terça-feira, 9 de dezembro de 2025
domingo, 7 de dezembro de 2025
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
quarta-feira, 3 de dezembro de 2025
O Espiritismo e o Esperanto - Carlos Alberto Iglesia Bernardo
Um fato facilmente
observável é o apreço que o movimento espírita dedica a língua internacional
criada pelo Dr. Zamenhof. No Brasil, por exemplo, qualquer pesquisador poderá
constatar que entre os espíritas poucos são os que nunca ouviram falar do
Esperanto, e também poderá constatar a existência de um grande número de
espíritas que se dedicam ao seu estudo e divulgação. Por estas terras,
esperantistas e espíritas tem cooperado por quase todo este século.
Grupos espíritas
por todo o Brasil mantém cursos regulares de Esperanto, seu principal órgão
Federativo no país – a Federação Espírita Brasileira – é também uma das mais
ativas editoras de livros em Esperanto do mundo, contando com um acervo de
livros impressionante nesta língua. Se encontram traduzidas não só as obras
básicas da codificação espírita como também muitos outros títulos,
principalmente da obra mediúnica de Francisco Cândido Xavier.
Para os espíritas
nada seria mais natural do que utilizar o Esperanto como ferramenta de
comunicação entre os povos, se um órgão de representatividade internacional
dentro do movimento, como a CEI, resolvesse adotar a lingvo internacia como sua
língua oficial, nenhum espanto causaria.
Constatada tal
ligação entre a Doutrina e a língua designada para ser instrumento de
fraternidade entre os povos, fica-se curioso em saber qual é a história que os
liga, quais os eventos que aproximaram os adeptos da doutrina espírita da
língua neutra. Como isso ocorreu ?
Procurando
informações a respeito, recorremos a amigos espíritas-esperantistas, como o Sr.
Arlindo da Associação Paulista de Esperanto, que nos indicou diversas fontes de
informações a respeito do idioma e de sua história. Também recorremos a artigos
da Revista Reformador (FEB), e recentemente recebemos uma indicação
interessante do colega Paulo Cardoso, participante do GEAE e que está
trabalhando conosco na idéia de um boletim GEAE em Esperanto, sobre o artigo da
Revue Spirite citado logo a seguir.
A cooperação entre
o Espiritismo e o Esperanto inicia-se efetivamente antes da existência do
próprio Esperanto. A Doutrina Espírita trazendo novas informações sobre os
velhos problemas do ser, do destino e da dor, retomou com vigor o espírito de
fraternidade cristã, incentivando a solidariedade humana acima das barreiras
geográficas, raciais ou de qualquer outra espécie. O mandamento “Fora da
Caridade não há salvação” não conhece complementação que separe os
destinatários da caridade por local de nascimento, idioma natal ou filiação
ideológica. A lógica interna da doutrina, a realização plena dos ideais
propostos a seus adeptos, leva necessariamente ao desejo de comunicação simples
e eficiente entre si. Também do “Espíritas Instrui-vos” é quase conseqüência a
imperiosa necessidade de comunicação; comunicação de fatos, de análises, de
conclusões, enfim o intercâmbio de idéias.
Assim na Revue
Spirite de novembro de 1862, quase vinte anos antes da obra “Lingvo Internacia,
Antaŭparolo kaj Plena Lernolibro” do D-ro Esperanto, o espírito Erasto, em uma
comunicação dedicada ao surgimento da linguagem dada na “Sociedade de Estudos
Espíritas de Paris” através do médium Sr. D’Ambel, declara:
“Uma vez que os
homens primitivos, ajudados pelos missionários do Eterno, emprestaram a certos
sons especiais outras tantas idéias especiais, foi criada a língua falada; e as
modificações por ela sofridas mais tarde o foram sempre em razão do progresso humano.
Consequentemente, conforme a riqueza da língua, pode-se estabelecer-se
facilmente o grau de civilização do povo que a fala. O que posso acrescentar é
que a humanidade marcha para uma língua única, como conseqüência forçada de uma
comunidade de idéias em moral, em política e, sobretudo, em religião.
Tal será a obra da
filosofia nova, o Espiritismo, que hoje ensinamos.” (trad. de Julio Abreu
Filho, EDICEL)
Na seqüência dos
fatos, encontramos entre os primeiros adeptos do Esperanto um espírita Checo
que viria a tornar-se posteriormente famoso no Brasil, Francisco Valdomiro
Lorenz. Democrata, Espírita e Esperantista em uma época que sua pátria estava
sobre o domínio do conservador Império Áustro-Hungaro, viu-se obrigado a
emigrar para o sul de nosso país. Seu primeiro livro dedicado ao Esperanto foi
publicado ainda em sua terra natal, foi um manual para ensino da língua aos
Checos: “Plena Lernolibro de Esperanto por Ĉeĥoj” (1890).
Em 1908 aparece
reproduzido no periódico “Lá Vie d’ Otre-Tombe” um artigo de autoria de Camilo
Chaigneau, intitulado “O Espiritismo e o Esperanto”. Este artigo foi em
fevereiro de 1909 traduzido e publicado na “Revista Reformador” da FEB. Lê-se
nesse artigo:
“(…) Pensando na
quantidade de fato que a nós espíritas nos escapam por falta de tradução, na
demora que essa mesma tradução traz á nossa documentação, parece que o
Espiritismo deve ter todo o interesse em constituir uma revista central em que
os fatos mais salientes possam agrupar-se, graças a uma língua comum a todos os
países. É preciso, pois, que o Espiritismo aproveite dessas vantagens. Somente
o fato de se servir do Esperanto estabelece um laço fraterno entre todos os
esperantistas, e favorece a intercomunicação das doutrinas escritas ou faladas.
É de absoluta utilidade para toda idéia sincera (…)”.
A partir de 1937
começa a atuar o “Departamento de Esperanto” da “Federação Espírita
Brasileira”, departamento criado por iniciativa de Ismael Gomes Braga e que
contaria com a cooperação do Prof. Porto Carreiro Neto e de Francisco Valdomiro
Lorenz, entre outros. Os trabalhos do departamento enfocaram inicialmente a
publicação de livros didáticos, que permitissem o aprendizado da lingvo
internacia, dentre eles se destacando o “Esperanto sem Mestre” de I.G.B.
(1937).
Finalmente, de
1945 em diante, o departamento passou a editar livros Espíritas em Esperanto,
iniciando-se pelo “Preĝlibro per Spiritistoj”, capítulo final do Evangelho do
Espiritismo (1945). Ainda em 1945 surge o “La Libro de la Spiritoj” e em 1947
“La Evangelio Laŭ Spiritismo”.
Nesse período
histórico ocorre um fato fundamental, em janeiro de 1940, Ismael Gomes Braga,
visitando o médium Francisco Cândido Xavier, recebe do espírito Emmanuel uma
mensagem intitulada “A Missão do Esperanto”, em que se lê:
“Sim, o ESPERANTO
é lição de fraternidade. Aprendemo-la, para sondar, na Terra, o pensamento
daqueles que sofrem e trabalham noutros campos. Com muita propriedade digo:
“aprendamo-la”, porque somos também companheiros vossos que, havendo
conquistado a expressão universal do pensamento, vos desejamos o mesmo bem
espiritual, de modo a organizarmos, na Terra, os melhores movimentos de
unificação.”
A mensagem de
Emmanuel não teve somente impacto entre os espíritas encarnados, a partir dela
outros espíritos passaram a manifestar-se a favor do aprendizado e uso da
língua. Manifestaram-se não só poetas desencarnados como “Cruz e Souza” e
“Castro Alves”, enaltecendo a Lingvo Internacia, mas também cronistas do Além,
como Camilo Castelo Branco (Memórias de um Suicida – 1954, médium Yvonne A.
Pereira).
O ano de 1975
marca o nascimento da “Spirita Eldona Societo F. V. Lorenz”, surgida de uma
idéia discutida no Departamento de Esperanto da FEB, pelos amigos Nelson e
Délio Pereira de Souza com Getúlio Soares de Araújo, a Sociedade passou a
dedicar-se a tradução de livros espíritas para o Esperanto e sua distribuição
pelo mundo, trabalhando de forma semelhante a um “Clube do Livro”. Seus
periódicos “Almanako Lorenz” (Anual) e “Komunikoj” também são dedicados a
artigos sobre a Doutrina.
Novamente em 1976
o plano espiritual se manifesta a respeito, o espírito Francisco Valdomiro
Lorenz, através do médium Francisco Cândido Xavier, transmite o livro “O
Esperanto como Revelação” (publicado pelo Instituto de Difusão Espírita), em
que os esforços do Doutor Zamenhof são apresentados no contexto maior do
progresso da humanidade. O Esperanto é parte fundamental do trabalho de
transformação do nosso mundo de expiação e provas em um mundo de regeneração.
Eis o resumo do que encontramos, é apenas um esboço de uma história muito mais rica, faltam-nos dados sobre a participação das Federações Estaduais, sobre outros eventos e declarações importantes, como, por exemplo, a palestra proferida por Divaldo Pereira Franco em 19 de julho de 1979 (no XIV Seminário Brasileiro de Esperanto, intitulada “A Missão do Esperanto”), da qual ainda não conseguimos o texto.
Bibliografia:
Volume IV – Revue Spirite 1862 – da
coleção das obras completas de Allan Kardec publicada pela Editora Edicel;
Fotocópia do artigo “O Espiritismo e o
Esperanto”, publicado em fevereiro de 1909 na Revista Reformador, fornecida
pela FEB;
Artigo de Afonso Soares, “O Esperanto e o
Futuro”, publicado em maio de 1995 na Revista Reformador (FEB);
O Esperanto como Revelação, Francisco
Valdomiro Lorenz, médium Francisco Cândido Xavier, Instituto de Difusão
Espírita;
“A Missão do Esperanto”, Folheto
distribuído pela Spirita Eldona Societo Francisco Valdomiro Lorenz;
Biografia de Ismael Gomes Braga publicada
no periódico Komunikoj número 89 (janeiro/março 1998);
Folheto distribuído pela Spirita Eldona
Societo F. V. Lorenz com sua história;
Apresentação escrita pelos tradutores nos
livros “La Libroj de la Spiritoj” e “La Evangelio Laŭ Spiritismo”, ambos da
FEB;
Memórias de um Suicida, Camilo Castelo
Branco, médium Yvonne A. Pereira;
Grandes Espíritas do Brasil, Zêus Wantuil,
FEB;
https://espirito.org.br/artigos/o-espiritismo-e-o-esperanto-2/
segunda-feira, 1 de dezembro de 2025
Avisos da Criação – André Luiz.
Cap. III – Item 19
A Presença Divina
constitui verdade perene.
Até o silêncio da
pedra fala em Deus.
O Universo repousa
na disciplina.
O labirinto da
selva revela ordem em cada pormenor.
Em a Natureza,
tudo pede compreensão e respeito.
O deserto é o
cadáver do mar.
Há sabedoria em
todas as coisas.
Embora sem tato, a
trepadeira sabe encontrar apoio; não obstante sem visão, o girassol descobre
sempre o astro rei.
Em tudo existe a
feição boa.
As nuvens mais
sombrias refletem a luz solar.
Eternidade
significa aprimoramento contínuo de repetições.
Sem recapitular
movimentos, a Terra desagregar-se-ia.
A fé construtiva
não teme a adversidade.
O penhasco no
dilúvio é ponto de segurança.
A obediência não
dispensa a firmeza.
Humilhada e
submissa, a água se amolda a qualquer recipiente, mas, resoluta e perseverante,
atravessa o rochedo.
Toda empresa
solicita cultura e prática.
Inexperiente, o
homem vivo naufraga no bojo das águas; adaptado, o lenho morto navega na
superfície do mar.
O aspecto exterior
nem sempre denuncia a realidade.
O vento,
supostamente vadio, trabalha na função de cupido das flores.
Volume não
expressa valor.
Apesar de
pequenina, a semente é gota de vida.
A palavra feliz
constrói invariavelmente.
Na linguagem do
pássaro, todo som faz melodia.
Valor e humildade
são expressões de inteligência sublime.
Se o cume mais
alto recebe a chuva em primeiro lugar, o vale mais baixo recolhe, ao fim, a
maior parte da água.
Para revelar-se, o
bem não exige trombeta.
Conquanto
invisível, a onda de perfume, muita vez, nutre e refaz.
No campo da
evolução, a paz é conquista inevitável da criatura.
A escarpa de hoje
será planície amanhã.
Livro: O Espírito
da Verdade
Espiritos Diversos
/ Chico Xavier e Waldo Vieira.

.jpeg)

