domingo, 14 de outubro de 2018

DIFICULDADES DO RETORNO - Richard Simonetti.

A progressiva  debilidade  do paciente, levando‐o à inconsciência, representa uma espécie de anestesia geral para o  Espírito  que, com raras exceções, dorme  para morrer, não tomando conhecimento da grande transição.
Indivíduos  equilibrados, com ampla  bagagem  de realizações  no campo  do Bem, superam  a  "anestesia  da morte", e  podem  perfeitamente  acompanhar o  trabalho dos técnicos  espirituais. Isso  poderá  ocasionar‐lhes  algum constrangimento, como  um  paciente  que  presenciasse delicada  intervenção  cirúrgica  em si mesmo, mas  lhes favorecerá  a  integração  na  vida  espiritual.
Consumado o desligamento situar‐se‐ão plenamente conscientes, o que não ocorre  com  o  homem  comum  que, dormindo  para  morrer, sente-se aturdido ao despertar, empolgado por impressões da vida  material, particularmente  aquelas  relacionadas com conseguem  libertar‐se  das  experiências  da  vida material, situam‐se como peixes fora d'água ou mais exatamente como estranhos doentes mentais, vivendo num mundo de fantasia, na intimidade de si mesmos.
A dissipação desse turvamento mental pede concurso do Tempo. O amparo dos benfeitores espirituais e as preces de familiares  e  amigos  podem  apressar  o  esclarecimento,  mas, fundamentalmente, este  estará  subordinado ao seu grau  de  comprometimento  com  as fantasias  humanas e  à  capacidade de assimilar as novas realidades.
O despreparo para a Morte caracteriza multidões que  regressam  todos  os  dias, sem a  mínima  noção  do que  as  espera, após  decênios  de  indiferença  pelos  valores  mais  nobres. São pessoas que jamais meditaram sobre o significado da jornada terrestre, de onde vieram, porque estão no Mundo, qual o seu destino. Sem a bússola da fé e a bagagem das boas  ações, situam‐se perplexas e confusas.
Nesse  aspecto, forçoso reconhecer  no Espiritismo  um abençoado  curso de  iniciação  às  realidades  além‐túmulo.  O espírita, em face  das  informações  amplas  e  precisas  que recebe, certamente  aportará com  maior  segurança  no continente invisível, sem grandes problemas para identificar a nova  situação,  embora  tais  benefícios  não lhe  confiram o direito  de  ingresso  em comunidades  venturosas. Isso dependerá do que fez e não do que sabe.
O "balanço da morte" definirá se temos condições para "pagar" o ingresso em regiões alcandoradas com a moeda da  virtude e o espírita certamente será convocado a desembolsar  o  "ágio  do conhecimento", partindo‐se  do princípio  lógico: mais se pedirá a quem mais houver recebido.
Livro: QUEM TEM MEDO DA MORTE?
Richard Simonetti

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