraged and enables us to
bear the adversities of life with resignation.Do you call this inequity? Two
theories are offered, one denies the existence of a future life, while the
other proclaims and proves it. One explains nothing, while the other explains
everything and appeals to our reason. One justifies selfishness, while the
other provides a firm basis for justice, charity and the love of one’s fellow
human beings. One offers only the present and destroys every shred of hope,
while the other consoles us by showing the vast horizon of the future. Now,
which is the more malevolent of the two?
Some, among the
most skeptical of our challengers, portray themselves as apostles of
brotherhood and progress, but brotherhood implies objectivity and the rejection
of personality. In true fraternity, pride is a flaw. By what right do you
impose such a sacrifice on people when you tell them that death is the end for
them, and that maybe even tomorrow they will be reduced to an out of order
machine, thrown to the curb as trash? Why should people impose any sort of
deprivation on themselves? Is it more natural for them to strive to live as
comfortably as possible during the few brief seconds you grant to them? The
desire to possess as much as possible, and to enjoy the greatest amount of
pleasure arises from this. Hence, this desire naturally gives birth to jealousy
of those who possess more. From this jealousy, all it takes is one further step
to become covetous of what they possess. What holds them back from doing this?
The law? However, the law does not cover every case. Is it the conscience or a
sense of duty that governs one’s choices? What is the sense of duty based on?
Does that sense have any purpose if everything ends with our present life? One
proverb perfectly sums up this belief, “Every man for himself.” According to
this belief, brotherhood, conscience, duty, humanity and even progress are
empty words. Those who proclaim such a doctrine have no idea of how much harm
they do to society, or how many crimes they are responsible for! But why do I
speak of responsibility at all? For skeptics it is irrelevant, since they only
worship matter.
IV
The progress of
humanity results from the practical application of the laws of justice, love
and charity. These laws are founded on the certainty of a future life. If we
eliminate this certainty, we remove the cornerstone. These laws are the basis
for all others, as they comprise all the conditions of human happiness. They
alone can cure the plagues of society, and we may judge, by comparing the
various ages and populations of the Earth, the improvement that takes place in
the conditions of social life, as these laws are better understood and better
carried out. If even just a partial and incomplete application of these laws
manages to produce a noticeable improvement, imagine what it will be like when
they become the basis for all social institutions! Could this be possible? Yes,
because as human beings take ten steps forward, it is clear that they can take
twenty, and so on. In that vein, the future can be inferred from the past. We
see that the hostilities between different nations begin to soften, the
barriers that separate them are toppled by civilization, and people are joining
hands from one end of the world to the other. A larger measure of justice
governs international laws. Wars occur less frequently and do not exclude
humane feelings and attitudes. Consistency is established gradually in
relationships, while the distinctions of races and classes are erased. People
of different religious beliefs eventually set aside their preconceived notions
so that they may unite with one another in worshiping one God. We are talking
about the nations that are at the forefront of civilization (see nos. 789-793).
In all these relations, we are still far from perfection. There are still many
ruins to be torn down before the last vestiges of barbarism are cleared away,
but can those ruins withstand the relentless action of progress, which, in
itself is a law of nature? If the present generation is more advanced than the
last, why shouldn’t the next be even more advanced than ours? This will always
be the case by the force of circumstances. First, as each generation passes
away it takes supporters of old injustices and abuses with it. Therefore,
society is gradually rebuilt with new members who have thrown aside antiquated
prejudices. Second, when people want progress, they study the obstacles that
impede it and focus on the means for removing them. The progressive movement of
human society is irrefutable, therefore progress undoubtedly continues in the
future. It is in the nature of human beings to want to be happy. We want
progress to increase our happiness, otherwise progress has no purpose. Where
would we be if progress did not improve our position? When we obtain all the
gratification that we can attain through intellectual progress, we realize that
we have not obtained complete happiness, and that this happiness is impossible
without having security in relationships. We can only obtain this security
through moral progress. Thus, by the force of circumstances, we will work
tirelessly for that end, and Spiritism will offer us the most effective means
of reaching that goal.
V
People who say
that Spiritism is threatening to invade the world only confirm its power by
making such a statement. An opinion that is not based on both reason and proven
facts cannot become universal. Therefore, if Spiritism takes root everywhere
and converts every member of society including the educated class, it is clear
then that it is founded in truth. As such, all the efforts of its detractors
are in vain. In actuality, the ridicule thrown at it by those attempting to
stop it seems only to have given it new life. This fully justifies the
reassurance that is given constantly by the spirits, who have repeatedly said:
“Do not be discouraged by the opposition. Whatever they do against you will
turn to your advantage, and your most bitter rivals will serve you in spite of
themselves. The hostility harbored by individuals is no match for God’s will.”
Through Spiritism,
human beings enter a new phase, that of moral progress which is the inevitable
consequence of this belief. The rapid spread of Spiritist ideas should be no
surprise, due to the profound satisfaction they give to those who accept them
as more than just a futile pastime. People desire happiness above all things,
so it is not surprising that they would willingly embrace ideas that make them happy.
The development of
these ideas has three distinct phases. The first is that of curiosity, caused
by the strangeness of the phenomena produced; the second, that of reasoning and
philosophy; the third, that of application and consequences. The period of
curiosity has already passed. When satisfied, the mind often immediately drops
a subject for another, which does not apply to subjects that spur serious
thought and that appeal to reason. The second period has already begun, and the
third will naturally follow. The progress of Spiritism has been particularly
rapid since its essential nature and scope have been more accurately
understood, and because it touches our most sensitive quality, the desire to be
happy. This is the reason behind its wide acceptance, the secret of the
strength that makes it triumph. It causes those who understand it to be happy
while they await the extension of its influence to reach the masses. How many
individuals are there who despite never having witnessed any of the physical
phenomena of spirit manifestations, say to themselves, “Aside from these
phenomena, there is the philosophy, which explains what no other theory or
belief system has ever explained. That philosophy offers me, through arguments
based on reason, a rational solution to problems that are of the most vital
importance to my future. It gives me tranquility, security and confidence,
while delivering me from the torment of uncertainty. In comparison with this,
the question of the physical phenomena is of secondary importance.”
For people who
attack it, do you have the means to fight Spiritism successfully? Offer
something better in its place, and find a more philosophic solution to all the
problems it solves. Give people another certainty that makes them even happier.
You must understand the meaning of the word certainty, because people only
accept what appears to be logical as certain. You must not be satisfied with
simply saying that something is not so, which is much too easy to do. Rather
than just deny it, you must provide facts, showing that what we assert is not
so, has never been, and cannot be.
In addition, you
must show what you have to offer in its place. You must prove that Spiritism
does not make people better, and consequently happier, by promoting the
practice of the purest evangelical morality. A morality that is praised so much
yet practiced so little. When you have done this, you will have earned the
right to attack it. Spiritism is strong because it is based on religion itself:
God, the soul, and the rewards and atonements of the future. It shows those
rewards and atonements as the natural consequences of material life and in the
picture it presents of the future, there is nothing that even the most logical
mind can discover to be contrary to reason. What compensation can those who
deny the future offer for the suffering of the present life? They base their
teachings on skepticism, while Spiritism is based on trust in God. Spiritism
invites everyone to happiness, hope and true solidarity, the alternative is a
future in which one is reduced to nothing, with only selfishness to serve as
consolation. Spiritism explains everything, and you explain nothing. It proves
by facts, while your assertions are groundless. How do you expect the world to
be divided between these two doctrines? -
The Spirit’s Book –
Allan Kardec.
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