domingo, 9 de dezembro de 2012

Ponte para a sanidade – Hammed


“A faculdade mediúnica é indicio de um estudo patológico qualquer, ou simplesmente anormal? Algumas vezes anormal mas não patológico; há médiuns de uma saúde vigorosa; os que são doentes, o são por outras causas." (Livro dos Médiuns – Allan Kardec, 2ª parte – Cap. XVIII, item 221 – lº. ).
Na antiguidade a cura das doenças era assunto dos sacerdotes e, portanto, da religião. Os médicos de clero tratavam os doentes por meio de rituais e cantos mágicos em santuários enormes. A enfermidade era considerada como a cólera de Deus, e os religiosos atuavam como intermediários ou “pontes” entre a Divindade e os homens. Operavam como “pontífices”, ou seja, “construtores de pontes” (do latim “pontifex”, palavra para designar sacerdote). Há muito tempo a tradição católica presta homenagem ao Papa, conferindo-lhe o titulo de Sumo Pontífice.
No passado, as enfermidades eram vinculadas à culpa, isto é, aos pecados. O arrependimento dos erros estava intimamente ligado à cura do doente; a penitência reconciliava a criatura novamente com Deus.
Como os médiuns, na atualidade, são denominados “intermediários” ou “pontes” entre o mundo físico e o espiritual, e a mediunidade é vista, muitas vezes e de forma confusa, como “dádiva sagrada” ou “corretivo divino”, isso pode levar as criaturas a tirar conclusões equivocadas.
Todos nós somos herdeiros de inúmeras experiências do pretérito. Encontram-se impressos em nossos painéis do inconsciente profundo ideias e conceitos incorretos, remanescentes do passado distante, depositados desde os tempos imemoriais em nosso arcabouço psicológico. É preciso renovarmos essas concepções inadequadas sobre a Espiritualidade, para melhor entendermos os mecanismos da Vida Providencial. Em muitas circunstâncias, interpretamos novos conhecimentos sem dissociar nossos velhos conceitos.
A capacidade mediúnica é considerada uma percepção inerente à estrutura psíquica das criaturas; por isso é que a encontramos nos mais diferentes níveis de consciência da humanidade. Ela não é moral, mas sim amoral. É simplesmente uma das funções psicofisiológias do ser humano.
Em virtude disso, podemos enquadrá-la como um dos sentidos de que a alma se utiliza a fim de manifestar-se e desenvolver-se, gradativamente, para a plenitude da vida.
A faculdade medianímica não gera doenças. Ela não pode ser responsabilizada pelo estado patológico das criaturas; é, antes de tudo, uma excelente ferramenta para ajudá-las a despertar espiritualidade e a compreender a si mesmas, os outros seres e o Universo. Quando exercitada, porém, de modo imprópio pode trazer riscos às pessoas psicologicamente frágeis ou vulneráveis.
O fenômeno psíquico em si não produz a insanidade. No entanto, em toda e qualquer faculdade, quando exercida de forma exaustiva e prolongada, pode conduzir à fadiga ou à enfermidade.
Uma pessoa tem alto grau o dom de cantar e o utiliza, ou para glorificar as belezas da terra, ou para exaltar canções obscenas. Mas, neste caso não pode ser julgada imoral.
Os olhos, além de transmitir nossos sentimentos e intenções, também colhem as impressões puras e sadias, que nascem do coração, como também inveja e revolta, que exalam um brilho estranho de hipocrisia. Contudo, a visão não pode ser acusada de agente de falsidade ou desequilíbrio.
As mãos quando empregadas na canalização da energia nuclear, podem iluminar e aquecer os lares; assim como podem explodi-los se utilizadas indevidamente.
O sexo é um dos departamentos mais sublimes da natureza humana. Cria, através das emoções sexuais, as energias necessárias para a manutenção dos afetos e a materialização das formas. Há porém, quem o utilize para a satisfação das sensações mais grosseiras e torpes. Isso, contudo, não lhe tira o mérito sublime para o qual foi criado.
É sempre a criatura que, servindo-se de seus sentidos, dá à sua existência um destino construtivo ou destrutivo. Nós é quem decidimos que fim vamos dar aos nossos recursos e possibilidades. Todavia, não podemos nos esquecer de que somos livres para colher atos e atitudes, mas prisioneiros de suas consequências.
Precisamos aprender a usar a mediunidade, assim como usamos normalmente as nossas capacidades humanas – a percepção, a atenção, o bom senso, a memória, o critério lógico, a linguagem, enfim todas as atividades do nosso reino interior.
Por sua vez, não é recomendável utilizar as faculdades psíquicas para explorar “outros mundos”, até que tenhamos o pleno controle do mundo em que estamos vivendo aqui e agora. Desenvolver nosso “sexto sentido”  não é um meio de resolver problemas comportamentais cuja solução está em nosso alcance; de buscar auxílios imediatistas, de tirar proveitos pessoais, de conseguir respostas paliativas para problemas reais. Quando começamos a vivenciar experiências extra-sensoriais, é a hora urgente de intensificarmos a análise distintiva da realidade e da ilusão. Em muitas ocasiões, habilidade  transcendentais quando mal elaboradas podem nos levar ser “servos apaixonados”, mas “discípulos distraídos”.
A compreensão da faculdade mediúnica torna-se confusa e difícil para nós a medida em que também vemos os traços característicos de certas doenças mentais. Pois os sinais precursores da mediunidade podem eclodir e ser confundidos com os sintomas das deficiências fisiopsíquicas. Em razão disso, nem sempre se pode compreender com facilidade, ou ver com clareza, a distinção entre as manifestações mediúnicas, em seu início, e os estados doentios.
Mediunidade é um produto do processo de desenvolvimento da natureza humana. Médiuns não são “agraciados” nem “enfermos”. São uma verdadeira “ponte para a sanidade”. Podem, sim, tornar-se verdadeiros pontífeces (“construtores de pontes”) em busca da saúde integral – estado de consciência em harmonia plena com as leis naturais do Universo. Religando a si mesmos com a Fonte Divina, eles são capazes de preparar caminhos para que se estabeleça a cura real para a humanidade.
Diante dessas nossas considerações, finalizamos com a resposta dos Espíritos Superiores quando afirmam a Allan Kardec que o fenômeno mediúnico pode ser considerado “algumas vezes normal, mas não patológico; há médiuns de uma saúde vigorosa; os que são doentes, o são por outras causas.”
Livro: A Imensidão do Sentido.
Espírito: Hammed
Médium: Francisco do Espírito Santo Neto.

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