VI
Falsíssima ideia
formaria do Espiritismo quem julgasse que a sua força lhe vem da prática das
manifestações materiais e que, portanto, obstando-se a tais manifestações, se
lhe terá minado a base. Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à
razão, ao bom-senso. Na antiguidade, era objeto de estudos misteriosos, que
cuidadosamente se ocultavam do vulgo. Hoje, para ninguém tem segredos. Fala uma
linguagem clara, sem ambiguidades. Nada há nele de místico, nada de alegorias
suscetíveis de falsas interpretações. Quer ser por todos compreendido, porque
chegados são os tempos de fazer-se que os homens conheçam a verdade. Longe de
se opor à difusão da luz, deseja-a para todo o mundo. Não reclama crença cega;
quer que o homem saiba por que crê. Apoiando-se na razão, será sempre mais
forte do que os que se apoiam no nada. Os obstáculos que tentassem oferecer à
liberdade das manifestações poderiam abafá-las? Não, porque produziriam o
efeito de todas as perseguições: o de excitar a curiosidade e o desejo de conhecer
o que foi proibido. De outro lado, se as manifestações espíritas fossem
privilégio de um único homem, sem dúvida que, segregado esse homem, as
manifestações cessariam. Infelizmente para os seus adversários, elas estão ao
alcance de toda gente e todos a elas recorrem, desde o mais pequenino até o
mais graduado, desde o palácio até a mansarda. Poderão proibir que sejam
obtidas em público. Sabe-se, porém, precisamente que em público não é onde
melhor se dão e sim na intimidade. Ora, podendo todos ser médiuns, quem poderá
impedir que uma família, no seu lar; um indivíduo, no silêncio de seu gabinete;
o prisioneiro, no seu cubículo, entrem em comunicação com os Espíritos, a
despeito dos esbirros e mesmo na presença deles? Se as proibirem num país,
poderão obstar a que se verifiquem nos países vizinhos, no mundo inteiro, uma
vez que nos dois hemisférios não há lugar onde não existam médiuns? Para se
encarcerarem todos os médiuns, seria preciso que se encarcerasse a metade do
gênero humano. Chegassem mesmo, o que não seria mais fácil, a queimar todos os
livros espíritas e no dia seguinte estariam reproduzidos, porque inatacável é a
fonte donde dimanam e porque ninguém pode encarcerar ou queimar os Espíritos,
seus verdadeiros autores.
O Espiritismo não
é obra de um homem. Ninguém pode inculcar-se como seu criador, pois tão antigo
é ele quanto a criação. Encontramo-lo por toda parte, em todas as religiões,
principalmente na religião católica e aí com mais autoridade do que em todas as
outras, porquanto nela se nos depara o princípio de tudo que há nele: os
Espíritos em todos os graus de elevação, suas relações ocultas e ostensivas com
os homens, os anjos guardiães, a reencarnação, a emancipação da alma durante a
vida, a dupla vista, todos os gêneros de manifestações, as aparições e até as
aparições tangíveis. Quanto aos demônios, esses não são senão os maus Espíritos
e, salvo a crença de que aqueles foram destinados a permanecer perpetuamente no
mal, ao passo que a senda do progresso se conserva aberta aos segundos, não há
entre uns e outros mais do que simples diferença de nomes.
Que faz a moderna
ciência espírita? Reúne em corpo de doutrina o que estava esparso: explica, com
os termos próprios, o que só era dito em linguagem alegórica; poda o que a
superstição e a ignorância engendraram, para só deixar o que é real e positivo.
Esse o seu papel; o de fundadora não lhe pertence. Mostra o que existe,
coordena, porém não cria, porque suas bases são de todos os tempos e de todos
os lugares. Quem, pois, ousaria considerar-se bastante forte para abafá-la com
sarcasmos, ou, ainda, com perseguições? Se a prescreverem de um lado, renascerá
noutras partes, no próprio terreno donde a tenham banido, porque ela está na
natureza e ao homem não é dado aniquilar uma potência da natureza, nem opor
veto aos decretos de Deus.
Que interesse, aos
demais, haveria em obstar-se a propagação das ideias espíritas? É exato que
elas se erguem contra os abusos que nascem do orgulho e do egoísmo. Mas, se é
certo que desses abusos há quem aproveite, à coletividade humana eles
prejudicam. A coletividade, portanto, será favorável a tais ideias,
contando-se-lhes por adversários sérios apenas os interessados em manter
aqueles abusos. As ideias espíritas, ao contrário, são um penhor de ordem e
tranquilidade, porque, pela sua influência, os homens se tornam melhores uns
para com os outros, menos ávidos das coisas materiais e mais resignados aos
decretos da Providência.
VII
O Espiritismo se
apresenta sob três aspectos diferentes: o fato das manifestações, os princípios
de filosofia e de moral que delas decorrem e a aplicação desses princípios.
Daí, três classes, ou, antes, três graus de adeptos: 1o, os que creem nas
manifestações e se limitam a comprová-las; para esses, o Espiritismo é uma
ciência experimental; 2o, os que lhe percebem as consequências morais; 3o, os
que praticam ou se esforçam por praticar essa moral. Qualquer que seja o ponto
de vista, científico ou moral, sob que considerem esses estranhos fenômenos,
todos compreendem constituírem eles uma ordem inteiramente nova de ideias,
cujas consequências não podem deixar de ser uma profunda modificação no estado
da humanidade. Compreendem também que essa modificação se dá exclusivamente no
sentido do bem.
Quanto aos
adversários, também podemos classificá-los em três categorias: 1a, a dos que
negam sistematicamente tudo o que é novo, ou deles não venha, e que falam sem
conhecimento de causa. A essa classe pertencem todos os que não admitem senão o
que possa ter o testemunho dos sentidos. Nada viram, nada querem ver e ainda
menos aprofundar. Ficariam mesmo aborrecidos se vissem as coisas muito
claramente, porque forçoso lhes seria convir em que não têm razão. Para eles, o
Espiritismo é uma quimera, uma loucura, uma utopia, não existe: está dito tudo.
São os incrédulos de opinião formada. Ao lado desses, podem colocar-se os que
se dignaram dar uma olhada nos fatos, por desencargo de consciência, a fim de
poderem dizer: Quis ver e nada vi. Não compreendem que seja preciso mais de
meia hora para alguém se inteirar de uma ciência. — 2a, a dos que, sabendo
muito bem o que pensar da realidade dos fatos, os combatem, todavia, por
motivos de interesse pessoal. Para estes, o Espiritismo existe, mas lhes
receiam as consequências. Atacam-no como a um inimigo. – 3a, a dos que acham na
moral espírita uma censura por demais severa aos seus atos ou às suas
tendências. Tomado a sério, o Espiritismo os embaraçaria; não o rejeitam, nem o
aprovam: preferem fechar os olhos. Os primeiros são movidos pelo orgulho e pela
presunção; os segundos, pela ambição; os terceiros, pelo egoísmo. Concebe-se
que, nenhuma solidez tendo, essas causas de oposição deverão desaparecer com o
tempo, pois em vão procuraríamos uma quarta classe de antagonistas, a dos que
em patentes provas contrárias se apoiassem, demonstrando estudo laborioso e
porfiado da questão. Todos apenas opõem a negação, nenhum aduz demonstração
séria e irrefutável.
Seria presumir
demais da natureza humana supor que ela possa transformar-se de súbito, por
efeito das ideias espíritas. A ação que estas exercem não é certamente
idêntica, nem do mesmo grau, em todos os que as professam. Qualquer que seja o
caso, porém, o resultado dessa ação, mesmo que fraco, representa sempre uma
melhora. Será, quando menos, o de dar a prova da existência de um mundo
extracorpóreo, o que implica a negação das doutrinas materialistas. Isso é a
própria consequência da observação dos fatos. Porém para os que compreendem o
Espiritismo filosófico, e nele veem outra coisa que não somente fenômenos mais
ou menos curiosos, tem ainda outros efeitos. O primeiro, e mais geral, consiste
em desenvolver o sentimento religioso até naquele que, sem ser materialista,
olha com indiferença para as questões espirituais. Daí lhe advém o desprezo
pela morte. Não dizemos o desejo de morrer; longe disso, porquanto o espírita
defenderá sua vida como qualquer outro; mas uma indiferença que o leva a
aceitar, sem queixa, nem pesar, uma morte inevitável, como coisa mais de
alegrar do que de temer, pela certeza que tem do estado que se lhe segue. O
segundo efeito, quase tão geral quanto o primeiro, é a resignação nas
vicissitudes da vida. O Espiritismo dá a ver as coisas de tão alto, que,
perdendo a vida terrena três quartas partes da sua importância, o homem não se
aflige tanto com as tribulações que a acompanham. Daí, mais coragem nas
aflições, mais moderação nos desejos. Daí, também, o banimento da ideia de
abreviar os dias da existência, pois a ciência espírita ensina que, pelo
suicídio, sempre se perde o que se queria ganhar. A certeza de um futuro que de
nós mesmos depende tornar feliz, a possibilidade de estabelecermos relações com
os entes que nos são caros, oferecem ao espírita suprema consolação. O
horizonte se lhe dilata ao infinito, graças ao espetáculo, a que assiste
incessantemente, da vida de além-túmulo, cujas misteriosas profundezas lhe é
facultado sondar. O terceiro efeito do Espiritismo é o de estimular no homem a
indulgência para com os defeitos alheios. Todavia, cumpre dizê-lo, o princípio
egoísta e tudo que dele decorre são o que há de mais tenaz no homem e, por
conseguinte, de mais difícil de desarraigar. Toda gente faz sacrifícios com
prazer, contanto que nada custem e de nada privem. Para a maioria dos homens, o
dinheiro tem ainda irresistível atrativo, e bem poucos compreendem a palavra
supérfluo quando se trata de si. Por isso mesmo, a abnegação da personalidade
constitui sinal do mais eminente progresso.
VIII
Perguntam algumas
pessoas: ensinam os Espíritos uma moral nova, alguma coisa superior ao que disse
o Cristo? Se a moral deles não é senão a do Evangelho, de que serve o
Espiritismo? Esse raciocínio se assemelha notavelmente ao do califa Omar, com
relação à biblioteca de Alexandria: “Se ela não contém, dizia ele, mais do que
o que está no Alcorão, é inútil. Logo deve ser queimada. Se contém coisa
diversa, é nociva. Logo, também deve ser queimada.” Não, o Espiritismo não traz
moral diferente da de Jesus. Mas, perguntamos, por nossa vez: antes que viesse
o Cristo, não tinham os homens a lei dada por Deus a Moisés? A doutrina do
Cristo não se acha contida no Decálogo? Dir-se-á, por isso, que a moral de
Jesus era inútil? Perguntaremos, ainda, aos que negam utilidade à moral
espírita: por que tão pouco praticada é a do Cristo? E por que, exatamente os
que com justiça lhe proclamam a sublimidade, são os primeiros a violar-lhe o
preceito capital: o da caridade universal? Os Espíritos vêm não só confirmá-la,
mas também mostrar-nos a sua utilidade prática. Tornam inteligíveis e patentes
verdades que só haviam sido ensinadas sob a forma alegórica. E, juntamente com
a moral, trazem-nos a definição dos mais abstratos problemas da psicologia.
Jesus veio mostrar
aos homens o caminho do verdadeiro bem. Por que, tendo-o enviado para fazer
lembrada sua lei que estava esquecida, não haveria Deus de enviar hoje os
Espíritos, a fim de a lembrarem novamente aos homens, e com maior precisão,
quando eles a olvidam, para tudo sacrificar ao orgulho e à cobiça? Quem ousaria
pôr limites ao poder de Deus e traçar-lhe normas? Quem nos diz que, como o
afirmam os Espíritos, não estão chegados os tempos preditos, e que não chegamos
aos em que verdades mal compreendidas, ou falsamente interpretadas, devam ser
ostensivamente reveladas ao gênero humano, para lhe apressar o adiantamento? Não
haverá alguma coisa de providencial nessas manifestações que se produzem
simultaneamente em todos os pontos do globo? Não é um único homem, um profeta,
quem nos vem instruir; a luz surge de toda parte. É todo um mundo novo que se
desdobra às nossas vistas. Assim como a invenção do microscópio nos revelou o
mundo dos infinitamente pequenos, de que não suspeitávamos; assim como o
telescópio nos revelou milhões de mundos de cuja existência também não
suspeitávamos, as comunicações espíritas nos revelam o mundo invisível que nos
cerca, nos acotovela constantemente e que, à nossa revelia, toma parte em tudo
o que fazemos. Decorrido que seja mais algum tempo, a existência desse mundo,
que nos espera, se tornará tão incontestável como a do mundo microscópico e dos
globos disseminados pelo espaço. Nada, então, valerá o nos terem feito conhecer
um mundo todo; o nos haverem iniciado nos mistérios da vida de além-túmulo? É
exato que essas descobertas, se se lhes pode dar este nome, contrariam algum
tanto certas ideias aceitas. Mas também não ocorre que, igualmente, todas as
grandes descobertas científicas modificaram, e até subverteram, muitas dentre
as mais acreditadas ideias? E o nosso amor-próprio não teve que se curvar
diante da evidência?
O mesmo acontecerá
com relação ao Espiritismo, que, em breve, gozará do direito de cidade entre os
conhecimentos humanos.
As comunicações
com os seres de além-túmulo deram em resultado fazer-nos compreender a vida
futura, fazer-nos vê-la, iniciar-nos no conhecimento das penas e gozos que nos
estão reservados, de acordo com os nossos méritos e, desse modo, encaminhar
para o espiritualismo os que no homem somente viam matéria, uma máquina
organizada. Razão, portanto, tivemos para dizer que o Espiritismo, com os
fatos, matou o materialismo. Fosse este o único resultado por ele produzido e
já muita gratidão lhe deveria a ordem social. Ele, porém, faz mais: mostra os
inevitáveis efeitos do mal e, conseguintemente, a necessidade do bem. Muito
maior do que se pensa é, e cresce todos os dias, o número dos que desviou do
mal, daqueles em que melhorou os sentimentos e neutralizou as más tendências. É
que para esses o futuro deixou de ser coisa imprecisa, simples esperança, por
se haver tornado uma verdade que se compreende e explica, quando se veem e
ouvem os que partiram lamentar-se ou felicitar-se pelo que fizeram na Terra.
Quem disso é testemunha põe-se a refletir e sente a necessidade de a si mesmo
se conhecer, julgar e emendar.
IX
Os adversários do
Espiritismo não se esqueceram de armar-se contra ele de algumas divergências de
opiniões sobre certos pontos de doutrina. Não é de admirar que, no início de
uma ciência, quando ainda são incompletas as observações e cada um a considera do
seu ponto de vista, apareçam sistemas contraditórios. Mas já três quartos
desses sistemas caíram diante de um estudo mais aprofundado, a começar pelo que
atribuía todas as comunicações ao Espírito do mal, como se a Deus fora
impossível enviar Espíritos bons aos homens: doutrina absurda, porque os fatos
a desmentem; ímpia, porque importa na negação do poder e da bondade do Criador.
Os Espíritos sempre disseram que nos não inquietássemos com essas divergências
e que a unidade se estabeleceria. Ora, a unidade já se fez quanto à maioria dos
pontos e as divergências tendem cada vez mais a desaparecer. Tendo-se-lhes
perguntado: enquanto se não faz a unidade, sobre que pode o homem imparcial e
desinteressado basear-se para formar juízo?
Eles responderam:
“Nuvem alguma
obscurece a luz verdadeiramente pura; o diamante sem jaça é o que tem mais
valor: julgai, pois, dos Espíritos pela pureza de seus ensinos. Não olvideis
que, entre eles, há os que ainda se não despojaram das ideias que levaram da
vida terrena. Sabei distingui-los pela linguagem de que usam. Julgai-os pelo
conjunto do que vos dizem. Vede se há encadeamento lógico nas suas ideias; se
nestas nada revela ignorância, orgulho ou malevolência; em suma, se suas
palavras trazem todas o cunho de sabedoria que a verdadeira superioridade
manifesta. Se o vosso mundo fosse inacessível ao erro, seria perfeito, e longe
disso se acha ele. Ainda estais aprendendo a distinguir do erro a verdade.
Precisais das lições da experiência para exercerdes vosso juízo e para fazer-vos
avançar. A unidade se produzirá do lado em que o bem jamais esteve de mistura
com o mal; desse lado é que os homens se coligarão pela força mesma das coisas,
porquanto reconhecerão que aí é que está a verdade.
“Aliás, que
importam algumas dissidências, mais de forma que de fundo! Notai que os
princípios fundamentais são os mesmos por toda parte e vos hão de unir num
pensamento comum: o amor de Deus e a prática do bem. Logo, quaisquer que se
suponham ser o modo de progressão ou as condições normais da existência futura,
o objetivo final é um só: fazer o bem. Ora, não há duas maneiras de fazê-lo.”
Se é certo que,
entre os adeptos do Espiritismo, se contam os que divergem de opinião sobre
alguns pontos da teoria, menos certo não é que todos estão de acordo quanto aos
pontos fundamentais. Há, portanto, unidade, excluídos apenas os que, em número
muito reduzido, ainda não admitem a intervenção dos Espíritos nas
manifestações, atribuindo-as ou a causas puramente físicas, o que é contrário
ao axioma segundo o qual todo efeito inteligente há de ter uma causa
inteligente; ou ainda a um reflexo do nosso próprio pensamento, o que os fatos
desmentem. Os outros pontos são secundários e em nada comprometem as bases
fundamentais. Pode, pois, haver escolas que procurem esclarecer-se acerca das
partes ainda controvertidas da ciência; porém não deve haver seitas rivais umas
das outras. Antagonismo só poderia existir entre os que querem o bem e os que
quisessem ou praticassem o mal. Ora, não há espírita sincero e compenetrado das
grandes máximas morais ensinadas pelos Espíritos que possa querer mal a seu
próximo, nem lhe desejar o mal, independentemente das opiniões dele. Se errônea
for alguma dessas escolas, cedo ou tarde a luz para ela brilhará, se a buscar
de boa-fé e sem prevenções. Enquanto isso não se dá, um laço comum existe que
deve unir a todas num só pensamento: a meta de todas é a mesma. Pouco, por
conseguinte, importa qual seja o caminho, contanto que conduza a essa meta.
Nenhuma escola deve impor-se por meio do constrangimento material ou moral, e
em caminho falso estaria unicamente aquela que lançasse anátema sobre outra,
porque então procederia evidentemente sob a influência de maus Espíritos. O
argumento supremo deve ser a razão. A moderação garantirá melhor a vitória da
verdade do que as diatribes envenenadas pela inveja e pelo ciúme. Os Espíritos
bons só pregam a união e o amor ao próximo, e nunca um pensamento malévolo ou
contrário à caridade pôde provir de fonte pura. Ouçamos sobre este assunto, e
para terminar, os conselhos do Espírito de Santo Agostinho:
“Por bem largo
tempo, os homens se têm estraçalhado e anatematizado mutuamente em nome de um
Deus de paz e misericórdia, ofendendo-o com semelhante sacrilégio. O
Espiritismo é o laço que um dia os unirá, porque lhes mostrará onde está a
verdade, onde o erro. Durante muito tempo, porém, ainda haverá escribas e
fariseus que o negarão, como negaram o Cristo. Quereis saber sob a influência
de que Espíritos estão as diversas seitas que entre si fizeram partilha do
mundo? Julgai-as pelas suas obras e pelos seus princípios. Jamais os Espíritos
bons foram os instigadores do mal; jamais aconselharam ou legitimaram o
assassínio e a violência; jamais estimularam os ódios dos partidos, nem a sede
das riquezas e das honras, nem a avidez dos bens da Terra. Os que são bons,
humanitários e benevolentes para com todos, esses os seus prediletos e os
prediletos de Jesus, porque seguem a estrada que lhes indicou para chegarem até
ele.” (Santo Agostinho.)
O Livro dos
Espíritos – Allan Kardec.
VI
Believing that
Spiritism derives its strength from physical manifestations during meetings and
that debunking those manifestations can bring about its downfall is to
oversimplify this theory. Its strength lies in its philosophy, and particularly
in its appeal to reason and common sense. In ancient times, it was the subject
of secret studies, carefully hidden from society. Today there are no secrets,
and Spiritism is out in the open, without ambiguity, mysticism, or allegories
that would be susceptible to false interpretation. The time has come for the
truth to be told and understood by all. Far from being opposed to enlightenment,
this revelation is intended for all human beings. It does not require blind
acceptance, but urges everyone to take stock of their own beliefs, and as its
teachings are based on reason, it will always be stronger than those that are
based on annihilation.
Can obstacles
intended to stop their production block spirit manifestations? No, because
these efforts only excite curiosity and the desire to study a forbidden
subject. If spirit manifestations were the privilege of a single individual,
they could easily be ended by simply preventing that person’s actions.
Unfortunately, for our adversaries, the production of these manifestations is
an inherent capability of every single member of society, from the poor to the
rich, from the greatest to the least and from the mansion to the hovel. The
prohibition of their performance in public would have little effect, as they
are most successfully produced in private anyway. Since anyone may be a medium,
how would it be possible to prevent a family in the privacy of their own home,
people in the silence of their own rooms, or even a prisoner in a cell, from
communicating with the spirits, in the very presence of those who try to
prevent them from doing so? If mediums were forbidden to exercise their
abilities in one country, how could they be stopped from practicing it
somewhere else in the world, since mediums exist in every nation on Earth? Half
the human race would need to be incarcerated in order to have any chance at
silencing all mediums. Even if it were possible to burn all the Spiritist books
in existence, they would immediately be reproduced because their source is
beyond the reach of attack, and it is impossible to imprison or burn the spirits
who are their real authors.
Spiritism is not
the work of one single individual; it is as old as creation itself. It is found
everywhere, in all religions, and even more so in Catholicism than in others.
The Catholic religion contains everything that constitutes Spiritism: the
existence of spirits of varying degrees, their secret and open relationships
with people, guardian angels, reincarnation, and the emancipation of the soul
during sleep, second sight, visions, and manifestations of every kind,
apparitions, even including tangible apparitions. As for demons, they are
nothing more than bad spirits. With the exception of the belief that the former
are doomed to wrongdoing forever, as the path of progress is never closed to
anyone, the only difference that exists is in terminology.
What does modern
Spiritism accomplish? It makes a whole of what has been scattered about in
pieces by explaining, in clear an precise terms what has been, up until now,
shrouded in allegory. It eliminates the products of superstition and ignorance
created by people, leaving only reality intact. This is its mission, of which
there is no founder. It highlights and coordinates what already exists, but
creates nothing new because its elements belong to every country and every age.
Who can fatter themselves by believing that they are strong enough to stifle it
by ridicule or persecution? If it were possible to destroy it in one place, it
would simply reappear in another or even in the exact same spot from which it
was banished. It exists in nature, and no one can obliterate a power of nature,
or veto God’s will.
What interest
could anyone possibly have in opposing Spiritism? These ideas are an objection
against the cruelty and mistreatment that spring from pride and selfishness,
which are profitable to the few and harmful to many. Therefore, Spiritism would
have the masses on its side, while its challengers would be those who support
the abuse it opposes. By their influence, these ideas make people more
compassionate towards one another, less greedy for material possessions, and
more submissive to God’s designs. It guarantees order and tranquility.
VII
Spiritism presents
three different aspects, namely, spirit manifestations, the philosophic and
moral principles deduced from these events, and the application of these
principles. Its adherents are divided into three classes or three degrees of
advancement. First, there are those who believe in the authenticity of the
spirit manifestations, and validate them as an experimental science. Second,
there are those who understand its moral bearings. Lastly, there are those who
practice, or at least try to practice, its moral code. Regardless of the
perspective, whether experimental, scientific, or moral, every one perceives
that they support an entirely different order of ideas, which must produce
profound modifications in the state of the humankind. Everyone also realizes
that these modifications can only be for good.
As for our
adversaries, they may also be grouped into three categories. First, there are
those who automatically deny whatever is new or whatever they do not initiate,
and who speak without knowing what they are talking about. Everyone who refuses
to admit anything beyond the scope of their senses belongs to this group. They
do not see anything, do not want to see anything, and are even more unwilling
to delve into anything. These individuals are in fact, unwilling to see too
clearly, for fear of being forced to admit that they are mistaken. For them,
Spiritism is highly improbable, insane, utopian, and does not exist, period.
They are willfully incredulous. In this group we may also include those who
have glanced at the subject, merely to say, “I tried, but I was not able to
find any merit here” and who do not seem to be aware that half an hour is not
enough time to learn a new field of science. Second, there are those who,
although perfectly aware of the legitimacy of the phenomena, oppose it out of
self-interested motives. They know that Spiritism is true, but they attack it
because they fear its consequences. Third, there are those who find the moral
rules of Spiritism to be an extremely severe condemnation of their actions and
habits. Seriously acknowledging Spiritism is an inconvenience they neither
reject nor accept it, but prefer to close their eyes to it. The first class is
swayed by pride and conjecture; the second by ambition; the third by
selfishness. This opposition disappears over time. We should then seek a fourth
class of antagonists, those who base their antagonism on a careful and thorough
examination, providing positive and irrefutable evidence of its falsehood.
It is too much to
expect of human nature that it can be changed suddenly by Spiritist ideas.
Undoubtedly, the actions are not the same, or equally powerful, in people who
support these ideas. Nevertheless, their result, however slight it may be, is
always beneficial, if only by proving the existence of an extra-corporeal
world, and disproving the opposing materialistic doctrines. Mere observation of
Spiritist phenomena can yield the same result. However, it produces other
effects in people who understand its philosophy and see something more than
curious phenomena. The first and most common is the development of religious
notions, even in those who are indifferent to spiritual things, and even if
they are not materialists. This sentiment leads to a disregard for death – not
a desire for death because a Spiritist defends his or her life like anyone
else. It is an indifference that causes the person to accept death, when
inevitable, with resignation and without regret, as something to be welcomed
rather than feared, due to the belief in life after death. The second effect is
acceptance of the vicissitudes of life. Spiritism leads us to consider issues
from such an elevated perspective that the significance of physical life
lessens proportionally, and we are less painfully affected by its trials and
tribulations. The consequence is that we have more courage when we face
adversity, more moderation in our desires, and a more strongly rooted disgust
for the idea of shortening our lives. Spiritism teaches that suicide always
results in the loss of what we hoped to obtain. The certainty that there is a
future life, that it correlates directly with our deeds and the possibility of
meeting loved ones in the afterlife gives Spiritists solace. Likewise, a continual
observance of life beyond the grave and understanding of what has been a
mystery up to now amplifies one’s horizons infinitely. The third effect is to
encourage indulgence and understanding for the flaws of others. However, it
must be admitted that selfishness is one of the most persistent human traits
and more difficult to uproot than others. We are willing to make sacrifices if
they cost nothing, and provided that they impose no deprivation. Money
exercises an irresistible attraction and very few understand the word luxury
when it relates to themselves. Thus, the renunciation of the self is the most
eminent sign of progress.
VIII
Some ask whether
spirits teach us anything new in relation to morality, anything greater than
what Christ taught. If the Spiritist moral code is none other than that of the
Scriptures, does it serve any purpose? This method of reasoning is like that of
Caliph Omar, in speaking of the Library of Alexandria, “If,” he said, “it
contains only what is found in the Quran, it is useless, and in that case it
must be burned. If it contains anything that is not found in the Quran, it is
bad, and in that case, it also must be burned.” No, Spiritism does not preach a
moral code that is different from that of Jesus. In turn, haven’t the law of
God already been given by Moses to humanity before the time of Christ? Is the
doctrine embodied by the Ten Commandments not the same as Christ’s? Has it ever
been proposed that Jesus’ moral teachings are useless because of this? To those
who deny the usefulness of Spiritism, we ask the following question: why it is
that Christ’s moral teachings are so rarely practiced, and why is it that those
who rightly praise their value are the first to violate his paramount law of
universal charity? Not only do the spirits now confirm it, but they also show
us its practical utility. They make clear and intelligible the truths that were
previously taught as allegories, and alongside with the eternal truths of
morality they also provide us with the solution to the most abstract
psychological problems.
Jesus came to show
humanity the road to true goodness. Since God sent him to remind human beings
of the Divine law they had forgotten, why should God not send spirits to remind
them again, with greater precision, now that they are forgetting it because
they have sacrificed everything for pride and greed? Who would dare to take it
upon oneself to limit God’s power, or to dictate Divine ways? Who can say that
the appointed time has not arrived, as declared by the spirits, when previously
unknown or misunderstood truths must be openly made known to hasten humanity’s
advancement? Isn’t there something evidently Divine in the fact that spirit
manifestations are occurring in every corner of the globe? It is not the case that
a single person or prophet comes to enlighten us, but instead, it is the case
that light is breaking all around and a new world is being unfurled right
before our eyes. In the same manner that the invention of the microscope
revealed an infinitely small world, the existence of which was unsuspected
until then. Similarly, the telescope revealed thousands of worlds, the
existence of which we never suspected, spirit communications today are
revealing the existence of an invisible world surrounding us. A world that is
incessantly in contact with us and that takes part in everything we do,
completely unbeknownst to us. Soon the existence of that world, which is the
ultimate destiny for all of us, will be as indisputable as the existence of
both the microscopic world and the infinity of the universe. Is the revelation
of a new world worth nothing? Is the introduction of the mysteries of life
beyond the grave worthless? Granted, it is also true that these revelations, if
they can be called such, conflict with certain established notions that we had,
but haven’t all great scientific discoveries changed and even rescinded ideas
that were fully accepted worldwide? Were our pride not forced to yield to
evidence? The same will happen with Spiritism, which will soon assume its place
among the other branches of human knowledge.
Our communications
with the beings from the world beyond the grave enables us to see and
understand our future life. They gives us a taste of both the joys and sorrows
that await us depending on our merits, and brings Spiritualism back to those
who had reduced humanity to the status of an organized machine. We are
therefore justified in asserting that the facts of Spiritism have effectively
killed materialism. Had Spiritism done nothing more than this, it would be
entitled to recognition, but it has done much more because it has shown the
inevitable results of wrongdoings, and, consequently, the necessity of
goodness. The number of people Spiritism has brought back to a propensity of
goodness, whose bad inclinations were neutralized, and whom it has turned away
from wrongdoing, is already larger than assumed, and continues to grow every
day. The future is a fact, the reality of which is felt and understood when we
see and hear those who have left us mourning or celebrating what they did when
they were on Earth. It is no longer vague or a mere hope. Everyone who
witnesses these communications begins to reflect and feel the need for
self-examination, self-judgment and self-improvement.
IX
Opponents of
Spiritism have used the differences of opinions among Spiritists, on certain
doctrinal points, as weapons against it. It is not surprising that, at the
beginning of a new science when the preliminary observations are still
incomplete, the subject is analyzed from different perspectives, and that
contradictory theories are then put forward. Nonetheless, a thorough study of
the facts in question has already deflated three fourths of such theories,
starting with that which attributes all spirit communications to bad spirits,
as though it were impossible for God to send good spirits. This theory is
absurd because it contradicts the facts, and blasphemous because it denies
God’s power and goodness. The spirits have always advised us not to worry about
the differences of opinion existing among Spiritists, assuring us that harmony
will eventually reign. Now, we see that this harmony, with respect to most of
the points at issue, has already been established and that the remaining
conflicting opinions are disappearing day by day. To the question, “While
awaiting the establishment of harmony, upon what basis can an impartial and
fair-minded individual form an opinion regarding the relative merits of the
various theories suggested by the spirits?” The following reply was given:
“The purest light
is not obscured by any cloud; the most precious diamond is the one that is
flawless. Judge the spirits based on the purity of their teachings. Do not
forget that there are many who have not yet freed themselves from their earthly
ideas. Learn to distinguish them by their language; judge them by the sum total
of what they say; see whether there is a logical sequence in their ideas;
verify that nothing betrays ignorance, pride or malice. Ultimately, if their
communications always bear the stamp of wisdom it is proof of true superiority.
If errors did not exist in your world, it would be perfect, but it is far from
being so. You still have to learn to distinguish error from truth and need
experience to exercise your judgment in order to advance. Harmony is achieved
when good is not mixed with iniquity and when people rally spontaneously to
that principle, because they consider it to be the truth.
Moreover, never mind a few dissidents whose objections are more in form than in depth. Observe that the fundamental principles are the same everywhere, and should unite you all in a common bond: the love of God and the practice of goodness. Regardless of the method of progression and the normal conditions of your future existence, the ultimate goal is still the same: to do right, and there are not two ways of doing it.”
There may be
differences of opinion among Spiritists about a few theoretical points.
However, all of them agree on the fundamentals principles. Harmony already
exists among them, with the exception of a very small number of people who do
not yet admit the participation of spirits in the manifestations. They
attribute them to either purely physical causes, which contradicts a
fundamental Spiritist assertion that, ‘Every intelligent effect must have an
intelligent cause,’or to the refection of our own thought, which is disproved
by the facts. The other points are merely secondary and have nothing to do with
the essential core. So there may be schools that seek to illuminate the still
controversial parts of science, but there must not be rival sects. Opposition
should only exist between those who desire good, and those who desire or do
bad. A person who sincerely adopts the moral principles established by
Spiritism can neither desire wickedness nor wish ill upon his or her neighbor,
regardless of opinion. If any school of thought is wrong, enlightenment will
come soon enough if its practitioners want it honestly without clutching to
preconceived notions. In the meantime, everyone has a common bond that should
unite all in the same sentiment. They all have a common goal, and the road
traveled is irrelevant, provided it leads to the same destination. No one
should attempt to force their opinion upon others, whether pertaining to physical
or moral constraints, and anyone who would hurl insults or curses at another
would clearly be in the wrong, obviously acting under the influence of bad
spirits. Reason is the best argument, and moderation does more to ensure the
triumph of the truth than attacks tainted by envy and jealousy. Good spirits
exhort us to strive to live in harmony and to learn to love our neighbor, and
nothing malicious or uncharitable can ever come from a pure source. In this
regard and as a fitting conclusion to this book, we share the following words
from the spirit of Saint Augustine:
“Human beings have
torn one another to shreds for long enough, cursing each other in the name of a
peaceful and merciful God, whom they insult by committing such a sacrilege.
Spiritism is the link that will one day form a bond between them, by showing what
is truth and what is error. However, there will still be scribes and Pharisees
who will reject it for a very long time, exactly as they rejected Christ. Would
you like to know what spirits influence the various groups dividing 382 Allan
Kardec - The Spirits’ Book the current inhabitants of this world? Judge them by
their deeds and principles. Good spirits never incite evil. They never advise
or condone murder and violence. They never stimulate hatred, thirst for wealth
and honors, or greed for earthly possessions. Those who are kind, humane and
compassionate to all are not only friends of good spirits, but Jesus as well
because they are following the road that he has shown will lead to him.” —
Saint Augustine.
The Spirits’ Book –
Allan Kardec.
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