domingo, 25 de fevereiro de 2024

Ação dos Espíritos sobre os fluidos. Criações fluídicas. Fotografia do pensamento / Action of the Spirits upon the Fluids – Fluidic Creations - Photograph of the Thought / Agado de la Spiritoj sur la fluidojn. Fluidecaj kreaĵoj. Fotografio de la penso.

 

Ação dos Espíritos sobre os fluidos. Criações fluídicas. Fotografia do pensamento.

13. Os fluidos espirituais, que constituem um dos estados do fluido cósmico universal, são, a bem dizer, a atmosfera dos seres espirituais; o elemento donde eles tiram os materiais sobre que operam; o meio onde ocorrem os fenômenos especiais, perceptíveis à visão e à audição do Espírito, mas que escapam aos sentidos carnais, impressionáveis somente à matéria tangível; o meio onde se forma a luz peculiar ao mundo espiritual, diferente, pela causa e pelos efeitos da luz ordinária; finalmente, o veículo do pensamento, como o ar o é do som.

14. Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, não manipulando-os como os homens manipulam os gases, mas empregando o pensamento e a vontade. Para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o que é a mão para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem àqueles fluidos tal ou qual direção, os aglomeram, combinam ou dispersam, organizam com eles conjuntos que apresentam uma aparência, uma forma, uma coloração determinadas; mudam-lhes as propriedades, como um químico muda a dos gases ou de outros corpos, combinando-os segundo certas leis. É a grande oficina ou laboratório da vida espiritual.

Algumas vezes, essas transformações resultam de uma intenção; doutras, são produto de um pensamento inconsciente. Basta que o Espírito pense uma coisa, para que esta se produza, como basta que modele uma ária, para que esta repercuta na atmosfera.

É assim, por exemplo, que um Espírito se faz visível a um encarnado que possua a vista psíquica, sob as aparências que tinha quando vivo na época em que o segundo o conheceu, embora haja ele tido, depois dessa época, muitas encarnações. Apresenta-se com o vestuário, os sinais exteriores — enfermidades, cicatrizes, membros amputados, etc. — que tinha então. Um decapitado se apresentará sem a cabeça. Não quer isso dizer que haja conservado essas aparências, certo que não, porquanto, como Espírito, ele não é coxo, nem maneta, nem zarolho, nem decapitado; o que se dá é que, retrocedendo o seu pensamento à época em que tinha tais defeitos, seu perispírito lhes toma instantaneamente as aparências, que deixam de existir logo que o mesmo pensamento cessa de agir naquele sentido. Se, pois, de uma vez ele foi negro e branco de outra, apresentar-se-á como branco ou negro, conforme a encarnação a que se refira a sua evocação e a que se transporte o seu pensamento.

Por análogo efeito, o pensamento do Espírito cria fluidicamente os objetos que ele esteja habituado a usar. Um avarento manuseará ouro, um militar trará suas armas e seu uniforme, um fumante o seu cachimbo, um lavrador a sua charrua e seus bois, uma mulher velha a sua roca. Para o Espírito, que é, também ele, fluídico, esses objetos fluídicos são tão reais, como o eram, no estado material, para o homem vivo; mas, pela razão de serem criações do pensamento, a existência deles é tão fugitiva quanto a deste.*

15. Sendo os fluidos o veículo do pensamento, este atua sobre os fluidos como o som sobre o ar; eles nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som. Pode-se pois dizer, sem receio de errar, que há, nesses fluidos, ondas e raios de pensamentos, que se cruzam sem se confundirem, como há no ar ondas e raios sonoros.

Há mais: criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de certo modo se fotografa. Tenha um homem, por exemplo, a ideia de matar a outro: embora o corpo material se lhe conserve impassível, seu corpo fluídico é posto em ação pelo pensamento e reproduz todos os matizes deste último; executa fluidicamente o gesto, o ato que intentou praticar. O pensamento cria a imagem da vítima e a cena inteira é pintada, como num quadro, tal qual se lhe desenrola no espírito.

Desse modo é que os mais secretos movimentos da alma repercutem no envoltório fluídico; que uma alma pode ler noutra alma como num livro e ver o que não é perceptível aos olhos do corpo. Contudo, vendo a intenção, pode ela pressentir a execução do ato que lhe será a consequência, mas não pode determinar o instante em que o mesmo ato será executado, nem lhe assinalar os pormenores, nem, ainda, afirmar que ele se dê, porque circunstâncias ulteriores poderão modificar os planos assentados e mudar as disposições. Ele não pode ver o que ainda não esteja no pensamento do outro; o que vê é a preocupação habitual do indivíduo, seus desejos, seus projetos, seus desígnios bons ou maus.

* Revue Spirite, junho de 1859, pág. 184. — O Livro dos Médiuns, 2.ª Parte, cap. VIII.

A Gênese – Allan Kardec.

Action of the Spirits upon the Fluids – Fluidic Creations - Photograph of the Thought

13. The spiritual fluids, which constitute one of the states of the universal cosmic fluid, are then the atmosphere of spiritual beings. It is the element whence they draw the materials with which they operate, – the place where special phenomena take place, perceptible to the sight and hearing of the spirit, but which escapes the carnal senses which are impressed alone by tangible matter; the ambient wherein the light peculiar to the spiritual world is formed, this being different from the ordinary light because of its causes and effects. In short, they are the vehicle for thought, as the air is for sound.

14. Spirits act upon spiritual fluids, not by manipulating them as men manipulate gas, but by the aid of thought and will. Thought and will are to the spirit that which the hand is to man. By thought they impress these fluids into such and such directions; they agglomerate them, combine or disperse them; they form harmonious wholes of them, which have a definitive appearance, form, and color; they change the properties of them, as a chemist changes those of gas or other bodies by combining them by following certain laws.

Sometimes these transformations are the result of an intention; often they are the product of an unconscious thought. It is sufficient for the spirit only to think of a thing in order that this thing produces itself; it suffices for one to form a melody in one’s mind for it to reverberate through the atmosphere.

Thus, for example, a spirit presents himself to the view of an incarnated being endowed with spiritual sight with the same appearance he had when living at the epoch of their acquaintance, although he may have had many incarnations since that time. He presents himself with the costume, the exterior signs, infirmities, wounds, amputated members, etc., that he had then. A person who has been beheaded will present himself with no head. We do not desire to convey the impression that he has preserved these appearances; no, certainly not; for as a spirit he is neither lame, maimed, blind, nor headless: but, his thought conveying the impression when he was thus, his perispirit takes instantaneously the appearance of it, but it can at the same time leave it instantaneously. If, then, he has been both a black and a white man, he will present himself according to which of these two incarnations may be evoked whence his thought will report itself.

By a similar effect, a spirit’s thought creates fluidicly the objects which he often makes use of. A miser will manage his gold; a military man will have his guns and his uniform; a smoker, his pipe; a workman his plow and his cattle; and an elderly woman, her knitting utensils. These fluidic objects are as real for the spirit, who is also fluidic, as they were in the material state of the living man. However, because they are created by the thought, their existences are also as fleeting as the thought. *

15. Fluids being the vehicle of the thought, the latter acts upon them, as the sound does upon the air. They bring us the thought, just as the air brings us the sound. We can, then, say with all truth that in such fluids there are waves and rays of thoughts that cross each other without ever becoming entangled, as do the waves and sonorous rays in the air.

Moreover, the thought creates fluidic images and reflects itself back on its perispiritual body, as on a mirror; the thought takes on body and somehow photographs itself on it. Let us say, for example, that a man has the idea of murdering someone; although his material body is inactive, his fluidic body is - through the thought - put into action, reproducing from this all vibrations. The act he tried to practice is executed fluidicaly. The thought creates the image of the victim and, similarly to a picture, the entire scene is drawn, precisely as it is in his spirit.

This is how the innermost secret movements of the soul are reverberated onto the fluidic body; and how one soul can read another, as one reads a book; and how it sees what is not perceptible by the eyes of the body. Yet, although the intention is seen and it can foresee the subsequent execution of the act, it cannot determine the moment it will take place; neither can it be exact with details, or even affirm whether it will indeed take place, as later circumstances can modify the plans and change the dispositions. The soul cannot see that which is not yet in another person’s thought. What it does see is the habitual preoccupation of the person, his desires, his projects, and his good or bad intentions.

* “Revue Spirite,” July, 1859, p. 184, “The Mediums’ Book,” chap. 8.

GENESIS – Allan Kardec.

Agado de la Spiritoj sur la fluidojn. Fluidecaj kreaĵoj. Fotografio de la penso

13. – La spiritaj fluidoj, kiuj prezentas unu el la statoj de la kosma universa fluido, estas ĝustadire la atmosfero de la spiritaj estaĵoj; la elemento, kie ili ĉerpas la materialojn, sur kiujn ili agas; la medio, kie okazas tiuj specialaj fenomenoj, percepteblaj por la vidado kaj la aŭdado de la Spirito, sed ne trafeblaj por la karnaj sensoj, sentivaj nur al la palpebla materio; la medio kie estiĝas la lumo propra al la spirita mondo, kiu diferencas de la ordinara lumo pro sia kaŭzo kaj siaj efikoj; fine la transigilo de la penso, same kiel la aero estas la transigilo de la sono.

14. – La Spiritoj agas sur la spiritajn fluidojn, ne ilin manipulante kiel la homoj manipulas la gasojn, sed uzante la penson kaj la volon. La penso kaj la volo estas por la Spiritoj tio sama, kiel la mano por la homo. Per la penso ili komunikas al tiuj fluidoj tian aŭ alian direkton; ilin aglomeras, kombinas aŭ disigas; estigas tutaĵojn kun difinita aspekto, formo kaj koloro; ŝanĝas iliajn proprecojn, same kiel kemiisto ŝanĝas tiujn de la gasoj aŭ de aliaj korpoj, ilin kombinante lau certaj leĝoj. Tio estas la granda laborejo aŭ laboratorio de la spirita vivo.

Kelkfoje tiuj transformiĝoj rezultas el ia intenco; ofte ili estas la rezultato de senkonscia penso. Sufiĉas al la Spirito pensi ion, por ke ĝi ekestu, same kiel sufiĉas kanti arion, ke ĉi tiu resonu en la atmosfero.

Ja tiel, ekzemple, iu Spirito videbliĝas al enkarnulo, dotita per la psika vidado, kun la aspekto, kiun li havis dumvive en la tempo, kiam oni lin konis, eĉ se li poste spertis plurajn enkarniĝojn. Li prezentiĝas kun la vestoj, la eksteraj signoj – kriplaĵoj, cikatroj, stumpoj, ktp – kiujn li tiam havis; senkapigito sin montros sen la kapo. Tio tute ne signifas, ke li konservis tian ŝajnon, ĉar kiel Spirito li estas nek lama, nek brakstumpa, nek unuokula, nek senkapigita; sed ĉar lia penso revenas al la tempo, kiam li tia estis, tuj lia perispirito alprenas la koncernan ŝajnon, kiun li same tuje delasas kun la ĉeso de la ĉi-rilata pensado. Se do li foje estis nigra kaj alifoje estis blanka, li sin prezentos kiel nigrulo aŭ kiel blankulo laŭ tiu enkarniĝo, kiun celas lia elvoko kaj al kiu lin venigos lia penso.

Per analoga efiko, la penso de la Spirito fluidece kreas la objektojn, kiujn li kutime uzadis; avarulo flegados oron per la manoj, militisto portos siajn armilojn kaj sian uniformon, fumanto sian pipon, terkulturisto sian plugilon kaj siajn brutojn, maljunulino sian ŝpinbastonon. Por la Spirito, kiu mem ankaŭ estas fluideca, tiuj fluidecaj objektoj estas tiel realaj, kiel ili estis, en la materia stato, por vivanta homo; sed pro la fakto mem, ke ili estas kreaĵoj de la penso, ilia ekzisto estas tiel pasema kiel la penso.(1)

15. – Ĉar la fluidoj estas la transigilo de la penso, ĉi tiu agas sur la fluidojn tiel same, kiel la sono sur la aeron; ili transsendas al ni la penson tiel same kiel la aero al ni transsendas la sonon. Oni povas do diri, konforme al la pura vero, ke en tiuj fluidoj estas ondoj kaj radioj da pensoj, kiuj senkonfuze kruciĝas, tiel same kiel en la aero estas ondoj kaj radioj sonoraj.

Ankoraŭ pli: Kreante fluidecajn imagojn, la penso rebildiĝas en la perispirita envolvaĵo kvazaŭ en spegulo; tie ĝi korpiĝas kaj iel fotografiĝas. Al iu venas la penso murdi alian homon: kiel ajn inerta restas lia materia korpo, tamen lia fluideca korpo estas ekscitata de la penso, kies ĉiujn nuancojn ĝi rebildigas, kaj fluidece efektivigas la geston, la agon, kiun li intencas plenumi. La penso kreas la imagon de la viktimo, kaj la tuta sceno estas pentrita, kvazaŭ en bildo, tia, kia ĝi elvolviĝas en lia spirito.

Estas ja tiamaniere, ke la plej sekretaj movoj de la animo resonas en la fluideca envolvaĵo; ke iu animo povas legi en alia animo kvazaŭ en libro kaj vidi, kion al la korpaj okuloj ne eblas percepti. Sed, vidante la intencon, la animo povas antaŭsenti la efektiviĝon de la rezultonta ago, sed la tempon de ties plenumo ĝi ne povas antaŭdifini, ties detalojn ĝi ne povas precizigi, eĉ ne certigi, ke ĝi okazos, ĉar postaj cirkonstancoj povas aliigi la starigitajn planojn kaj ŝanĝi la dispoziciojn. Ĝi ne povas vidi tion, kio ankorau ne ekzistas en alies penso; kion ĝi vidas, tio estas la kutima zorgo de aliulo, ties deziroj, ties projektoj, ties bonaj aŭ malbonaj decidoj.

1 Revue Spirite, julio 1859, p. 184. – La Libro de la Mediumoj, ĉap. VIII.

La Genezo – Allan Kardec.

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