quinta-feira, 30 de agosto de 2018

O CORPO ESPIRITUAL - Richard Simonetti.

  Desencarnar!... Parece  coisa  de  açougueiro!   comentava, jocoso, um amigo, católico convicto.
E eu, no mesmo tom: – O açougueiro  descarna. A gente  desencarna, sai da  carne. Aliás, você  é tão  magro  que  provavelmente  vai desensossar, sair dos ossos.
Curiosa a resistência à expressão desencarnar. Compreensível que o materialista não a aceite. Afinal, para  ele  tudo termina  no túmulo... O mesmo  não deveria  ocorrer com as pessoas que aceitam a sobrevivência, adeptos  de  qualquer  religião.  Se concebemos  que  a  individualidade  sobrevive à morte física, ela se impõe para definir o processo  que libera o Espírito da carne.
Imperioso para uma  compreensão melhor do assunto considerar  a  existência  do corpo  espiritual  ou perispírito, conforme explicam as questões 150 e 150a, de "O LIVRO DOS  ESPÍRITOS":
150 – A alma, após a morte, conserva a sua individual
Bastante esclarecedoras são, também, as questões 135 e 135a: Há  no homem alguma  outra  coisa além da  alma  e  do  corpo?
“Há o laço que liga a alma ao corpo”.
De que natureza é esse laço?
“Semimaterial, isto é, de natureza intermédia entre o  Espírito e o corpo. É preciso que seja assim para que os dois se possam comunicar um com o outro. Por meio desse laço  é que o Espírito atua sobre a matéria e reciprocamente”.
Comenta Kardec:
O homem é, portanto, formado de três partes essenciais:
1  ­ O corpo  ou  ser material, análogo  ao  dos  animais  e  animado pelo mesmo princípio vital;
2  ­A alma, Espírito encarnado que tem no corpo a sua habitação
3  ­O princípio intermediário, ou  perispírito, substância  semimaterial que serve de primeiro envoltório ao Espírito e liga  a  alma ao corpo. Tais, num fruto, o gérmen, o perisperma e a casca.
Desde  os  tempos  mais  recuados  os  estudiosos  admitem a existência de  um  corpo  extracarnal, veículo  de  manifestação  do Espírito  no plano em que  atua  (no plano físico, ligandoo à carne; no plano espiritual, compatibilizandoo com as características e os seres da região onde se situe).
O apóstolo Paulo reportase ao perispírito quando diz, na II Epístola  aos Coríntios (12: 2 a 4): "Conheço um homem  em Cristo,  que    14 anos (se no corpo  não sei, se fora  do corpo não sei; Deus o sabe), foi arrebatado até ao terceiro céu.
E sei que  o  tal homem  foi  arrebatado ao  paraíso e  ouviu  palavras inefáveis, de que ao homem não é lícito falar”. Enquanto  a  máquina  física  dormia, atendendo  aos imperativos  de  descanso, Paulo, em corpo  espiritual, deslocavase  rumo  às  Esferas Superiores, conduzido  por  mentores  amigos, a  fim  de  receber  preciosas  orientações.
Tentando, talvez, definir  a  natureza de  sua  experiência, ele  comenta, na Epístola aos Coríntios (15:40): "Há corpos celestes  e corpos terrestres". Semelhantes deslocamentos não constituem privilégio  dos santos. Todas as criaturas humanas o fazem, diariamente, durante  o  sono, com  registros  fugazes  e  fragmentários  na  forma  de  sonhos. Considerese, entretanto, que  a  natureza dessas excursões é determinada pelas atividades na vigília.
Por  isso, o  homem  comum, preso a  interesses  imediatistas, configurando prazeres, vícios  e  ambições, a  par  de uma total indiferença pelo autoaprimoramento espiritual e  a  disciplina  das  emoções, não tem a  mínima  condição  para  experiências sublimes como a de Paulo.
Todos "morremos", diariamente, durante o sono. Mas, para  transitar  com  segurança  e  lucidez  nas  regiões  alémtúmulo,  nessas  horas, aproveitando  integralmente  as  oportunidades de aprendizado, trabalho e edificação, é preciso  cultivar os valores do espírito durante a vigília. Caso contrário  estaremos tão à vontade no Plano Espiritual como peixes fora  d'água.
Livro: QUEM TEM MEDO DA MORTE?
Richard Simonetti.

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