Cap. XIII — Item 13.
Dizes trazer o
deserto no coração; entretanto, pensa nos outros.
Muitos pisam teus
rastros, procurando-te as mãos no grande vazio…
Pára um pouco e
perceber-lhes-ás a presença nas sombras da retaguarda.
Enquanto gritas a
própria solidão, compreenderás que a voz deles está morrendo na garganta,
através de longos gemidos. Volta-te e vê.
Compara os teus
braços robustos com os ossos descarnados que ainda lhes servem de suporte às
mãos tristes em que os dedos mirrados são espinhos de dor.
Enxuga o teu
pranto e observa os olhos fatigados que te contemplam…
Falam-te a
história de esperanças e sonhos que o tempo soterrou na areia da frustração.
Referem-se ao frio cortante do lar perdido e à agonia da romagem nas trevas…
Pára e
compadece-te.
Deixa que
respirem, ainda mesmo por um momento só, no calor de teu hálito.
Quem poderá medir
a extensão da grandeza de uma simples semente, caída na terra que o arado
martirizou?
A beleza de um
minuto nos ensina, muita vez, a povoar de alegria e de luz a existência
inteira.
Diz antiga lenda
que uma gota de chuva caiu sobre o oceano que a tormenta encapelara e, aflita,
perguntou: — “Deus de Bondade, que farei, sozinha, neste abismo estarrecedor?”
O Pai não lhe
respondeu, mas, tempos depois, a gota singela era retirada do mar, convertida
numa pérola para adornar a coroa de um rei.
Dá também algo de
ti aos que bracejam no torvelinho do sofrimento, e, mesmo que possas ofertar
apenas um pingo de amor aos que padecem, tua dádiva será filtrada pelas
correntes da angústia humana e subirá, cristalina e luminescente, na direção
dos Céus, para enfeitar a glória de Deus.
Livro: O Espírito da
Verdade.
Espíritos Diversos
/ Chico Xavier e Waldo Vieira.


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