domingo, 28 de outubro de 2018

A MELHORA DA MORTE - Richard Simonetti

Diante  do agonizante  o  sentimento  mais  forte  naqueles que se ligam a ele afetivamente é o de perda pessoal.
"Meu  marido não pode  morrer!
Ele  é  o  meu  apoio, minha segurança!"
"Minha  esposa querida!
Não  me deixei Não  poderei viver sem você!"
"Meu filho, meu filho! Não se vá! Você é muito jovem!
Que será de minha velhice sem o seu amparo?"
Curiosamente, ninguém pensa no moribundo.
Mesmo  os  que aceitam a  vida  além‐túmulo multiplicam‐se  em  vigílias  e  orações, recusando admitir  a separação. Esse comportamento ultrapassa os limites da afetividade, desembocando no velho egoísmo  humano, algo parecido com o presidiário que se recusa a  aceitar  a ideia de que seu companheiro de prisão vai ser libertado.
O exacerbamento  da  mágoa, em gestos  de inconformação e desespero, gera fios fluídicos que tecem uma espécie de teia de retenção, a promover a sustentação artificial da  vida  física.
Semelhantes  vibrações  não evitarão a  morte.
Apenas  a  retardarão, submetendo o  desencarnante  a  uma carga maior de sofrimentos.
É natural  que, diante  de  sério  problema  físico  a  se abater  sobre  alguém  muito  caro ao  nosso  coração, experimentemos apreensão e angústia. Imperioso, porém, que não resvalemos  para  a  revolta  e  o  desespero, que  sempre complicam  os  problemas humanos, principalmente  os relacionados com a morte.
Quando  os  familiares  não aceitam  a  perspectiva  da separação, formando a indesejável teia vibratória, os técnicos da Espiritualidade promovem,  com recursos magnéticos, uma recuperação artificial do paciente que, "mais prá lá do que prá cá", surpreendentemente  começa  a melhorar, recobrando a  lucidez e ensaiando algumas palavras...
Geralmente  tal providência  é  desenvolvida  na  madrugada. Exaustos, mas  aliviados, os  "retentores" vão repousar, proclamando: "Graças a Deus! O Senhor ouviu nossas preces!"
Aproveitando  a trégua  na vigília  de retenção  os benfeitores espirituais aceleram o processo desencarnatório e  iniciam  o  desligamento.  A morte  vem colher  mais  um passageiro para o Além.
Raros  os  que  consideram a  necessidade  de  ajudar  o desencarnante  na  traumatizante  transição. Por isso  é frequente  a  utilização  desse  recurso da  Espiritualidade, afastando aqueles que, além de não ajudar, atrapalham. Existe até um ditado popular a respeito do assunto:
"Foi a melhora da morte! Melhorou para morrer!”
Livro: QUEM TEM MEDO DA MORTE?
Richard Simonetti.

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