sexta-feira, 7 de junho de 2013

O adolescente diante da família

O adolescente diante da família
Incontestavelmente, o lar é o melhor educandário, o mais eficiente, porque as lições aí ministradas são  vivas e impressionáveis,  carregadas de emoção e força.   A família, por isso mesmo, é o conjunto de seres que se unem pela consanguinidade para um empreendimento  superior,  no qual  são  investidos valores inestimáveis que se conjugam em prol dos resultados felizes que devem ser conseguidos ao largo dos anos,  graças ao relacionamento entre pais e filhos, irmãos e parentes. 
Nem sempre,  porém,  a família é constituída por  Espíritos afins, afetivos,  compreensivos e fraternos. Na maioria das vezes, a família é formada para auxiliar os equivocados a se recuperarem dos erros morais, a repararem danos que foram causados em outras tentativas nas quais malograram. 
Assim, pois, há famíliasbênção e famíliasprovação. 
As primeiras são aquelas que reúnem os Espíritos que se identificam nos ideais do lar, na compreensão  dos deveres, na busca do crescimento moral, beneficiandose pela harmonia frequente e pela fraternidade habitual.
As outras são  caracterizadas pelos conflitos  que se apresentam desde cedo,  nas animosidades entre  os seus membros,  nas disputas alucinadas, nos conflitos contínuos, nas revoltas sem descanso. 
Amantes que se corromperam,  e se abandonaram,  renascem na condição  de pais e filhos, a fim de alterarem o comportamento afetivo e sublimarem as aspirações; inimigos que se atiraram em duelos políticos, religiosos, afetivos,  esgrimindo armas e ferindose, matandose, retornam quase sempre na mesma consanguinidade,  a fim de superarem as antipatias que remanescem; traidores de ontem agora se refugiam ao lado das vítimas para conseguirem o  seu  perdão, vestindo  a indumentária do  parentesco  próximo,  porque ninguém foge dos seus atos.  Onde vai o  ser, defrontase com a sua realidade, que se pode apresentar alterada, porém, no âmago, é ele próprio. 
A família, desse modo, é o laboratório moral para as experiências da evolução,  que caldeia os sentimentos e trabalha as emoções, proporcionando oportunidade de equilíbrio, desde que o amor seja aceito como o grande equacionador dos desafios e das dificuldades. 
Invariavelmente, por falta de estrutura espiritual e desconhecimento da Lei das reencarnações, as pessoas que se reencontram na família, quase sempre, dão vazão aos seus sentimentos e, ao  invés de retificar os negativos,  mais os fixam nos painéis do  inconsciente, gerando novas aversões que complicam o  quadro do  relacionamento fraternal.
Às vezes, a afetividade como a animosidade são detectadas desde o período da gestação, predispondo os pais a aceitação ou à rejeição do  ser  em formação, que lhes  ouvem as expressões de carinho ou lhes sentem as vibrações inamistosas, que se irão  converter em conflitos psicológicos  na infância e na adolescência, gerando distúrbios para toda a existência porvindoura. 
Renascese, portanto,  no lar, na família de que se tem necessidade, e nem sempre naquela que se gostaria ou que se merece, a fim de progredir  e limar as imperfeições com o buril da fraternidade que a convivência propicia e dignifica. 
Em razão  disso, o  adolescente experimenta na família esses choques emocionais ou  se sente atraído  pelas vibrações positivas,  de acordo  com os vínculos anteriores que mantém com o grupo no qual se encontra comprometido. 
Essa aceitação  ou  repulsão  irá afetar  de maneira  muito significativa o  seu  comportamento  atual,  exigindo, quando negativa, terapia especializada e grande esforço do paciente, a fim de ajustarse à sociedade,  que lhe parecerá sempre um reflexo do  que viveu no ninho doméstico. 
A família equilibrada, isto é, estruturada com respeito e amor, é fundamental  para uma sociedade justa e feliz. No entanto, a família começa quando os parceiros se resolvem unir sexualmente, amparados ou não pelo beneplácito das Leis que regem as Nações,  respeitandose mutuamente e compreendendo que, a partir  do  momento  em que nascem os filhos, uma grande, profunda e significativa modificação se deverá dar na estrutura do  relacionamento,  que agora terá como  meta a harmonia e felicidade do  grupo, longe do egoísmo e do interesse imediatista de cada qual. 
Infelizmente,  não  é o que ocorre, e disso  resulta uma sociedade juvenil desorganizada, revoltada, agressiva, desinteressada, cínica ou depressiva, deambulando pelos rumos torpes das drogas, da violência, do crime, do desvario sexual...  Os  pais devem unirse,  mesmo quando  em dificuldade no relacionamento  pessoal,  a fim de oferecerem  segurança psicológica e física à progênie. 
Essa tarefa desafiadora é de grande valia para o conjunto social, mas não tem sido exercida com a elevação  que exige,  em razão  da imaturidade dos indivíduos que se buscam para os prazeres,  nos quais há uma predominância marcante de egoísmo,  com altas doses de insensatez, desamor e apatia de um pelo outro  ser  com quem vive, quando  as ocorrências não lhes parecem agradáveis ou interessantes. 
Os  divórcios e as separações,  legais ou não, enxameiam, multiplicamse em altas estatísticas de indiferença pela família, produzindo as tristes gerações dos órfãos de pais vivos e desinteressados, agravando a economia moral  da sociedade,  que lhes sofre o dano do desequilíbrio crescente. 
O  adolescente,  em um lar  desajustado,  naturalmente experimenta as consequências nefastas dos fenômenos de agressividade e luta que ali têm lugar, escondendo as próprias emoções ou dandolhes largas nos vícios, a fim de sobreviver,  carregado de amargura e asfixiado pelo desamor.
Apesar  dessa situação, cabe ao adolescente em formação  da personalidade,  compreender  a conjuntura na  qual  se encontra localizado, aceitando o  desafio  e compadecendose dos genitores e demais familiares envolvidos na  luta infeliz,  como  sendo seres enfermos, que estão longe da cura ou se negam a terapia da transformação moral. É, sem dúvida, o mais pesado desafio que enfrenta o jovem, pagar esse elevado ônus, que é entender aqueles que deveriam fazêlo, ajudar aqueles que, mais velhos e,  portanto, mais experientes, tinham por tarefa compreendêlo e orientálo. 
O lar é o grande formador do caráter do educando. Muitas vezes, no entanto, lares infelizes,  nos quais as pugnas por  nonadas se fazem cruentas e constantes,  não  chegam a perturbar adolescentes equilibrados, porque são Espíritos saudáveis e ali se encontram para resgatar, mas também para educar os pais, servir de exemplo para os irmãos e demais familiares. Não seja, pois, de estranhar, os exemplos históricos de homens e mulheres notáveis que nasceram em lares modestos, em meios agressivos; em famílias degeneradas, e superaram os limites, as dificuldades impostas,  conseguindo atingir as metas para as quais reencarnaram. 
Quando o espírito de dignidade humana viger  nos adultos, que se facultarão  amadurecer  emocionalmente antes de assumirem os compromissos da progenitura,  haverá uma mudança radical  nas paisagens da família, iniciandose a época da verdadeira fraternidade. 
Quando o sexo for exercido  com responsabilidade e não  agressivamente;  quando os indivíduos compreenderem que o prazer  cobra  um preço, e este,  na união  sexual, mesmo com os cuidados dos preservativos, é a fecundação, haverá uma mudança real  no comportamento  geral,  abrindo espaço para a adolescência bem orientada na família em equilíbrio. 
Seja, porém, qual for o lar no qual  se encontre o adolescente, terá ele campo para a compreensão da fragilidade dos pais e dos irmãos,  para avaliação  dos seus méritos. 
Se não  for  compreendido  ou  amado,  esforcese para amar  e compreender, tendo em vista que é devedor  aos genitores,  que poderiam haver  interrompido  a gravidez, e, no entanto, não o fizeram.
Assim, o adolescente tem, para com a família, uma dívida de carinho, mesmo quando essa não se dê conta do imenso débito que tem para com o  jovem em formação. Nesse tentame,  o  de compreender  e desculpar, orando,  o  adolescente contará com o auxílio divino que nunca falta e a proteção dos seus Guias Espirituais, que são responsáveis pela sua nova experiência reencarnatória.
Livro: Adolescência e Vida.
Joanna de Ângelis / Divaldo Franco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário