domingo, 9 de junho de 2013

Ligar-se a Deus - Hammed

 “... A forma não é nada, o pensamento é tudo. Orai, cada um, segundo as vossas convicções e o modo que mais vos toca; um bom pensamento vale mais que numerosas palavras estranhas ao coração...” (O Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec, Capítulo 28, item 1.)
No passado buscávamos Deus entre os holocaustos, oferendas, incensos, cultos e cantos.
Era necessária uma representação semimaterial, apropriada ao nosso estado de adiantamento e à nossa capacidade de entendimento espiritual. Desde os velhos tempos do monoteísmo do grande Amenhotep 4º ou Akhnaton e o do iluminado  Moisés até as numerosas e antigas religiões politeístas, como a dos hindus, egípcios, babilônios, germanos, gregos e romanos, a criatura humana atravessou uma longa fase de amadurecimento espiritual.
Atualmente, as nossas relações com a Divindade têm caráter introspectivo. Se antes a nossa busca se concretizava na exterioridade das coisas, hoje, porém, a fazemos em “espírito e em verdade” (Jesus / João, 4:23), ou seja, na essência - imo de nós mesmos.
A introspecção - processo pelo qual prestamos atenção a nossos próprios estados e atividades internas - conduz as criaturas a se identificar com a maior de todas as fontes de poder do Universo: Deus - manifestação onipresente em todas as suas criações.
Voltar-se para dentro de si mesmo talvez não seja uma atitude constante, espontânea e natural na maioria dos seres humanos, por possuírem o hábito de ocupar mais seus sentidos com as impressões externas do que com as realidades interiores das coisas.
Muitos indivíduos vivem dentro de um círculo vicioso, na ânsia desmedida de estímulos aparentes, mantendo-se constantemente ocupados com as impressões de fora e nutrindo-se energeticamente só desses estímulos físicos. Contudo, não podemos ignorar ou desvalorizar as fases evolutivas do homem, pois viver para fora é ainda uma necessidade existencial de muitos na atualidade; e é dessa forma que farão pontes ou conexões entre o mundo interno e o externo, entendendo gradativamente que a vida exterior é um reflexo da vida interior.
A busca às fontes de crescimento e renovação espiritual inicia-se vivendo para fora, e aos poucos tomando consciência da vida em si mesmo; portanto, tudo está perfeito na criação universal - viver exteriormente não exclui viver interiormente. São etapas interligadas de um longo processo de aprendizagem evolucional.
Perceber, no entanto, a verdadeira realidade do mundo que nos rodeia é fator imprescindível para vivermos bem na intimidade de nós mesmos.
Nossa vida mais lúcida, mais Íntegra, mais prazerosa, mais criativa e indissolúvel se desenvolve dentro de nós mesmos, nas atividades recônditas dos pensamentos, dos sentimentos, da imaginação produtiva e da consciência profunda.
Interiorizar-nos na oração, vivendo cada vez mais a plenitude da vida por dentro, faculta-nos observar o que somos, quem somos e o que realmente está acontecendo em nossas vidas. Facilita também nossa percepção entre o “real” e o “imaginário”, diminuindo as possibilidades de iludir-nos ou fantasiarmos fatos e ocorrências.
“Não sabeis que sois um templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” Paulo (I Coríntios, 3:16)
Tomar contato com “Deus em nós” possibilita trazer à nossa visão atual uma translúcida consciência, que nos permite reavaliá-la convenientemente. Faculta igualmente localizar os enganos e reformular percepções, para que possamos identificar a realidade tal qual é, pois viver ignorando o significado de nossos atos e impulsos é desvalorizar o nosso processo evolutivo, passando pela vida na inconsciência.
Cultivar o reino espiritual em nós facilita-nos escutar a verdade que Deus reservou para cada uma de suas criaturas. Também no cultivo desse reino aprendemos que a felicidade não é determinada por eventos ou forças externas, mas no silêncio da alma, onde a inspiração divina vibra intensamente.
Paulo de Tarso escreve aos Efésios: “... Que Ele ilumine os olhos dos vossos corações, para saberdes qual é a esperança que o Seu chamado encerra...” (Paulo / Efésios, 1: 18)
Buscar a Deus com os “olhos do coração”- na expressão paulina - é reconhecer que somente olhando para dentro de nós mesmos, descobrindo o que Deus escreveu em todos os corações, é que conseguiremos alcançar a plenitude da vida abundante. E entregarmo-nos a partir daí a Sua Orientação e Sabedoria, sem restringir-nos a “resultados esperados”. Essa a forma mais consciente de orar.
O mais alto sistema de intercâmbio com a Vida em nós e fora de nós é a oração - escutar a Deus no âmago da própria alma.
Livro: Renovando Atitudes.
Espírito: Hammed
Médium: Francisco do Espírito Santo Neto.

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