sexta-feira, 9 de agosto de 2024

CONCLUSÃO / CONCLUSION – (VI a IX) Santo Agostinho / Saint Augustine.

VI

Falsíssima ideia formaria do Espiritismo quem julgasse que a sua força lhe vem da prática das manifestações materiais e que, portanto, obstando-se a tais manifestações, se lhe terá minado a base. Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom-senso. Na antiguidade, era objeto de estudos misteriosos, que cuidadosamente se ocultavam do vulgo. Hoje, para ninguém tem segredos. Fala uma linguagem clara, sem ambiguidades. Nada há nele de místico, nada de alegorias suscetíveis de falsas interpretações. Quer ser por todos compreendido, porque chegados são os tempos de fazer-se que os homens conheçam a verdade. Longe de se opor à difusão da luz, deseja-a para todo o mundo. Não reclama crença cega; quer que o homem saiba por que crê. Apoiando-se na razão, será sempre mais forte do que os que se apoiam no nada. Os obstáculos que tentassem oferecer à liberdade das manifestações poderiam abafá-las? Não, porque produziriam o efeito de todas as perseguições: o de excitar a curiosidade e o desejo de conhecer o que foi proibido. De outro lado, se as manifestações espíritas fossem privilégio de um único homem, sem dúvida que, segregado esse homem, as manifestações cessariam. Infelizmente para os seus adversários, elas estão ao alcance de toda gente e todos a elas recorrem, desde o mais pequenino até o mais graduado, desde o palácio até a mansarda. Poderão proibir que sejam obtidas em público. Sabe-se, porém, precisamente que em público não é onde melhor se dão e sim na intimidade. Ora, podendo todos ser médiuns, quem poderá impedir que uma família, no seu lar; um indivíduo, no silêncio de seu gabinete; o prisioneiro, no seu cubículo, entrem em comunicação com os Espíritos, a despeito dos esbirros e mesmo na presença deles? Se as proibirem num país, poderão obstar a que se verifiquem nos países vizinhos, no mundo inteiro, uma vez que nos dois hemisférios não há lugar onde não existam médiuns? Para se encarcerarem todos os médiuns, seria preciso que se encarcerasse a metade do gênero humano. Chegassem mesmo, o que não seria mais fácil, a queimar todos os livros espíritas e no dia seguinte estariam reproduzidos, porque inatacável é a fonte donde dimanam e porque ninguém pode encarcerar ou queimar os Espíritos, seus verdadeiros autores.

O Espiritismo não é obra de um homem. Ninguém pode inculcar-se como seu criador, pois tão antigo é ele quanto a criação. Encontramo-lo por toda parte, em todas as religiões, principalmente na religião católica e aí com mais autoridade do que em todas as outras, porquanto nela se nos depara o princípio de tudo que há nele: os Espíritos em todos os graus de elevação, suas relações ocultas e ostensivas com os homens, os anjos guardiães, a reencarnação, a emancipação da alma durante a vida, a dupla vista, todos os gêneros de manifestações, as aparições e até as aparições tangíveis. Quanto aos demônios, esses não são senão os maus Espíritos e, salvo a crença de que aqueles foram destinados a permanecer perpetuamente no mal, ao passo que a senda do progresso se conserva aberta aos segundos, não há entre uns e outros mais do que simples diferença de nomes.

Que faz a moderna ciência espírita? Reúne em corpo de doutrina o que estava esparso: explica, com os termos próprios, o que só era dito em linguagem alegórica; poda o que a superstição e a ignorância engendraram, para só deixar o que é real e positivo. Esse o seu papel; o de fundadora não lhe pertence. Mostra o que existe, coordena, porém não cria, porque suas bases são de todos os tempos e de todos os lugares. Quem, pois, ousaria considerar-se bastante forte para abafá-la com sarcasmos, ou, ainda, com perseguições? Se a prescreverem de um lado, renascerá noutras partes, no próprio terreno donde a tenham banido, porque ela está na natureza e ao homem não é dado aniquilar uma potência da natureza, nem opor veto aos decretos de Deus.

Que interesse, aos demais, haveria em obstar-se a propagação das ideias espíritas? É exato que elas se erguem contra os abusos que nascem do orgulho e do egoísmo. Mas, se é certo que desses abusos há quem aproveite, à coletividade humana eles prejudicam. A coletividade, portanto, será favorável a tais ideias, contando-se-lhes por adversários sérios apenas os interessados em manter aqueles abusos. As ideias espíritas, ao contrário, são um penhor de ordem e tranquilidade, porque, pela sua influência, os homens se tornam melhores uns para com os outros, menos ávidos das coisas materiais e mais resignados aos decretos da Providência.

VII

O Espiritismo se apresenta sob três aspectos diferentes: o fato das manifestações, os princípios de filosofia e de moral que delas decorrem e a aplicação desses princípios. Daí, três classes, ou, antes, três graus de adeptos: 1o, os que creem nas manifestações e se limitam a comprová-las; para esses, o Espiritismo é uma ciência experimental; 2o, os que lhe percebem as consequências morais; 3o, os que praticam ou se esforçam por praticar essa moral. Qualquer que seja o ponto de vista, científico ou moral, sob que considerem esses estranhos fenômenos, todos compreendem constituírem eles uma ordem inteiramente nova de ideias, cujas consequências não podem deixar de ser uma profunda modificação no estado da humanidade. Compreendem também que essa modificação se dá exclusivamente no sentido do bem.

Quanto aos adversários, também podemos classificá-los em três categorias: 1a, a dos que negam sistematicamente tudo o que é novo, ou deles não venha, e que falam sem conhecimento de causa. A essa classe pertencem todos os que não admitem senão o que possa ter o testemunho dos sentidos. Nada viram, nada querem ver e ainda menos aprofundar. Ficariam mesmo aborrecidos se vissem as coisas muito claramente, porque forçoso lhes seria convir em que não têm razão. Para eles, o Espiritismo é uma quimera, uma loucura, uma utopia, não existe: está dito tudo. São os incrédulos de opinião formada. Ao lado desses, podem colocar-se os que se dignaram dar uma olhada nos fatos, por desencargo de consciência, a fim de poderem dizer: Quis ver e nada vi. Não compreendem que seja preciso mais de meia hora para alguém se inteirar de uma ciência. — 2a, a dos que, sabendo muito bem o que pensar da realidade dos fatos, os combatem, todavia, por motivos de interesse pessoal. Para estes, o Espiritismo existe, mas lhes receiam as consequências. Atacam-no como a um inimigo. – 3a, a dos que acham na moral espírita uma censura por demais severa aos seus atos ou às suas tendências. Tomado a sério, o Espiritismo os embaraçaria; não o rejeitam, nem o aprovam: preferem fechar os olhos. Os primeiros são movidos pelo orgulho e pela presunção; os segundos, pela ambição; os terceiros, pelo egoísmo. Concebe-se que, nenhuma solidez tendo, essas causas de oposição deverão desaparecer com o tempo, pois em vão procuraríamos uma quarta classe de antagonistas, a dos que em patentes provas contrárias se apoiassem, demonstrando estudo laborioso e porfiado da questão. Todos apenas opõem a negação, nenhum aduz demonstração séria e irrefutável.

Seria presumir demais da natureza humana supor que ela possa transformar-se de súbito, por efeito das ideias espíritas. A ação que estas exercem não é certamente idêntica, nem do mesmo grau, em todos os que as professam. Qualquer que seja o caso, porém, o resultado dessa ação, mesmo que fraco, representa sempre uma melhora. Será, quando menos, o de dar a prova da existência de um mundo extracorpóreo, o que implica a negação das doutrinas materialistas. Isso é a própria consequência da observação dos fatos. Porém para os que compreendem o Espiritismo filosófico, e nele veem outra coisa que não somente fenômenos mais ou menos curiosos, tem ainda outros efeitos. O primeiro, e mais geral, consiste em desenvolver o sentimento religioso até naquele que, sem ser materialista, olha com indiferença para as questões espirituais. Daí lhe advém o desprezo pela morte. Não dizemos o desejo de morrer; longe disso, porquanto o espírita defenderá sua vida como qualquer outro; mas uma indiferença que o leva a aceitar, sem queixa, nem pesar, uma morte inevitável, como coisa mais de alegrar do que de temer, pela certeza que tem do estado que se lhe segue. O segundo efeito, quase tão geral quanto o primeiro, é a resignação nas vicissitudes da vida. O Espiritismo dá a ver as coisas de tão alto, que, perdendo a vida terrena três quartas partes da sua importância, o homem não se aflige tanto com as tribulações que a acompanham. Daí, mais coragem nas aflições, mais moderação nos desejos. Daí, também, o banimento da ideia de abreviar os dias da existência, pois a ciência espírita ensina que, pelo suicídio, sempre se perde o que se queria ganhar. A certeza de um futuro que de nós mesmos depende tornar feliz, a possibilidade de estabelecermos relações com os entes que nos são caros, oferecem ao espírita suprema consolação. O horizonte se lhe dilata ao infinito, graças ao espetáculo, a que assiste incessantemente, da vida de além-túmulo, cujas misteriosas profundezas lhe é facultado sondar. O terceiro efeito do Espiritismo é o de estimular no homem a indulgência para com os defeitos alheios. Todavia, cumpre dizê-lo, o princípio egoísta e tudo que dele decorre são o que há de mais tenaz no homem e, por conseguinte, de mais difícil de desarraigar. Toda gente faz sacrifícios com prazer, contanto que nada custem e de nada privem. Para a maioria dos homens, o dinheiro tem ainda irresistível atrativo, e bem poucos compreendem a palavra supérfluo quando se trata de si. Por isso mesmo, a abnegação da personalidade constitui sinal do mais eminente progresso.

VIII

Perguntam algumas pessoas: ensinam os Espíritos uma moral nova, alguma coisa superior ao que disse o Cristo? Se a moral deles não é senão a do Evangelho, de que serve o Espiritismo? Esse raciocínio se assemelha notavelmente ao do califa Omar, com relação à biblioteca de Alexandria: “Se ela não contém, dizia ele, mais do que o que está no Alcorão, é inútil. Logo deve ser queimada. Se contém coisa diversa, é nociva. Logo, também deve ser queimada.” Não, o Espiritismo não traz moral diferente da de Jesus. Mas, perguntamos, por nossa vez: antes que viesse o Cristo, não tinham os homens a lei dada por Deus a Moisés? A doutrina do Cristo não se acha contida no Decálogo? Dir-se-á, por isso, que a moral de Jesus era inútil? Perguntaremos, ainda, aos que negam utilidade à moral espírita: por que tão pouco praticada é a do Cristo? E por que, exatamente os que com justiça lhe proclamam a sublimidade, são os primeiros a violar-lhe o preceito capital: o da caridade universal? Os Espíritos vêm não só confirmá-la, mas também mostrar-nos a sua utilidade prática. Tornam inteligíveis e patentes verdades que só haviam sido ensinadas sob a forma alegórica. E, juntamente com a moral, trazem-nos a definição dos mais abstratos problemas da psicologia.

Jesus veio mostrar aos homens o caminho do verdadeiro bem. Por que, tendo-o enviado para fazer lembrada sua lei que estava esquecida, não haveria Deus de enviar hoje os Espíritos, a fim de a lembrarem novamente aos homens, e com maior precisão, quando eles a olvidam, para tudo sacrificar ao orgulho e à cobiça? Quem ousaria pôr limites ao poder de Deus e traçar-lhe normas? Quem nos diz que, como o afirmam os Espíritos, não estão chegados os tempos preditos, e que não chegamos aos em que verdades mal compreendidas, ou falsamente interpretadas, devam ser ostensivamente reveladas ao gênero humano, para lhe apressar o adiantamento? Não haverá alguma coisa de providencial nessas manifestações que se produzem simultaneamente em todos os pontos do globo? Não é um único homem, um profeta, quem nos vem instruir; a luz surge de toda parte. É todo um mundo novo que se desdobra às nossas vistas. Assim como a invenção do microscópio nos revelou o mundo dos infinitamente pequenos, de que não suspeitávamos; assim como o telescópio nos revelou milhões de mundos de cuja existência também não suspeitávamos, as comunicações espíritas nos revelam o mundo invisível que nos cerca, nos acotovela constantemente e que, à nossa revelia, toma parte em tudo o que fazemos. Decorrido que seja mais algum tempo, a existência desse mundo, que nos espera, se tornará tão incontestável como a do mundo microscópico e dos globos disseminados pelo espaço. Nada, então, valerá o nos terem feito conhecer um mundo todo; o nos haverem iniciado nos mistérios da vida de além-túmulo? É exato que essas descobertas, se se lhes pode dar este nome, contrariam algum tanto certas ideias aceitas. Mas também não ocorre que, igualmente, todas as grandes descobertas científicas modificaram, e até subverteram, muitas dentre as mais acreditadas ideias? E o nosso amor-próprio não teve que se curvar diante da evidência?

O mesmo acontecerá com relação ao Espiritismo, que, em breve, gozará do direito de cidade entre os conhecimentos humanos.

As comunicações com os seres de além-túmulo deram em resultado fazer-nos compreender a vida futura, fazer-nos vê-la, iniciar-nos no conhecimento das penas e gozos que nos estão reservados, de acordo com os nossos méritos e, desse modo, encaminhar para o espiritualismo os que no homem somente viam matéria, uma máquina organizada. Razão, portanto, tivemos para dizer que o Espiritismo, com os fatos, matou o materialismo. Fosse este o único resultado por ele produzido e já muita gratidão lhe deveria a ordem social. Ele, porém, faz mais: mostra os inevitáveis efeitos do mal e, conseguintemente, a necessidade do bem. Muito maior do que se pensa é, e cresce todos os dias, o número dos que desviou do mal, daqueles em que melhorou os sentimentos e neutralizou as más tendências. É que para esses o futuro deixou de ser coisa imprecisa, simples esperança, por se haver tornado uma verdade que se compreende e explica, quando se veem e ouvem os que partiram lamentar-se ou felicitar-se pelo que fizeram na Terra. Quem disso é testemunha põe-se a refletir e sente a necessidade de a si mesmo se conhecer, julgar e emendar.

IX

Os adversários do Espiritismo não se esqueceram de armar-se contra ele de algumas divergências de opiniões sobre certos pontos de doutrina. Não é de admirar que, no início de uma ciência, quando ainda são incompletas as observações e cada um a considera do seu ponto de vista, apareçam sistemas contraditórios. Mas já três quartos desses sistemas caíram diante de um estudo mais aprofundado, a começar pelo que atribuía todas as comunicações ao Espírito do mal, como se a Deus fora impossível enviar Espíritos bons aos homens: doutrina absurda, porque os fatos a desmentem; ímpia, porque importa na negação do poder e da bondade do Criador. Os Espíritos sempre disseram que nos não inquietássemos com essas divergências e que a unidade se estabeleceria. Ora, a unidade já se fez quanto à maioria dos pontos e as divergências tendem cada vez mais a desaparecer. Tendo-se-lhes perguntado: enquanto se não faz a unidade, sobre que pode o homem imparcial e desinteressado basear-se para formar juízo?

Eles responderam:

“Nuvem alguma obscurece a luz verdadeiramente pura; o diamante sem jaça é o que tem mais valor: julgai, pois, dos Espíritos pela pureza de seus ensinos. Não olvideis que, entre eles, há os que ainda se não despojaram das ideias que levaram da vida terrena. Sabei distingui-los pela linguagem de que usam. Julgai-os pelo conjunto do que vos dizem. Vede se há encadeamento lógico nas suas ideias; se nestas nada revela ignorância, orgulho ou malevolência; em suma, se suas palavras trazem todas o cunho de sabedoria que a verdadeira superioridade manifesta. Se o vosso mundo fosse inacessível ao erro, seria perfeito, e longe disso se acha ele. Ainda estais aprendendo a distinguir do erro a verdade. Precisais das lições da experiência para exercerdes vosso juízo e para fazer-vos avançar. A unidade se produzirá do lado em que o bem jamais esteve de mistura com o mal; desse lado é que os homens se coligarão pela força mesma das coisas, porquanto reconhecerão que aí é que está a verdade.

“Aliás, que importam algumas dissidências, mais de forma que de fundo! Notai que os princípios fundamentais são os mesmos por toda parte e vos hão de unir num pensamento comum: o amor de Deus e a prática do bem. Logo, quaisquer que se suponham ser o modo de progressão ou as condições normais da existência futura, o objetivo final é um só: fazer o bem. Ora, não há duas maneiras de fazê-lo.”

Se é certo que, entre os adeptos do Espiritismo, se contam os que divergem de opinião sobre alguns pontos da teoria, menos certo não é que todos estão de acordo quanto aos pontos fundamentais. Há, portanto, unidade, excluídos apenas os que, em número muito reduzido, ainda não admitem a intervenção dos Espíritos nas manifestações, atribuindo-as ou a causas puramente físicas, o que é contrário ao axioma segundo o qual todo efeito inteligente há de ter uma causa inteligente; ou ainda a um reflexo do nosso próprio pensamento, o que os fatos desmentem. Os outros pontos são secundários e em nada comprometem as bases fundamentais. Pode, pois, haver escolas que procurem esclarecer-se acerca das partes ainda controvertidas da ciência; porém não deve haver seitas rivais umas das outras. Antagonismo só poderia existir entre os que querem o bem e os que quisessem ou praticassem o mal. Ora, não há espírita sincero e compenetrado das grandes máximas morais ensinadas pelos Espíritos que possa querer mal a seu próximo, nem lhe desejar o mal, independentemente das opiniões dele. Se errônea for alguma dessas escolas, cedo ou tarde a luz para ela brilhará, se a buscar de boa-fé e sem prevenções. Enquanto isso não se dá, um laço comum existe que deve unir a todas num só pensamento: a meta de todas é a mesma. Pouco, por conseguinte, importa qual seja o caminho, contanto que conduza a essa meta. Nenhuma escola deve impor-se por meio do constrangimento material ou moral, e em caminho falso estaria unicamente aquela que lançasse anátema sobre outra, porque então procederia evidentemente sob a influência de maus Espíritos. O argumento supremo deve ser a razão. A moderação garantirá melhor a vitória da verdade do que as diatribes envenenadas pela inveja e pelo ciúme. Os Espíritos bons só pregam a união e o amor ao próximo, e nunca um pensamento malévolo ou contrário à caridade pôde provir de fonte pura. Ouçamos sobre este assunto, e para terminar, os conselhos do Espírito de Santo Agostinho:

“Por bem largo tempo, os homens se têm estraçalhado e anatematizado mutuamente em nome de um Deus de paz e misericórdia, ofendendo-o com semelhante sacrilégio. O Espiritismo é o laço que um dia os unirá, porque lhes mostrará onde está a verdade, onde o erro. Durante muito tempo, porém, ainda haverá escribas e fariseus que o negarão, como negaram o Cristo. Quereis saber sob a influência de que Espíritos estão as diversas seitas que entre si fizeram partilha do mundo? Julgai-as pelas suas obras e pelos seus princípios. Jamais os Espíritos bons foram os instigadores do mal; jamais aconselharam ou legitimaram o assassínio e a violência; jamais estimularam os ódios dos partidos, nem a sede das riquezas e das honras, nem a avidez dos bens da Terra. Os que são bons, humanitários e benevolentes para com todos, esses os seus prediletos e os prediletos de Jesus, porque seguem a estrada que lhes indicou para chegarem até ele.” (Santo Agostinho.)

O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.

VI

Believing that Spiritism derives its strength from physical manifestations during meetings and that debunking those manifestations can bring about its downfall is to oversimplify this theory. Its strength lies in its philosophy, and particularly in its appeal to reason and common sense. In ancient times, it was the subject of secret studies, carefully hidden from society. Today there are no secrets, and Spiritism is out in the open, without ambiguity, mysticism, or allegories that would be susceptible to false interpretation. The time has come for the truth to be told and understood by all. Far from being opposed to enlightenment, this revelation is intended for all human beings. It does not require blind acceptance, but urges everyone to take stock of their own beliefs, and as its teachings are based on reason, it will always be stronger than those that are based on annihilation.

Can obstacles intended to stop their production block spirit manifestations? No, because these efforts only excite curiosity and the desire to study a forbidden subject. If spirit manifestations were the privilege of a single individual, they could easily be ended by simply preventing that person’s actions. Unfortunately, for our adversaries, the production of these manifestations is an inherent capability of every single member of society, from the poor to the rich, from the greatest to the least and from the mansion to the hovel. The prohibition of their performance in public would have little effect, as they are most successfully produced in private anyway. Since anyone may be a medium, how would it be possible to prevent a family in the privacy of their own home, people in the silence of their own rooms, or even a prisoner in a cell, from communicating with the spirits, in the very presence of those who try to prevent them from doing so? If mediums were forbidden to exercise their abilities in one country, how could they be stopped from practicing it somewhere else in the world, since mediums exist in every nation on Earth? Half the human race would need to be incarcerated in order to have any chance at silencing all mediums. Even if it were possible to burn all the Spiritist books in existence, they would immediately be reproduced because their source is beyond the reach of attack, and it is impossible to imprison or burn the spirits who are their real authors.

Spiritism is not the work of one single individual; it is as old as creation itself. It is found everywhere, in all religions, and even more so in Catholicism than in others. The Catholic religion contains everything that constitutes Spiritism: the existence of spirits of varying degrees, their secret and open relationships with people, guardian angels, reincarnation, and the emancipation of the soul during sleep, second sight, visions, and manifestations of every kind, apparitions, even including tangible apparitions. As for demons, they are nothing more than bad spirits. With the exception of the belief that the former are doomed to wrongdoing forever, as the path of progress is never closed to anyone, the only difference that exists is in terminology.

What does modern Spiritism accomplish? It makes a whole of what has been scattered about in pieces by explaining, in clear an precise terms what has been, up until now, shrouded in allegory. It eliminates the products of superstition and ignorance created by people, leaving only reality intact. This is its mission, of which there is no founder. It highlights and coordinates what already exists, but creates nothing new because its elements belong to every country and every age. Who can fatter themselves by believing that they are strong enough to stifle it by ridicule or persecution? If it were possible to destroy it in one place, it would simply reappear in another or even in the exact same spot from which it was banished. It exists in nature, and no one can obliterate a power of nature, or veto God’s will.

What interest could anyone possibly have in opposing Spiritism? These ideas are an objection against the cruelty and mistreatment that spring from pride and selfishness, which are profitable to the few and harmful to many. Therefore, Spiritism would have the masses on its side, while its challengers would be those who support the abuse it opposes. By their influence, these ideas make people more compassionate towards one another, less greedy for material possessions, and more submissive to God’s designs. It guarantees order and tranquility.

VII

Spiritism presents three different aspects, namely, spirit manifestations, the philosophic and moral principles deduced from these events, and the application of these principles. Its adherents are divided into three classes or three degrees of advancement. First, there are those who believe in the authenticity of the spirit manifestations, and validate them as an experimental science. Second, there are those who understand its moral bearings. Lastly, there are those who practice, or at least try to practice, its moral code. Regardless of the perspective, whether experimental, scientific, or moral, every one perceives that they support an entirely different order of ideas, which must produce profound modifications in the state of the humankind. Everyone also realizes that these modifications can only be for good.

As for our adversaries, they may also be grouped into three categories. First, there are those who automatically deny whatever is new or whatever they do not initiate, and who speak without knowing what they are talking about. Everyone who refuses to admit anything beyond the scope of their senses belongs to this group. They do not see anything, do not want to see anything, and are even more unwilling to delve into anything. These individuals are in fact, unwilling to see too clearly, for fear of being forced to admit that they are mistaken. For them, Spiritism is highly improbable, insane, utopian, and does not exist, period. They are willfully incredulous. In this group we may also include those who have glanced at the subject, merely to say, “I tried, but I was not able to find any merit here” and who do not seem to be aware that half an hour is not enough time to learn a new field of science. Second, there are those who, although perfectly aware of the legitimacy of the phenomena, oppose it out of self-interested motives. They know that Spiritism is true, but they attack it because they fear its consequences. Third, there are those who find the moral rules of Spiritism to be an extremely severe condemnation of their actions and habits. Seriously acknowledging Spiritism is an inconvenience they neither reject nor accept it, but prefer to close their eyes to it. The first class is swayed by pride and conjecture; the second by ambition; the third by selfishness. This opposition disappears over time. We should then seek a fourth class of antagonists, those who base their antagonism on a careful and thorough examination, providing positive and irrefutable evidence of its falsehood.

It is too much to expect of human nature that it can be changed suddenly by Spiritist ideas. Undoubtedly, the actions are not the same, or equally powerful, in people who support these ideas. Nevertheless, their result, however slight it may be, is always beneficial, if only by proving the existence of an extra-corporeal world, and disproving the opposing materialistic doctrines. Mere observation of Spiritist phenomena can yield the same result. However, it produces other effects in people who understand its philosophy and see something more than curious phenomena. The first and most common is the development of religious notions, even in those who are indifferent to spiritual things, and even if they are not materialists. This sentiment leads to a disregard for death – not a desire for death because a Spiritist defends his or her life like anyone else. It is an indifference that causes the person to accept death, when inevitable, with resignation and without regret, as something to be welcomed rather than feared, due to the belief in life after death. The second effect is acceptance of the vicissitudes of life. Spiritism leads us to consider issues from such an elevated perspective that the significance of physical life lessens proportionally, and we are less painfully affected by its trials and tribulations. The consequence is that we have more courage when we face adversity, more moderation in our desires, and a more strongly rooted disgust for the idea of shortening our lives. Spiritism teaches that suicide always results in the loss of what we hoped to obtain. The certainty that there is a future life, that it correlates directly with our deeds and the possibility of meeting loved ones in the afterlife gives Spiritists solace. Likewise, a continual observance of life beyond the grave and understanding of what has been a mystery up to now amplifies one’s horizons infinitely. The third effect is to encourage indulgence and understanding for the flaws of others. However, it must be admitted that selfishness is one of the most persistent human traits and more difficult to uproot than others. We are willing to make sacrifices if they cost nothing, and provided that they impose no deprivation. Money exercises an irresistible attraction and very few understand the word luxury when it relates to themselves. Thus, the renunciation of the self is the most eminent sign of progress.

VIII

Some ask whether spirits teach us anything new in relation to morality, anything greater than what Christ taught. If the Spiritist moral code is none other than that of the Scriptures, does it serve any purpose? This method of reasoning is like that of Caliph Omar, in speaking of the Library of Alexandria, “If,” he said, “it contains only what is found in the Quran, it is useless, and in that case it must be burned. If it contains anything that is not found in the Quran, it is bad, and in that case, it also must be burned.” No, Spiritism does not preach a moral code that is different from that of Jesus. In turn, haven’t the law of God already been given by Moses to humanity before the time of Christ? Is the doctrine embodied by the Ten Commandments not the same as Christ’s? Has it ever been proposed that Jesus’ moral teachings are useless because of this? To those who deny the usefulness of Spiritism, we ask the following question: why it is that Christ’s moral teachings are so rarely practiced, and why is it that those who rightly praise their value are the first to violate his paramount law of universal charity? Not only do the spirits now confirm it, but they also show us its practical utility. They make clear and intelligible the truths that were previously taught as allegories, and alongside with the eternal truths of morality they also provide us with the solution to the most abstract psychological problems.

Jesus came to show humanity the road to true goodness. Since God sent him to remind human beings of the Divine law they had forgotten, why should God not send spirits to remind them again, with greater precision, now that they are forgetting it because they have sacrificed everything for pride and greed? Who would dare to take it upon oneself to limit God’s power, or to dictate Divine ways? Who can say that the appointed time has not arrived, as declared by the spirits, when previously unknown or misunderstood truths must be openly made known to hasten humanity’s advancement? Isn’t there something evidently Divine in the fact that spirit manifestations are occurring in every corner of the globe? It is not the case that a single person or prophet comes to enlighten us, but instead, it is the case that light is breaking all around and a new world is being unfurled right before our eyes. In the same manner that the invention of the microscope revealed an infinitely small world, the existence of which was unsuspected until then. Similarly, the telescope revealed thousands of worlds, the existence of which we never suspected, spirit communications today are revealing the existence of an invisible world surrounding us. A world that is incessantly in contact with us and that takes part in everything we do, completely unbeknownst to us. Soon the existence of that world, which is the ultimate destiny for all of us, will be as indisputable as the existence of both the microscopic world and the infinity of the universe. Is the revelation of a new world worth nothing? Is the introduction of the mysteries of life beyond the grave worthless? Granted, it is also true that these revelations, if they can be called such, conflict with certain established notions that we had, but haven’t all great scientific discoveries changed and even rescinded ideas that were fully accepted worldwide? Were our pride not forced to yield to evidence? The same will happen with Spiritism, which will soon assume its place among the other branches of human knowledge.

Our communications with the beings from the world beyond the grave enables us to see and understand our future life. They gives us a taste of both the joys and sorrows that await us depending on our merits, and brings Spiritualism back to those who had reduced humanity to the status of an organized machine. We are therefore justified in asserting that the facts of Spiritism have effectively killed materialism. Had Spiritism done nothing more than this, it would be entitled to recognition, but it has done much more because it has shown the inevitable results of wrongdoings, and, consequently, the necessity of goodness. The number of people Spiritism has brought back to a propensity of goodness, whose bad inclinations were neutralized, and whom it has turned away from wrongdoing, is already larger than assumed, and continues to grow every day. The future is a fact, the reality of which is felt and understood when we see and hear those who have left us mourning or celebrating what they did when they were on Earth. It is no longer vague or a mere hope. Everyone who witnesses these communications begins to reflect and feel the need for self-examination, self-judgment and self-improvement.

IX

Opponents of Spiritism have used the differences of opinions among Spiritists, on certain doctrinal points, as weapons against it. It is not surprising that, at the beginning of a new science when the preliminary observations are still incomplete, the subject is analyzed from different perspectives, and that contradictory theories are then put forward. Nonetheless, a thorough study of the facts in question has already deflated three fourths of such theories, starting with that which attributes all spirit communications to bad spirits, as though it were impossible for God to send good spirits. This theory is absurd because it contradicts the facts, and blasphemous because it denies God’s power and goodness. The spirits have always advised us not to worry about the differences of opinion existing among Spiritists, assuring us that harmony will eventually reign. Now, we see that this harmony, with respect to most of the points at issue, has already been established and that the remaining conflicting opinions are disappearing day by day. To the question, “While awaiting the establishment of harmony, upon what basis can an impartial and fair-minded individual form an opinion regarding the relative merits of the various theories suggested by the spirits?” The following reply was given:

“The purest light is not obscured by any cloud; the most precious diamond is the one that is flawless. Judge the spirits based on the purity of their teachings. Do not forget that there are many who have not yet freed themselves from their earthly ideas. Learn to distinguish them by their language; judge them by the sum total of what they say; see whether there is a logical sequence in their ideas; verify that nothing betrays ignorance, pride or malice. Ultimately, if their communications always bear the stamp of wisdom it is proof of true superiority. If errors did not exist in your world, it would be perfect, but it is far from being so. You still have to learn to distinguish error from truth and need experience to exercise your judgment in order to advance. Harmony is achieved when good is not mixed with iniquity and when people rally spontaneously to that principle, because they consider it to be the truth.

Moreover, never mind a few dissidents whose objections are more in form than in depth. Observe that the fundamental principles are the same everywhere, and should unite you all in a common bond: the love of God and the practice of goodness. Regardless of the method of progression and the normal conditions of your future existence, the ultimate goal is still the same: to do right, and there are not two ways of doing it.”

There may be differences of opinion among Spiritists about a few theoretical points. However, all of them agree on the fundamentals principles. Harmony already exists among them, with the exception of a very small number of people who do not yet admit the participation of spirits in the manifestations. They attribute them to either purely physical causes, which contradicts a fundamental Spiritist assertion that, ‘Every intelligent effect must have an intelligent cause,’or to the refection of our own thought, which is disproved by the facts. The other points are merely secondary and have nothing to do with the essential core. So there may be schools that seek to illuminate the still controversial parts of science, but there must not be rival sects. Opposition should only exist between those who desire good, and those who desire or do bad. A person who sincerely adopts the moral principles established by Spiritism can neither desire wickedness nor wish ill upon his or her neighbor, regardless of opinion. If any school of thought is wrong, enlightenment will come soon enough if its practitioners want it honestly without clutching to preconceived notions. In the meantime, everyone has a common bond that should unite all in the same sentiment. They all have a common goal, and the road traveled is irrelevant, provided it leads to the same destination. No one should attempt to force their opinion upon others, whether pertaining to physical or moral constraints, and anyone who would hurl insults or curses at another would clearly be in the wrong, obviously acting under the influence of bad spirits. Reason is the best argument, and moderation does more to ensure the triumph of the truth than attacks tainted by envy and jealousy. Good spirits exhort us to strive to live in harmony and to learn to love our neighbor, and nothing malicious or uncharitable can ever come from a pure source. In this regard and as a fitting conclusion to this book, we share the following words from the spirit of Saint Augustine:

“Human beings have torn one another to shreds for long enough, cursing each other in the name of a peaceful and merciful God, whom they insult by committing such a sacrilege. Spiritism is the link that will one day form a bond between them, by showing what is truth and what is error. However, there will still be scribes and Pharisees who will reject it for a very long time, exactly as they rejected Christ. Would you like to know what spirits influence the various groups dividing 382 Allan Kardec - The Spirits’ Book the current inhabitants of this world? Judge them by their deeds and principles. Good spirits never incite evil. They never advise or condone murder and violence. They never stimulate hatred, thirst for wealth and honors, or greed for earthly possessions. Those who are kind, humane and compassionate to all are not only friends of good spirits, but Jesus as well because they are following the road that he has shown will lead to him.” — Saint Augustine.

The Spirits’ Book – Allan Kardec.

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