terça-feira, 30 de julho de 2024

Paraíso, inferno e purgatório. Paraíso perdido. Pecado original / Heaven, Hell and Purgatory.

Paraíso, inferno e purgatório. Paraíso perdido. Pecado original.

1012 [1011]. Haverá no universo lugares circunscritos para as penas e gozos dos Espíritos, segundo seu merecimento? [1]

“Já respondemos a essa pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos. Cada um tira de si mesmo o princípio de sua felicidade ou de sua desgraça. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado existe especialmente destinado a uma ou outra coisa. Quanto aos encarnados, esses são mais ou menos felizes ou desgraçados, conforme seja mais ou menos adiantado o mundo em que habitam.”

a) — De acordo, então, com o que vindes de dizer, o inferno e o paraíso não existem, tais como o homem os imagina?

“São simples alegorias: por toda parte há Espíritos ditosos e desditosos. Entretanto, conforme também já dissemos, os Espíritos de uma mesma ordem se reúnem por simpatia; mas podem reunir-se onde queiram, quando são perfeitos.”

A localização absoluta das regiões das penas e das recompensas só na imaginação do homem existe. Provém da sua tendência a materializar e circunscrever as coisas, cuja essência infinita não lhe é possível compreender.

1013 [1012]. Que se deve entender por purgatório?

“Dores físicas e morais: o tempo da expiação. Quase sempre, na Terra é que fazeis o vosso purgatório e que Deus vos obriga a expiar as vossas faltas.”

O que o homem chama purgatório é igualmente uma alegoria, devendo-se entender como tal, não um lugar determinado, porém o estado dos Espíritos imperfeitos que se acham em expiação até alcançarem a purificação completa, que os levará à categoria dos Espíritos bem-aventurados. Operando-se essa purificação por meio das diversas encarnações, o purgatório consiste nas provas da vida corporal.

1014 [1013]. Como se explica que Espíritos, cuja superioridade se revela na linguagem de que usam, tenham respondido a pessoas muito sérias, a respeito do inferno e do purgatório, de conformidade com as ideias correntes?

“É que falam uma linguagem que possa ser compreendida pelas pessoas que os interrogam. Quando estas se mostram imbuídas de certas ideias, eles evitam chocá-las muito bruscamente, a fim de lhes não ferir as convicções. Se um Espírito dissesse a um muçulmano, sem precauções oratórias, que Maomé não foi profeta, seria muito mal acolhido.”

a) — Concebe-se que assim procedam os Espíritos que nos querem instruir. Como, porém, se explica que, interrogados acerca da situação em que se achavam, alguns Espíritos tenham respondido que sofriam as torturas do inferno ou do purgatório?

“Quando são inferiores e ainda não completamente desmaterializados, os Espíritos conservam uma parte de suas ideias terrenas e, para dar suas impressões, se servem dos termos que lhes são familiares. Acham-se num meio que só imperfeitamente lhes permite sondar o futuro.

Essa a causa de alguns Espíritos errantes, ou recém-desencarnados, falarem como o fariam se estivessem encarnados. Inferno se pode traduzir por uma vida de provações, extremamente dolorosa, com a incerteza de haver outra melhor; purgatório, por uma vida também de provações, mas com a consciência de melhor futuro. Quando experimentas uma grande dor, não costumas dizer que sofres como um danado? Tudo isso são apenas palavras, e sempre ditas em sentido figurado.”

1015 [1014]. Que se deve entender pela expressão uma alma a penar?

“Uma alma errante e sofredora, incerta de seu futuro, e à qual podeis proporcionar o alívio que muitas vezes solicita, vindo comunicar-se convosco.” (664.)

1016 [1015]. Em que sentido se deve entender a palavra céu?

“Julgas que seja um lugar, como os Campos Elíseos dos antigos, onde todos os Espíritos bons estão promiscuamente aglomerados, sem outra preocupação que a de gozar, pela eternidade toda, de uma felicidade passiva? Não; é o espaço universal; são os planetas, as estrelas e todos os mundos superiores, onde os Espíritos gozem plenamente de suas faculdades, sem as tribulações da vida material, nem as angústias peculiares à inferioridade.”

1017 [1016]. Alguns Espíritos disseram estar habitando o quarto, o quinto céus, etc. Que queriam dizer com isso?

“Se lhes perguntais que céu habitam, é que formais ideia de muitos céus dispostos como os andares de uma casa. Eles, então, respondem de acordo com a vossa linguagem. Mas por estas palavras quarto e quinto céus exprimem diferentes graus de purificação e, por conseguinte, de felicidade. É exatamente como quando se pergunta a um Espírito se está no inferno. Se for desgraçado, dirá sim, porque, para ele, inferno é sinônimo de sofrimento. Sabe, porém, muito bem que não é uma fornalha. Um pagão diria estar no Tártaro.”

O mesmo ocorre com outras expressões análogas, tais como: cidade das flores, cidade dos eleitos, primeira, segunda ou terceira esfera, etc., que apenas são alegorias usadas por alguns Espíritos, quer como figuras, quer, algumas vezes, por ignorância da realidade das coisas, e até das mais simples noções científicas.

De acordo com a ideia restrita que se fazia outrora dos lugares das penas e das recompensas e, sobretudo, de acordo com a opinião de que a Terra era o centro do universo, de que o firmamento formava uma abóbada e que havia uma região das estrelas, o céu era situado no alto e o inferno em baixo. Daí as expressões: subir ao céu, estar no mais alto dos céus, ser precipitado nos infernos. Hoje, que a Ciência demonstrou ser a Terra apenas, entre tantos milhões de outros, uns dos menores mundos, sem importância especial; que traçou a história da sua formação e lhe descreveu a constituição; que provou ser infinito o espaço, não haver alto nem baixo no universo, teve-se que renunciar a situar o céu acima das nuvens e o inferno nos lugares inferiores. Quanto ao purgatório, nenhum lugar lhe fora designado. Estava reservado ao Espiritismo dar de tudo isso a explicação mais racional, mais grandiosa e, ao mesmo tempo, mais consoladora para a humanidade. Pode-se assim dizer que trazemos em nós mesmos o nosso inferno e o nosso paraíso. O purgatório, achamo-lo na encarnação, nas vidas corporais ou físicas.

1018 [1017]. Em que sentido se devem entender estas palavras do Cristo: Meu reino não é deste mundo?

“Respondendo assim, o Cristo falava em sentido figurado. Queria dizer que o seu reinado se exerce unicamente sobre os corações puros e desinteressados. Ele está onde quer que domine o amor do bem. Mas os homens ávidos das coisas deste mundo e apegados aos bens da Terra com ele não estão.”

1019 [1018]. Poderá algum dia implantar-se na Terra o reinado do bem?

“O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que a vêm habitar, os bons predominarem, porque, então, farão que aí reinem o amor e a justiça, fonte do bem e da felicidade. Por meio do progresso moral e praticando as leis de Deus é que o homem atrairá para a Terra os Espíritos bons e dela afastará os maus. Estes, porém, não a deixarão, senão quando daí estejam banidos o orgulho e o egoísmo.

“Predita foi a transformação da humanidade e vos avizinhais do momento em que se dará, momento cuja chegada apressam todos os homens que auxiliam o progresso. Essa transformação se verificará por meio da encarnação de Espíritos melhores, que constituirão na Terra uma geração nova. Então, os Espíritos dos maus, que a morte vai ceifando dia a dia, e todos os que tentem deter a marcha das coisas, serão daí excluídos, pois que viriam a estar deslocados entre os homens de bem, cuja felicidade perturbariam. Irão para mundos novos, menos adiantados, desempenhar missões penosas, trabalhando pelo seu próprio adiantamento, ao mesmo tempo que trabalharão pelo de seus irmãos ainda mais atrasados. Neste banimento de Espíritos da Terra transformada não percebeis a sublime alegoria do Paraíso perdido, e na vinda do homem para a Terra em semelhantes condições, trazendo em si o gérmen de suas paixões e os vestígios da sua inferioridade primitiva, não descobris a não menos sublime alegoria do pecado original? Considerado deste ponto de vista, o pecado original se prende à natureza ainda imperfeita do homem que, assim, só é responsável por si mesmo, pelas suas próprias faltas e não pelas de seus pais.

“Todos vós, homens de fé e de boa vontade, trabalhai, portanto, com coragem e zelo na grande obra da regeneração, que colhereis pelo cêntuplo o grão que houverdes semeado. Ai dos que fecham os olhos à luz! Preparam para si mesmos longos séculos de trevas e decepções. Ai dos que fazem dos bens deste mundo a fonte de todas as suas alegrias! Terão que sofrer privações muito mais numerosas do que os gozos de que desfrutaram! Ai, sobretudo, dos egoístas! Não acharão quem os ajude a carregar o fardo de suas misérias.” - SÃO LUÍS.

O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.

[1] Nota dos Revisores: Note-se que, na numeração dos itens do livro, Kardec salteou o n° 1011. Apesar do lapso evidente, o texto foi mantido assim nas quatorze edições que se seguiram até a desencarnação de Allan Kardec. Para evitar confusões, a presente edição não procurou “acertar” a numeração.

Heaven, Hell and Purgatory

1012 [1011]. Are there any specific places in the universe set apart for the joys and sorrows of spirits, according to their merit?

“We have already answered this question. The joys and sorrows of spirits are inherent to their degree of perfection. Each spirit finds the principle of its happiness or unhappiness in itself. As spirits are everywhere, there is no enclosed or confined place set apart for either one or the other. As for incarnated souls, they are more or less happy depending on how advanced their world is.”

a) Does this mean that heaven and hell, as people have imagined them, do not exist?

“They are only symbols. There are happy and unhappy spirits everywhere, but as we have also told you, spirits of the same order are together by sympathy. When they are perfect, they can meet wherever they like.”

A fixed place for rewards and punishments exists only in the imagination of human beings. It stems from a tendency to materialize and define things of which one cannot grasp the infinite essence.

1013 [1012]. What should we understand as purgatory?

“It is a state of physical and moral suffering, marked by a period of atonement. It is usually upon the Earth that God affords you the opportunity to experience your purgatory and atone for your mistakes.”

Purgatory is a figure of speech that signifies the state of imperfection of spirits who need to atone for their faults until they attain happiness by achieving complete purification. It is not a specific place. Purification happens through several reincarnations. Consequently, purgatory consists of the trials of physical life.

1014 [1013]. Why do spirits whose speech reveals them to be superior answer questions from serious individuals about hell and purgatory, according to common beliefs?

“They speak in a language that is understandable to the people who pose the questions understand. When these individuals are deeply immersed in preconceived ideas, the spirits avoid interfering with their convictions. If a spirit were to tell a Muslim, without the proper precautions, that Mohammed was not a true prophet, it would be poorly received.”

a) That is understandable for spirits who want to educate us. How is it that others, when questioned about their situation, reply that they are suffering the tortures of hell or purgatory?

“When they are inferior, and not completely dematerialized, they retain some of their earthly ideas, and describe their impressions using terms that are familiar to them. Their state allows them to obtain only a very flawed view of the future. This is why errant spirits, or those recently freed from their physical bodies, often speak in the same manner as they did during physical life. Hell means a life of extremely difficult trials, characterized by uncertainty with regards to improvement, while purgatory is a life of trials embarked upon with the certainty of a happier future. When you experience intense pain, do you not say that you are suffering as a cursed soul? The expression is only a figure of speech.”

1015 [1014]. What should we understand as “a tormented spirit”?

“An errant and suffering spirit, uncertain of the future, and to whom you may provide assistance that it often requests by contacting you in its attempt to obtain relief.” (See no. 664)

1016 [1015]. How should we understand the concept of heaven?

“Do you think that it is a place like the Elysium of Greek mythology, where all good spirits are crowded together haphazardly, with no other care than that of enjoying passive happiness for eternity? No, it is universal space. It is the planets, the stars and all the higher worlds where spirits enjoy all their faculties fully, without having to experience the ills or misfortunes of material life, or the suffering that is characteristic of inferiority.”

1017 [1016]. Spirits have said that they inhabit the fourth and fifth heaven, and so on. What did they mean by this?

“You ask them which heaven they live in because you have the idea that there are different levels of heavens, like stories of a home, so they answer you according to your personal beliefs. For them, references to a fourth or fifth heaven mean different degrees of purification and happiness. The same applies when you ask a spirit whether it is in hell. If it is unhappy, it says yes because hell is synonymous with suffering. However, it knows perfectly well that it is not a furnace. A Pagan would have replied that it was in Tartarus.”

The same may be said of other similar expressions, such as “the city of flowers,” “the city of the elect,” “the first, second, or third sphere,” and so on, which are only allegories used by some spirits figuratively, whether out of ignorance about the nature of reality, or simply because they lack any knowledge of even the most elementary principles of science.

According to the restricted idea of specific locations for rewards and punishments, and the common belief that Earth was the center of the universe, that the sky formed a vault, and that there was a region of stars, people placed heaven up above and hell down below. This resulted in expressions such as to “ascend to heaven,” to be in “the highest heaven,” to be “cast down into hell,” and so on. Astronomy has mapped out Earth’s history and described its formation. Today science has demonstrated that the Earth is one of the smallest worlds in space and has no special significance, that space is infinite, and that there is neither up nor down in the universe. As a result, it has become necessary to stop placing heaven above the clouds and hell in the depths of the Earth. There was never a specific space assigned to purgatory. Spiritism provides the most rational, impressive and consoling explanation about all these three subjects to human beings. It shows us that heaven and hell exist in ourselves. In a similar vein, we find purgatory in the state of incarnation in our successive corporeal or physical lives.

1018 [1017]. How should we interpret Christ’s words, “My kingdom is not of this world?”

“When he replied in such a manner, Christ was speaking figuratively. He meant to say that he only reigned over pure and unselfish hearts. He is wherever the love of goodness reigns, but those who are greedy for or attached to the things of this world are not with him.”

1019 [1018]. Will goodness ever reign on Earth?

“Goodness will reign on Earth when among the spirits who come to live here the good outnumber the bad ones. They will usher in a reign of love and justice, which is the source of goodness and happiness. Through moral progress and adhering to God’s laws, humanity will attract good spirits to Earth and will keep the bad ones away. However, the latter will not definitively leave Earth until its people are completely free of pride and selfishness.”

“The transformation of humanity was predicted, and you are now approaching the time when it is destined to take place. Progress will happen when higher spirits incarnate and create a new generation on Earth. The wicked spirits who die each day and all who try to halt advancement are excluded and forced to incarnate somewhere other than Earth. They would be out of place among the honorable members of the human race, whose happiness is impaired by their presence. They will go to new, less advanced worlds, where they will carry out difficult missions. These missions will provide them with the means of advancing, while contributing to the advancement of their younger, less evolved brothers and sisters. In this exclusion, do you not see the true significance of the transcendent image of the Paradise lost? Do you not also see in the appearance of human beings on Earth under similar conditions and carrying the seeds of passions, as well as proof of their primitive inferiority within themselves, the real meaning of original sin? Considered from this perspective, original sin consists of the imperfection of human nature. Therefore, each member of the human race is only responsible for their own imperfection and wrongdoing, and not for that of their ancestors.”

“All of you, people of faith and goodwill must enthusiastically and courageously devote yourselves to the noble work of regeneration. You will in turn reap a hundredfold for every seed you sow. Woe to those who close their eyes against the light, because they will sentence themselves to centuries of darkness and sorrow! Woe to those who focus their happiness on the things of this world, because they will suffer hardships that far exceeds their present joys! And above all, woe to the selfish, because they will find no one to help them bear the burden of their misery.” Saint Louis

The Spirits’ Book – Allan Kardec.

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[06] Em Busca da Verdade - Cap. 2.1 - Predomínio da Sombra

Oração Da Manhã Allan Kardec : Reflexão e Renovação Espiritual

domingo, 28 de julho de 2024

Ressurreição da carne / Résurrection de la chai / Resurrezione della carne / REVIVIĜO DE LA KARNO.

Ressurreição da carne.

1010. O dogma da ressurreição da carne será a consagração da reencarnação ensinada pelos Espíritos?

“Como quereríeis que fosse de outro modo? Conforme sucede com tantas outras, essas palavras só parecem despropositadas, no entender de algumas pessoas, porque as tomam ao pé da letra. Levam, por isso, à incredulidade. Dai-lhes uma interpretação lógica e os que chamais livres pensadores as admitirão sem dificuldades, precisamente pela razão de que refletem. Porque, não vos enganeis, esses livres pensadores o que mais pedem e desejam é crer. Têm, como os outros, ou, talvez, mais que os outros, a sede do futuro, mas não podem admitir o que a Ciência desmente. A doutrina da pluralidade das existências é consentânea com a justiça de Deus; só ela explica o que, sem ela, é inexplicável. Como havíeis de pretender que o seu princípio não estivesse na própria religião?”

a) — Assim, pelo dogma da ressurreição da carne a própria Igreja ensina a doutrina da reencarnação?

“É evidente. Ademais, essa doutrina decorre de muitas coisas que têm passado despercebidas e que dentro em pouco se compreenderão neste sentido. Reconhecer-se-á em breve que o Espiritismo ressalta a cada passo do próprio texto das Escrituras Sagradas. Os Espíritos, portanto, não vêm subverter a religião, como alguns o pretendem. Vêm, ao contrário, confirmá-la, sancioná-la por provas irrecusáveis. Como, porém, são chegados os tempos de não mais empregarem linguagem figurada, eles se exprimem sem alegorias e dão às coisas sentido claro e preciso, que não possa estar sujeito a qualquer interpretação falsa. Eis por que, daqui a algum tempo, será maior do que é hoje o número de pessoas sinceramente religiosas e crentes.” - SÃO LUÍS.

Efetivamente, a Ciência demonstra a impossibilidade da ressurreição, segundo a ideia vulgar. Se os despojos do corpo humano se conservassem homogêneos, embora dispersos e reduzidos a pó, ainda se conceberia que pudessem reunir-se em dado momento. As coisas, porém, não se passam assim. O corpo é formado de elementos diversos: o oxigênio, hidrogênio, azoto, carbono, etc. Pela decomposição, esses elementos se dispersam, mas para servir à formação de novos corpos, de tal sorte que uma mesma molécula, de carbono, por exemplo, terá entrado na composição de muitos milhares de corpos diferentes (falamos unicamente dos corpos humanos, sem ter em conta os dos animais); que um indivíduo tem talvez em seu corpo moléculas que já pertenceram a homens das primitivas idades do mundo; que essas mesmas moléculas orgânicas que absorveis nos alimentos provêm, possivelmente, do corpo de tal outro indivíduo que conhecestes e assim por diante. Existindo em quantidade definida a matéria e sendo indefinidas as suas combinações, como poderia cada um daqueles corpos reconstituir-se com os mesmos elementos? Há aí impossibilidade material. Racionalmente, pois, não se pode admitir a ressurreição da carne, senão como uma figura simbólica do fenômeno da reencarnação. E, então, nada mais há que aberre da razão, que esteja em contradição com os dados da Ciência.

É exato que, segundo o dogma, essa ressurreição só no fim dos tempos se dará, ao passo que, segundo a doutrina espírita, ocorre todos os dias. Mas no quadro do julgamento final não haverá uma grande e bela imagem a ocultar, sob o véu da alegoria, uma dessas verdades imutáveis, acerca das quais deixará de haver céticos, desde que lhes seja restituída a verdadeira significação? Dignem-se de meditar a teoria espírita sobre o futuro das almas e sobre a sorte que lhes cabe, por efeito das diferentes provas que lhes cumpre sofrer, e verão que, exceção feita da simultaneidade, o juízo que as condena ou absolve não é uma ficção, como pensam os incrédulos. Notemos ainda que essa teoria é a consequência natural da pluralidade dos mundos, hoje perfeitamente admitida, enquanto que a doutrina do juízo final pressupõe que a Terra seja o único mundo habitado.

O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.

Résurrection de la chai

1010. Le dogme de la résurrection de la chair est-il la consécration de celui de la réincarnation enseignée par les Esprits ?

« Comment voulez-vous qu'il en soit autrement ? Il en est de ces paroles comme de tant d'autres qui ne paraissent déraisonnables aux yeux de certaines personnes que parce qu'on les prend à la lettre, c'est pourquoi elles conduisent à l'incrédulité ; mais donnez-leur une interprétation logique, et ceux que vous appelez les libres penseurs les admettront sans difficulté, précisément parce qu'ils réfléchissent ; car, ne vous y trompez pas, ces libres penseurs ne demandent pas mieux que de croire ; ils ont, comme les autres, plus que d'autres peut-être, soif de l'avenir, mais ils ne peuvent admettre ce qui est controuvé par la science. La doctrine de la pluralité des existences est conforme à la justice de Dieu ; elle seule peut expliquer ce qui, sans elle, est inexplicable ; comment voudriez-vous que le principe n'en fût pas dans la religion elle-même ? »

- Ainsi l'Eglise, par le dogme de la résurrection de la chair, enseigne elle-même la doctrine de la réincarnation ?

« Cela est évident ; cette doctrine est d'ailleurs la conséquence de bien des choses qui ont passé inaperçues et que l'on ne tardera pas à comprendre dans ce sens ; avant peu on reconnaîtra que le spiritisme ressort à chaque pas du texte même des Ecritures sacrées. Les Esprits ne viennent donc pas renverser la religion, comme quelques-uns le prétendent ; ils viennent, au contraire, la confirmer, la sanctionner par des preuves irrécusables ; mais, comme le temps est venu de ne plus employer le langage figuré, ils s'expriment sans allégorie, et donnent aux choses un sens clair et précis qui ne puisse être sujet à aucune fausse interprétation. Voilà pourquoi, dans quelque temps, vous aurez plus de gens sincèrement religieux et croyants que vous n'en avez aujourd'hui. » - SAINT LOUIS.

La science, en effet, démontre l'impossibilité de la résurrection selon l'idée vulgaire. Si les débris du corps humain restaient homogènes, fussent-ils dispersés et réduits en poussière, on concevrait encore leur réunion à un temps donné ; mais les choses ne se passent point ainsi. Le corps est formé d'éléments divers : oxygène, hydrogène, azote, carbone, etc. ; par la décomposition, ces éléments se dispersent, mais pour servir à la formation de nouveaux corps ; de telle sorte que la même molécule, de carbone par exemple, sera entrée dans la composition de plusieurs milliers de corps différents (nous ne parlons que des corps humains, sans compter tous ceux des animaux) ; que tel individu a peut-être dans son corps des molécules ayant appartenu aux hommes des premiers âges ; que ces mêmes molécules organiques que vous absorbez dans votre nourriture proviennent peut-être du corps de tel autre individu que vous avez connu, et ainsi de suite. La matière étant en quantité définie, et ses transformations en quantités indéfinies, comment chacun de ces corps pourrait-il se reconstituer des mêmes éléments ? Il y a là une impossibilité matérielle. On ne peut donc rationnellement admettre la résurrection de la chair que comme une figure symbolisant le phénomène de la réincarnation, et alors rien qui choque la raison, rien qui soit en contradiction avec les données de la science.

Il est vrai que, selon le dogme, cette résurrection ne doit avoir lieu qu'à la fin des temps, tandis que, selon la doctrine spirite, elle a lieu tous les jours ; mais n'y a-t-il pas encore dans ce tableau du jugement dernier une grande et belle figure qui cache, sous le voile de l'allégorie, une de ces vérités immuables qui ne trouvera plus de sceptiques quand elle sera ramenée à sa véritable signification ? Qu'on veuille bien méditer la théorie spirite sur l'avenir des âmes et sur leur sort à la suite des différentes épreuves qu'elles doivent subir, et l'on verra qu'à l'exception de la simultanéité, le jugement qui condamne ou qui les absout n'est point une fiction, ainsi que le pensent les incrédules. Remarquons encore qu'elle est la conséquence naturelle de la pluralité des mondes, aujourd'hui parfaitement admise, tandis que, selon la doctrine du jugement dernier, la terre est censée le seul monde habité.

Le Livre des Esprits – Allan Kardec.

Resurrezione della carne

1010. Il dogma della resurrezione della carne è la consacrazione di quello della reincarnazione insegnata dagli Spiriti?

«Come volete che sia diversamente? Succede per queste parole, come per tante altre, che esse sembrino irrazionali agli occhi di certuni solo perché vengono prese alla lettera. È per questo che conducono allo scetticismo. Ma date loro un'interpretazione logica, e quelli che voi chiamate i liberi pensatori le accetteranno senza difficolta, proprio perché pensano. Ma non ingannatevi, perché questi liberi pensatori non chiedono niente di meglio che credere. Essi hanno, come gli altri, o forse più degli altri, sete del futuro, ma non possono ammettere ciò che dalla scienza viene contraddetto. La dottrina della pluralità delle esistenze è conforme alla giustizia di Dio: essa sola può spiegare ciò che senza di lei e inesplicabile. Come potrebbe essere possibile che il principio non si trovasse nella religione stessa?»

1010-a. Allora la Chiesa, con il dogma della resurrezione della carne, insegna essa stessa la dottrina della reincarnazione?

«È evidente. D'altra parte questa dottrina è la conseguenza di molte cose che sono passate inosservate e che non tarderemo a comprendere in questo senso. In breve si riconoscerà che lo Spiritismo emerge a ogni passo perfino dal testo delle Sacre Scritture. Gli Spiriti non vengono dunque a rivoluzionare la religione, come alcuni pretendono, vengono invece a confermarla, a sancirla con prove inconfutabili. Ma, siccome giunto è il tempo di non impiegare più il linguaggio figurato, essi si esprimono senza allegorie e danno alle cose un senso chiaro e preciso, che non possa essere soggetto ad alcuna falsa interpretazione. Ecco perché, fra poco, voi avrete più persone sinceramente religiose e credenti di quante non ne abbiate oggi.» - SAN LUIGI.

Effettivamente la scienza dimostra l'impossibilità della resurrezione, secondo l'idea ordinaria. Se i resti del corpo umano rimanessero omogenei, per quanto dispersi e ridotti in polvere, si concepirebbe ancora la loro riunione in un determinato tempo. Ma le cose non stanno affatto così. Il corpo e formato da elementi diversi: ossigeno, idrogeno, azoto, carbonio ecc. Con la decomposizione, questi elementi si disperdono, ma per servire alla formazione di nuovi corpi, in modo che la stessa molecola di carbonio, per esempio, potrebbe essere entrata nella composizione di molte migliaia di corpi differenti (parliamo solo di corpi umani, escludendo tutti quelli degli animali). È possibile così che un determinato individuo abbia nel suo corpo delle molecole appartenute agli uomini delle età primitive; che queste stesse molecole organiche, che voi assimilate nutrendovi, provengano forse dal corpo di un certo individuo che avete conosciuto. È così di seguito. Essendo la materia in quantità definita, e le sue trasformazioni in quantità indefinita, come potrebbe ognuno di questi corpi ricostituirsi con i medesimi elementi? È materialmente impossibile. Si può dunque razionalmente ammettere la resurrezione della carne solo come una figura che simbolizza il fenomeno della reincarnazione, e allora non c’è più niente che scuota la ragione, niente che sia in contraddizione con i dati della scienza.

È vero che, secondo il dogma, questa resurrezione deve aver luogo solo alla fine dei tempi, mentre secondo la Dottrina Spiritista essa ha luogo tutti i giorni. Ma non esiste ancora nel quadro dell'ultimo giudizio una grande e bella figura che nasconda, sotto il velo dell'allegoria, una di quelle verità immutabili, che non troverà più scettici quando sarà ricondotta al suo vero significato? Si voglia anche meditare sulla teoria spiritista, circa il futuro delle anime e circa la loro sorte in seguito alle varie prove che esse devono subire, e si vedrà che, con eccezione della simultaneità, il giudizio che le condanna o che le assolve non è assolutamente una finzione, come ritengono gli increduli. Notiamo ancora che questa teoria e la conseguenza naturale della pluralità dei mondi, oggi perfettamente ammessa, mentre, secondo la dottrina dell'ultimo giudizio, la Terra è considerata come l'unico mondo abitato.

Il Libro degli Spiriti – Allan Kardec.

REVIVIĜO DE LA KARNO

1010. Ĉu la dogmo de reviviĝo de la karno estas la konfirmo de tiu de reenkarniĝo, instruata de la Spiritoj?

“Kiel vi volus, ke estu alie? Okazas al tiuj vortoj tio sama, kiel al aliaj, kiuj ŝajnas malsaĝaj en la okuloj de iuj personoj nur pro tio, ĉar ili estas prenataj laŭlitere, kaj pro tiu motivo ili kondukas al nekredemo; sed donu al ili pli logikan interpreton, kaj la homoj, kiujn vi nomas liberpensuloj, ilin senpene akceptos, ĉar ja tiuj estas meditemaj homoj; efektive, pri tio ne eraru, tiuj liberpensuloj volas nenion alian ol kredi; kiel la ceteraj, aŭ eble pli, ili soifas ian estontecon, sed ili ne povas akcepti ion kontraŭan al la instruoj de la scienco. La doktrino pri la plureco de l’ ekzistadoj estas konforma al la justeco de Dio; nur ĝi povas klarigi tion, kio sen ĝi estas neklarigebla; kiel vi volus, ke tiu principo ne troviĝu en la religio mem?”

– Ĉu la eklezio mem, per la dogmo de reviviĝo de la karno, instruas do la doktrinon pri reenkarniĝado?

“Evidente; tiu doktrino estas cetere rezultato de multaj aferoj, kiuj estas nerimarkitaj kaj kiuj estos post nelonge komprenataj laŭ ĉi tiu senco; oni baldaŭ konfesos, ke Spiritismo elstaras, sur ĉiu paŝo, el la teksto mem de la Sanktaj Skriboj. La Spiritoj ne venas do renversi la religion, kiel kelkaj pensas; ili, kontraŭe, øin konfirmas, ĝin sankcias per nerefuteblaj pruvoj; sed, ĉar venis la tempo ne plu uzi figuran parolon, tial ili esprimas sin sen iaj alegorioj kaj havigas al la aferoj tiel klaran kaj precizan signifon, ke ĉi tiu ne riskas falsan interpreton. Jen, kial estos baldaŭ pli da religiaj kaj kredantaj personoj, ol hodiaŭ.” - Sankta Ludoviko.

La scienco pruvas, efektive, la neeblon de la reviviĝo de la karno laŭ la vulgara ideo. Se la restaĵoj de la homa korpo restus homogenaj, kvankam disaj kaj pulvoriĝintaj, oni konceptus ilian rekuniĝon post difinita tempo; sed tiel ne okazas. La korpo konsistas el pluraj elementoj, nome oksigeno, hidrogeno, nitrogeno, karbono k.a.; ĉe la putrado de la korpo, tiuj elementoj disiĝas kaj estas utiligataj por la formado de novaj korpoj; tiel, unu sama molekulo de karbono, ekzemple, estos parto de multaj miloj da malsamaj korpoj (ni parolas nur pri la homaj korpoj, ne enkalkulante ĉiujn bestajn); iu individuo eble havas en sia korpo molekulojn, apartenintajn al pratempaj homoj; tiuj samaj organaj molekuloj, kiujn vi sorbas en via nutrado, eble venas el la korpo de iu individuo, kiun vi konis, kaj tiel plu. Ĉar la materio ekzistas en limigita kvanto, kaj ĉar ties transformiĝoj estas nelimigitaj, kiel do ĉiu el tiuj korpoj povus refariĝi per samaj elementoj? Tio estas materie neebla. Oni ne povas do laŭracie akcepti la reviviĝon de la karno alie, ol kiel figuron, kiu simbolas la reenkarniĝon; se estas tiel, ĝi havas nenion, kio ofendus la racion aŭ kontraŭus la asertojn de la scienco.

Estas vero, ke, laŭ la dogmo, tiu reviviĝo okazos nur ĉe la fino de l’ tempoj, kaj, laŭ la spiritisma doktrino, ĝi okazas ĉiutage; sed, ĉu sur tiu bildo de l’ lasta juĝo ne estas ankaŭ granda, bela figuro, kaŝanta, sub la alegoriovualo, unu el tiuj senŝanĝaj veraĵoj, nome tiun, laŭ kiu ne plu ekzistos skeptikuloj, kiam ĝi ricevos sian ĝustan signifon?

Oni bonvolu mediti pri la spiritisma teorio, rilata al la estonteco de la animoj kaj al ties sorto post la provoj, kiujn ili spertas: oni konstatos, ke, escepte de la samtempeco, la juĝo, ilin kondamnanta aŭ senkulpiganta, ne estas ia fikcio, kiel pensas la nekredemuloj. Ni ankoraŭ rimarkigu, ke ĝi estas la konsekvenco de l’ plureco de la loĝataj mondoj, aserto hodiaŭ sendiskute akceptata, dum, laŭ la doktrino pri la mondfina juĝo, la Tero estas supozata la sola loĝata mondo.

La Libro de la Spiritoj – Allan Kardec.

Momento Espírita | 28 de julho | Ressurreição e reencarnação

A energia curativa do som do piano 🌿 Remova toda a energia negativa e re...

Oração Matinal para Desenvolver a Capacidade de Ouvir com o Coração - Al...

PROGRAMA FRATA ESPERO - ESPERANÇA FRATERNA 28/07/2024

sábado, 27 de julho de 2024

Duração das penas futuras / Duration of Future Atonements / Duración de las penas futuras. (4)

Duração das penas futuras.

“Gravitar para a unidade divina, eis o fim da humanidade. Para atingi-lo, três coisas são necessárias: a justiça, o amor e a ciência. Três coisas lhe são opostas e contrárias: a ignorância, o ódio e a injustiça. Pois bem: digo-vos, em verdade, que mentis a esses princípios fundamentais, comprometendo a ideia de Deus, com o lhe exagerardes a severidade. Duplamente a comprometeis, deixando que no Espírito da criatura penetre a suposição de que há nela mais clemência, mais mansuetude, amor e verdadeira justiça, do que atribuis ao Ser Infinito. Destruís mesmo a ideia do inferno, tornando-o ridículo e inadmissível às vossas crenças, como o é aos vossos corações o horrendo espetáculo das execuções, das fogueiras e das torturas da Idade Média! Pois quê! Quando banida se acha para sempre das legislações humanas a era das cegas represálias, é que esperais mantê-la no ideal? Oh! Crede-me, crede-me, irmãos em Deus e em Jesus Cristo, crede-me: ou vos resignais a deixar que pereçam nas vossas mãos todos os vossos dogmas, de preferência a que se modifiquem, ou, então, revivificai-os, abrindo-os aos benfazejos eflúvios que os Bons, neste momento, derramam neles. A ideia do inferno, com as suas fornalhas ardentes, com as suas caldeiras a ferver, pôde ser tolerada, quer dizer, era perdoável num século de ferro; porém no século dezenove não passa de vão fantasma, próprio, quando muito, para amedrontar criancinhas; e mesmo estas, crescendo um pouco, logo deixam de crer nela. Se persistirdes nessa mitologia aterradora, engendrareis a incredulidade, mãe de toda a desorganização social. Tremo, entrevendo toda uma ordem social abalada e a ruir sobre os seus fundamentos, por falta de sanção penal. Homens de fé ardente e viva, vanguardeiros do dia da luz, mãos à obra, não para manter fábulas que envelheceram e se desacreditaram, mas para reavivar, revivificar a verdadeira sanção penal, sob formas condizentes com os vossos costumes, os vossos sentimentos e as luzes da vossa época.

“Quem é, com efeito, o culpado? É aquele que, por um desvio, por um falso movimento da alma, se afasta do objetivo da criação, que consiste no culto harmonioso do belo, do bem, idealizados pelo arquétipo humano, pelo Homem Deus, por Jesus Cristo.

“Que é o castigo? A consequência natural, derivada desse falso movimento; uma certa soma de dores necessária a desgostá-lo da sua deformidade, pela experimentação do sofrimento. O castigo é o aguilhão que estimula a alma, pela amargura, a se dobrar sobre si mesma e a buscar o porto de salvação. O castigo só tem por fim a reabilitação, a redenção. Querê-lo eterno, por uma falta não eterna, é negar-lhe toda a razão de ser.

“Oh! Em verdade vos digo, cessai, cessai de pôr em paralelo, na sua eternidade, o Bem, essência do Criador, com o Mal, essência da criatura. Seria criar uma penalidade injustificável. Afirmai, ao contrário, o abrandamento gradual dos castigos e das penas pelas transmigrações e consagrareis a unidade divina, por meio da razão unida ao sentimento.” -PAULO, APÓSTOLO.

Com o atrativo de recompensas e temor de castigos, procura-se estimular o homem para o bem e desviá-lo do mal. Se esses castigos, porém, lhe são apresentados de forma que a sua razão se recuse a admiti-los, nenhuma influência terão sobre ele. Longe disso; rejeitará tudo: a forma e o fundo. Se, ao contrário, lhe apresentarem o futuro de maneira lógica, ele não o repelirá. O Espiritismo lhe dá essa explicação.

A doutrina da eternidade das penas, em sentido absoluto, faz do Ente Supremo um Deus implacável. Seria lógico dizer-se, de um soberano, que ele é muito bom, muito magnânimo, muito indulgente, que só quer a felicidade dos que o cercam, mas que ao mesmo tempo é cioso, vingativo, de inflexível rigor e que pune com o castigo extremo as três quartas partes dos seus súditos, por uma ofensa, ou uma infração de suas leis, mesmo quando praticada pelos que não as conheciam? Não haveria aí contradição? Ora, pode Deus ser menos bom do que o seria um homem?

Mais uma contradição se apresenta aqui: pois que Deus tudo sabe, sabia, ao criar uma alma, que ela viria a falir. Teria, pois, desde a sua formação, sido destinada à desgraça eterna. Será isto possível, racional? Com a doutrina das penas relativas, tudo se justifica. Deus sabia, sem dúvida, que ela faliria, mas lhe deu meios de se instruir pela sua própria experiência, mediante suas próprias faltas. É necessário que expie seus erros, para melhor se firmar no bem, mas a porta da esperança não se lhe fecha para sempre e Deus faz que, dos esforços que ela empregue para o conseguir, dependa a sua redenção. Isto toda gente pode compreender e a mais meticulosa lógica pode admitir. Menos céticos haveria, se deste ponto de vista fossem apresentadas as penas futuras.

Na linguagem vulgar, a palavra eterno é muitas vezes empregada figuradamente, para designar uma coisa de longa duração, cujo termo não se prevê, embora se saiba muito bem que esse termo existe. Dizemos, por exemplo, os gelos eternos das altas montanhas, ou dos polos, embora saibamos, de um lado, que o mundo físico pode ter fim e, de outro lado, que o estado dessas regiões pode mudar pelo deslocamento natural do eixo da Terra, ou por um cataclismo. Assim, nesse caso, o vocábulo eterno não quer dizer perpétuo ao infinito. Quando sofremos de uma enfermidade duradoura, dizemos que o nosso mal é eterno. Que há, pois, de admirar em que Espíritos que sofrem há anos, há séculos, há milênios mesmo, assim também se exprimam? Não esqueçamos, principalmente, que, não lhes permitindo a sua inferioridade divisar o ponto extremo do caminho, creem que terão de sofrer sempre, o que lhes é uma punição.

Ademais, a doutrina do fogo material, das fornalhas e das torturas, tomadas ao Tártaro do paganismo, está hoje completamente abandonada pela alta teologia e só nas escolas esses aterradores quadros alegóricos ainda são apresentados como verdades positivas, por alguns homens mais zelosos do que esclarecidos, que assim cometem grave erro, porquanto as imaginações juvenis, libertando-se dos terrores, poderão ir aumentar o número dos incrédulos. A teologia reconhece hoje que a palavra fogo é usada figuradamente e que se deve entender como significando fogo moral (974). Os que têm acompanhado, como nós, as peripécias da vida e dos sofrimentos de além-túmulo, através das comunicações espíritas, puderam convencer-se de que, por nada terem de material, eles não são menos pungentes. Mesmo relativamente à duração, alguns teólogos começam a admiti-la no sentido restritivo acima indicado e pensam que, com efeito, a palavra eterno se pode referir às penas em si mesmas, como consequência de uma lei imutável, e não à sua aplicação a cada indivíduo. No dia em que a religião admitir esta interpretação, assim como algumas outras também decorrentes do progresso das luzes, muitas ovelhas desgarradas reunirá.

O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.

Duration of Future Atonements.

“Gravitating towards Divine union is the goal of humanity. Three things are necessary to reach this goal: knowledge, love and justice. Three things conflict with this goal: ignorance, hatred and injustice. You are untrue to these fundamental principles when you compromise the idea of God by exaggerating God’s severity, thereby suggesting that the human being, God’s creation, has more clemency, compassion, love and true justice than you attribute to the Creator. You even destroy the very idea of hell and purgatory by making it as ridiculous and inadmissible, according to your beliefs, as is, by your hearts, the disgusting spectacles of the Middle Ages with its torturers, executioners and burnings at the stake. Do you hope to maintain it as an ideal model when you have eliminated the principle of blind retaliation forever from society’s legislation? Brothers and sisters in God and Jesus Christ, believe me, you must either resign to letting all your doctrines perish at your own hands or modify them. You must revitalize them by opening them to the compassionate action that the good spirits are now providing. The idea of hell full of glowing furnaces and boiling cauldrons might have been admissible during an iron century. In the nineteenth century, however, it is nothing more than empty images. They can scare young children, but these children are no longer frightened when they grow up. By persisting in upholding this terrifying illusion, you generate skepticism, which is the root of every sort of social disorder. I shudder at witnessing the foundations of social order shaken and crumbling into dust, due to the lack of an effective penal sanction. Let all who are driven by a vibrant and passionate faith, the advanced men and women of human enlightenment, join in their efforts to erase antiquated fables and resuscitate the idea of true penal sanctions, in harmony with the values, traditions and insights of your time.”

"What, in fact, is a sinner? It is one who, by a deviation from the right path, by a false movement of the soul, has veered from the true goal of creation which consists of the harmonious worship of the beautiful, the good, idealized by the human archetype, the Man-God, Jesus Christ.”

What is punishment? The natural consequence of that false movement; an amount of pain necessary to disgust the soul of its deformity, by experiencing suffering. Punishment is the stimulus that drives the soul through its affliction to turn towards itself, and to return to the right path. The sole purpose of atonement is rehabilitation and emancipation, and to assume that it lasts forever would be to deny the reason for existing.”

“Honestly, stop trying to establish a parallel of duration between good, the essence of the Creator, and malevolence, the essence of the creature. This establishes a groundless standard of retribution. On the contrary, confirm the gradual decrease of imperfections and atonements through successive lives, and you will reach divine union by reconciling reason with compassion.” Paul, the Apostle

People are inspired to do good and avoid vices if they feel that this course of action will be a rewarding one and keep them from being punished. However, if the threatened punishment appears under conditions that are contrary to reason, not only does it fail its goal but it also leads people to reject everything: both the form and the basis. When the notion of a future is introduced in a rational way, people do not reject it. Spiritism provides this reasonable explanation.

The principle of eternal punishment makes the Supreme Being a merciless and cruel God. Is it rational to say that a ruler is very kind, compassionate and tolerant, and wants nothing but happiness for everyone when, this ruler is jealous, vindictive, relentlessly severe, and punishes three-quarters of the subjects with the most horrific torture for any offense or violation of the laws, even when the violations are the result of simple ignorance of the laws they violate? Is this not a blatant contradiction? Could God be less moral or virtuous than human beings? This doctrine has another contradiction. Since God knows all things, God must have known in creating a spirit that it would disobey Divine laws. Therefore, spirits must have been destined to eternal unhappiness and agony. Is this rational?

With the principle of relative punishment, on the contrary, everything is justified. When God created a given spirit, undoubtedly it was known that it would do wrong. However, it was in God’s design to provide the means for the spirit to become enlightened. The spirit must atone for its sins and make amends for its wrongdoings, so that it may be more firmly set in goodness. Therefore, the door to hope is never closed, and the moment when a spirit is delivered from suffering depends on the effort it channels into achieving this goal. This is something that all can understand and the most meticulous logic can accept. If the concept of future punishment were presented in this manner, there would be a far fewer skeptics.

We often use the word eternal figuratively to designate a long period with no fixed end even though we know that the end, of course, comes at some point in time. For instance, there are “the eternal snows” of mountain peaks and polar ice caps, although, we know that our planet will end one day, and the features of those regions may change due to the natural displacement of the Earth’s axis or by some natural disaster. In this specific case, eternal does not signify that which is infinitely everlasting. When we are sick or suffer from a long-term illness, we say that our suffering is eternal. Is it strange then, that for spirits who have suffered for years, centuries or millenniums to express themselves in the same manner? We must not forget that their inferiority prevents them from seeing the light at the end of the tunnel, and they consequently think that they are destined to suffer forever. This belief is a part of their atonement. We borrowed our belief in fire, burning ovens and torture from the pagan Tartarus. This belief has been completely abandoned by many of the most eminent theologians today. Only in certain schools are such fear-mongering allegories still presented as literal truths by some individuals who are more over-zealous than enlightened. This is all very wrong, because young imaginations, once past the terror, will most likely become skeptics. Currently, theology admits that the word fire is used figuratively in the Bible, and is to be understood as meaning moral fire (see no. 974). People, who have observed life and suffering beyond the grave, as communicating spirits explain it, understand how this suffering can be excruciating although it is not of a physical nature. As for the duration of this suffering, many theologians are starting to acknowledge the restriction indicated above, and think that the word eternal may refer to the principle of sorrow itself as the consequence of an absolute law, and not its application to each individual. The day religion accepts this interpretation and other concepts as products of enlightenment, the vast numbers of people who have been led astray will have their faith in God restored.”

The Spirits’ Book.

Duración de las penas futuras.

«Gravitar hacia la unidad divina, he aquí el objeto de la humanidad. Tres cosas son necesarias para lograrlo: la justicia, el amor y la ciencia; tres le son opuestas y contrarías: la ignorancia, el odio y la injusticia. Pues bien, en verdad os digo que faltáis a aquellos tres principios, comprometiendo la idea de Dios con la exageración de su severidad; la comprometéis doblemete, dejando penetrar en el espíritu de la criatura la creencia de que existe en ella más clemencia, mansedumbre, amor y verdadera justicia que no atribuís al ser infinito, y destruís la idea del infierno, haciéndolo ridículo e inadmisible a vuestras creencias, como lo es a vuestros corazones el horrible espectáculo de los verdugos, hogueras y tormentos de la Edad Media. ¡Pues qué! Cuando la era de las ciegas represalias ha sido desterrada para siempre de las legislaciones humanas, ¿esperáis conservarla en el ideal? ¡Oh! Creedme, hermanos en Dios y en Jesucristo, creedme; o resignaos a ver perecer en vuestras manos todos los dogmas, antes que dejarlos variar, o bien vivificadlos, abriéndolos a los bienhechores efluvios que en estos momentos derraman los buenos. La idea del infierno con sus hornos ardientes y bullidoras calderas, puede ser tolerada, es decir perdonable en un siglo de hierro; pero en el actual no es más que un fantasma que sólo sirve para espantar a los niños, y en el que no creen éstos cuando llegan a hombres. Insistiendo en esa horrorosa mitología, engendráis la incredulidad madre de toda desorganización social; porque temo ver todo un orden social conmovido y hundido por falta de sanción penal. Hombres de fe ardiente y viva vanguardia del día de luz, a la obra, pues, no para mantener vetustas y ya desacreditadas fábulas, sino para reanimar y vivificar la verdadera sanción penal, bajo formas apropiadas a vuestras costumbres, a vuestros sentimientos y a las luces de vuestra época.

»¿Quién es, en efecto, culpable? El que por un extravío, por un movimiento falso del alma, se separa del objeto de la creación, que consiste en el culto armonioso de lo bello y de lo bueno, idealizado por el arquetipo humano, por el Hombre-Dios, por Jesucristo.

»¿Qué es el castigo? La consecuencia natural que deriva de aquel movimiento falso; una suma de dolores necesarios para apartar al hombre de la deformidad, por medio de la experimentación del sufrimiento. El castigo es el aguijón que excita al alma, por medio de la amargura, a reconcentrarse en si misma y a volver a los dominios del bien. El castigo no tiene más objeto que la rehabilitación, la emancipación. Querer que el castigo de una falta no eterna, sea eterno, equivale a negarle toda su razón de ser.

»¡Oh! En verdad os lo digo, cesad, cesad de poner en parangón, respecto de su eternidad, al bien, esencia del Creador, con el mal, esencia de la criatura. Esto equivale a crear una penalidad injustificable. Asegurad, por el contrario, la amortización gradual de los castigos y penas por medio de las transmigraciones, y consagraréis con la razón unida al sentimiento, la unidad divina. PABLO, APÓSTOL».

Se quiere excitar al hombre al bien, y alejarle del mal con el incentivo de las recompensas y el temor de los castigos; pero si éstos se pintan de modo que la razón se niegue a creerlos, no tendrán en aquél ninguna influencia, y lejos de conseguir su objeto, harán que el hombre lo rechace todo, la forma y el fondo. Preséntese, por el contrario de una manera lógica, y no lo rechazará. El espiritismo ofrece esa explicación.

La doctrina de las penas eternas en absoluto convierte al Ser supremo en un Dios implacable. ¿Seria lógico decir de un soberano que es muy bueno, muy bienhechor, muy indulgente y que no quiere más que la dicha de los que le rodean; pero que es al mismo tiempo celoso, vengativo, inflexible en su rigor, y que condena a la última pena a las tres cuartas partes de sus súbditos por una ofensa o infracción a sus leyes, aun a aquellos que faltaron por no conocerlas? ¿No seria esta una contradicción? ¿Y será Dios menos bueno que un hombre?

También existe otra contradicción. Puesto que Dios lo sabe todo, sabia, al crear un alma, que pecaria, y por lo tanto ha sido condenada, desde su formación, a eterna desgracia. ¿Es posible esto? ¿Es racional? Con la doctrina de las penas relativas todo se justifica. Dios sabía indudablemente que el alma delinquiría, pero le da medios de ilustrarse por su propia experiencia, y por sus mismas faltas; es preciso que expíe sus errores para afirmarse más en el bien, pero la puerta de la esperanza no le es cerrada para siempre, y Dios hace depender el instante de su emancipación de los esfuerzos que hace para llegar a ella. Esto lo puede comprender todo el mundo, y lo puede admitir la más rigurosa lógica. Si bajo este aspecto hubiesen sido presentadas las penas futuras, habría menos escépticos.

La palabra eterno se emplea a menudo figuradamente en el lenguaje vulgar, para indicar una cosa de larga duración y cuyo término no se prevea, aunque se sepa perfectamente que ese término existe. Decimos, por ejemplo, los hielos eternos de las altas montailas, de los polos, aunque sabemos, por una párte, que el mundo físico puede tener un fin, y por otra, que el estado de esas regiones puede cambiar por la dislocación normal del eje o por un cataclismo. La palabra eterno en este caso, no quiere decir perpetuo hasta el infinito. Cuando sufrimos una larga enfermedad, decimos que nuestro mal es eterno. ¿Qué extraño, pues, que espíritus que sufren, hace ya años, siglos, hasta millares de aflos, digan otro tanto? No olvidemos sobre todo que, no permitiéndoles su inferioridad ver el término del camino, creen que han de sufrir siempre y que esto es un castigo para ellos.

Además, la doctrina del fuego material, de las hogueras y de los tormentos copiados del tártaro del paganismo, está hoy completamente abandonada por la alta teología, y sólo en las escuelas se dan como verdades positivas esos horribles cuadros alegóricos, por personas más celosas que ilustradas, en lo que proceden equivocadamente, porque, recuperadas de su terror aquellas jóvenes imaginaciones, podrán engrosar el número de los incrédulos. La teología reconoce hoy que la palabra fuego se emplea figuradamente y debe entenderse de un fuego moral (974)

Los que, como nosotros, han seguido las peripecias de la vida y sufrimientos de ultratumba, por medio de las comunicaciones espiritistas, han podido convencerse de que, aunque no son nada materiales, no dejan de ser menos agudos. Bajo el mismo punto de vista de su duración ciertos teólogos empiezan a admitirías en el sentido restrictivo más arriba expresado y creen que, en efecto, la palabra eterno puede entenderse de las penas en si mismas, como consecuencias de una ley inmutáble, y no de su aplicación a cada individuo. El día en que la religión admita esta interpretación, como otras que son también consecuencia del progreso de las luces, se atraerá muchas ovejas descarriadas.

El Libro de los Espíritus – Allan Kardec.

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terça-feira, 23 de julho de 2024

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A lição da vigilância – Humberto de Campos.

 

1 Aproximando-se o termo de sua passagem pelos caminhos da Terra, reuniu Jesus os doze discípulos, com o fim de lhes consolidar nos corações os santificados princípios de sua doutrina de redenção.

Naquele crepúsculo de ouro, por feliz coincidência, todos se achavam em Cesareia de Filipe, ( † ) onde a paisagem maravilhosa descansava sob as bênçãos do Céu.

2 Jesus fitou serenamente os companheiros e, ao cabo de longa conversação, em que lhes falara confidencialmente dos serviços grandiosos do futuro, perguntou com afetuoso interesse:

— E que dizem os homens a meu respeito? ( † ) De alguma sorte terão compreendido a substância de minhas pregações?!…

João respondeu que seus amigos o tinham na conta de Elias, que regressara ao cenário do mundo depois de se haver elevado ao céu num carro flamejante. ( † ) Simão, o Zelota, relatou os dizeres de alguns habitantes de Tiberíades, ( † ) que acreditavam ser o Mestre o mesmo João Batista ressuscitado. Tiago, filho de Cleofas, contou o que ouvira dos judeus na Sinagoga, os quais presumiam no Senhor o profeta Jeremias.

3 Jesus escutou-lhes as observações com o habitual carinho e inquiriu:

— Os homens se dividem nas suas opiniões; mas, vós, os que tendes comungado comigo a todos os instantes, quem dizeis que eu sou?

Certa perplexidade abalou a pequena assembleia: Simão Pedro, porém, deixando perceber que estava impulsionado por uma energia superior, exclamou, comovidamente:

— Tu és o Cristo, o Salvador, o Filho de Deus Vivo. ( † )

— Bem-aventurado sejas tu, Simão, — disse-lhe Jesus, envolvendo-o num amoroso sorriso, — porque não foi a carne que te revelou estas verdades, mas meu Pai que está nos Céus. Neste momento, entregaste a Deus o coração e falaste a sua voz. Bendito sejas, pois começas a edificar no espírito a fonte da fé viva. Sobre essa fé, edificarei a minha doutrina de paz e esperança, porque contra ela jamais prevalecerão os enganos desastrosos do mundo. ( † )

4 Enquanto Simão sorria, confortado com o que considerava um triunfo espiritual, o Mestre prosseguia, esclarecendo a comunidade quanto à revelação divina, no santuário interior do espírito do homem, sobre cuja grandeza desconhecida o Cristianismo assentaria suas bases no futuro.

5 No mesmo instante, preparando os companheiros para os acontecimentos próximos, o Messias continuou, dizendo:

— Amados, importa que eu vos esclareça o coração, a fim de que as horas tormentosas que se aproximam não cheguem a vos confundir o entendimento. Através da palavra de Simão, tivestes a claridade reveladora. Cumprindo as profecias da Escritura, sou aquele Pastor que vem a Israel com o propósito de reunir as ovelhas tresmalhadas do imenso rebanho. ( † ) Venho buscar as dracmas perdidas do tesouro de Nosso Pai. E qual o pegureiro que não dá testemunho de sua tarefa ao dono do redil? É indispensável, pois, que eu sofra. Não tardará muito o escândalo que me há de envolver em suas malhas sombrias. Faz-se mister o cumprimento da palavra dos grandes instrutores da revelação dos Céus, que me precederam no caminho!… Está escrito que eu padeça, e não fugirei ao testemunho.

6 Havendo pequena pausa na sua alocução, Filipe aproveitou-a para interrogar, emocionado:

— Mestre, como pode ser isso, se sois o modelo supremo da bondade? O sofrimento será, então, o prêmio às vossas obras de amor e sacrifício?

7 Jesus, no entanto, sem trair a serenidade do seu sentimento, retrucou:

— Vim ao mundo para o bom trabalho e não posso ter outra vontade, senão a que corresponda aos sábios desígnios d’Aquele que me enviou. Além de tudo, minha ação se dirige aos que estão escravizados, no cativeiro do sofrimento, do pecado, da expiação. Instituindo, na Terra, a luta perene contra o mal, tenho de dar o legítimo testemunho dos meus esforços. Na consideração de meus trabalhos, necessitamos ponderar que as palavras dos ensinos somente são justas quando seladas com a plena demonstração dos valores íntimos. Acreditais que um náufrago pudesse sentir o conforto de um companheiro que apenas se limitasse a dirigir-lhe a voz amiga, lá da praia, em segurança? Para salvá-lo, será indispensável ensinar-lhe o melhor caminho de livrar-se da voragem destruidora, nunca tão só com exortações, mas, atirando-se igualmente às ondas, partilhando dos mesmos perigos e sofrimentos. O fardo que sobrecarrega os ombros de um amigo será sempre mais agravado em seu peso, se nos pomos a examiná-lo, muitas vezes guiados por observações inoportunas; ele, entretanto, se tornará suave e leve para aquele a quem amamos, se o tomarmos com os nossos esforços sinceros, ensinando-lhe como se pode atenuar-lhe o peso nas curvas do caminho.

8 Os apóstolos entreolharam-se, surpresos, e o Messias continuou:

— Não espereis por triunfos, que não os teremos sobre a Terra de agora. Nosso Reino ainda não é, nem pode ser, deste mundo… Por essa razão, em breves dias, não obstante as minhas aparentes vitórias, entrarei em Jerusalém ( † ) para sofrer as mais penosas humilhações. Os príncipes dos sacerdotes me coroarão a fronte com suprema ironia; serei arrastado pela turba como um simples ladrão! Cuspirão nas minhas faces, dar-me-ão fel e vinagre, quando manifestar sede, para que se cumpram as Escrituras; experimentarei as angústias mais dolorosas, mas sentirei, em todas as circunstâncias, o amparo d’Aquele que me enviou!… Nos derradeiros e mais difíceis testemunhos, terei meu espírito voltado para o seu amor e conquistarei com o sofrimento a vitória sagrada, porque ensinarei aos menos fortes a passagem pela porta estreita da redenção, revelando a cada criatura que sofre o que é preciso fazer, a fim de atravessar as sendas do mundo, demandando as claridades eternas do Plano espiritual.

9 O Mestre calou-se, comovido. A pequena assembleia deixava transparecer sua surpresa indefinível, sem compreender a amplitude das advertências divinas.

Foi aí que Simão Pedro, modificando a atitude mental do primeiro momento e deixando-se conduzir na esteira das concepções falíveis do seu sentimento de homem, aproximou-se do Messias e lhe falou em particular:

— Mestre, convém não exagerardes as vossas palavras. Não podemos acreditar que tereis de sofrer semelhantes martírios… Onde estaria Deus, então, com a justiça dos Céus? Os fatos que nos deixais entrever viriam demonstrar que o Pai não é tão justo!…

— Pedro, retira essas palavras! — Exclamou Jesus, com serenidade enérgica. — Queres também tentar-me, como os adversários do Evangelho? Será que também tu não me entendes, compreendendo somente as coisas dos homens, longe das revelações de Deus?! Aparta-te de mim, pois neste instante falas pelo espírito do mal!…

10 Verificando que o pescador se emocionara até às lágrimas, o Mestre preparou-se para a retirada e disse aos companheiros:

— Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga os meus passos. ( † )

11 No dia seguinte, a pequena comunidade se punha a caminho, vivamente impressionada com as revelações da véspera. Simão seguia humilde e cabisbaixo. Não conseguia compreender por que motivo fora Jesus tão severo para com ele. Em verdade, ponderara melhor suas expressões irrefletidas e reconhecera que o Mestre lhe perdoara, pois observava que eram sinceros o sorriso e o olhar compassivo que o envolviam numa alegria nova. Mas, sem poder sopitar suas emoções, o velho discípulo aproximou-se novamente de Jesus e interrogou:

— Mestre: Por que razão mandastes retirar as palavras em que vos demonstrei o meu zelo de discípulo sincero? Alguns minutos antes, não havíeis afirmado que eu trazia aos companheiros a inspiração de Deus? Por que motivo, logo após, me designáveis como intérprete dos inimigos da luz?

12 — Simão, — respondeu o Messias, bondosamente, — ainda não aprendeste toda a extensão da necessidade de vigilância. A criatura na Terra precisa aproveitar todas as oportunidades de iluminação interior, em sua marcha para Deus. Vigia o teu espírito ao longo do caminho. Basta um pensamento de amor para que te eleves ao Céu; mas, na jornada do mundo, também basta, às vezes, uma palavra fútil ou uma consideração menos digna, para que a alma do homem seja conduzida ao campo do estacionamento e do desespero das trevas, por sua própria imprevidência! Nesse terreno, Pedro, o discípulo do Evangelho terá sempre imenso trabalho a realizar, porque, pelo Reino de Deus, é preciso resistir às tentações dos entes mais amados na Terra, os quais, embora ocupando o nosso coração, ainda não podem entender as conquistas santificadas do Céu.

Acabando o Cristo de falar, Simão Pedro calou-se e passou a meditar.

Humberto de Campos – (Irmão X) / Chico Xavier.

Livro: Boa nova.