domingo, 28 de outubro de 2012

Palavras e atitudes

 “... Nem todos os que dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino dos céus: mas somente entrará aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus...” (Evangelho Seg. o Espiritismo – Allan Kardec, Capítulo 18, item 6)
Os bons dicionários definem comunicação como ato ou efeito de transmitir e receber mensagens e que envolve duas ou mais pessoas. É o processo de permutar conceitos, gestos, ideais ou conhecimentos, falando, escrevendo ou através do simbolismo dos sinais e expressões.
Enquanto a conversação entre dois indivíduos tem um caráter mais restrito de comunicação, as atitudes que acompanham os diálogos têm um poder de comunicação mais amplo, eloqüente e determinante.
O mecanismo que envolve a comunicação divide-se em três propriedades básicas dos seres humanos e se torna possível porque usamos nossa “percepção” ou “sensibilidade” para captar as informações; depois avaliamos para poder interpretar e compreender a mensagem; e, finalmente, “expressamo-nos” com palavras ou atitudes, baseadas nas reações emocionais provocadas pela maneira como integramos aquela mesma mensagem.
As circunstâncias existenciais de nossa vida de relação são o resultado direto de nossas atitudes interiores. Precisamos prestar atenção nos conteúdos de informação que recebemos, não somente pelas mensagens diretas, mas também por aquelas que absorvemos entre conteúdos simbólicos, inconscientes e subentendidos, na chamada comunicação “além da
comunicação” convencional.
Jesus Cristo considerou a importância da palavra aliada ao crer, quando disse: “não afeteis orar muito em vossas preces, como fazem os gentios, que pensam ser pela multidão de palavras que serão atendidos”. (Jesus / Mateus 6:7.)
O Mestre disse que não seria pela “multidão de palavras” que nossas súplicas seriam atendidas, mas que os sentimentos silenciosos seriam fatores essenciais, ou seja, a sinceridade provida de vontade firme, intensidade e determinação, unidas pela “convicção”, seriam conseqüentemente a forma ideal para os nossos pedidos e apelos à Divindade.
O simples pedido labial não tem a mesma potência do pedido estruturado em pensamentos concretos e firmes atitudes interiores.
Dizer por dizer “Senhor! Senhor!” não nos dará permissão para ingressar no Reino dos Céus, “mas somente entrarão aqueles que fazem a vontade de meu Pai”, quer dizer, os que usam o desejo e o empenho como alavancas propulsoras em suas palavras e solicitações.
Os estudiosos do comportamento dizem que todos nós, desde a infância, recebemos através da comunicação um maior ou menor desenvolvimento psicoemocional.
Afirmam que as informações recebidas através dos órgãos da linguagem - essencialmente dentro de casa, dos pais e irmãos, ou fora da família, dos tios, primos, avós ou amigos - agem sobre nós proporcionando recursos valiosos e determinantes sobre nosso modo de pensar, e atraem pessoas e coisas ao nosso redor. Certas informações, porém, captadas pelas crianças e adolescentes, explicam esses mesmos estudiosos, são transmitidas através da comunicação não-verbal: expressões corporais, mímicas, trejeitos do rosto, tonalidades, suspiros, lágrimas, gestos de contrariedade ou movimento das mãos. O comportamento, as expressões carinhosas e os monólogos da mãe com o feto na vida intra-uterina são comunicações superinfluenciadoras na estrutura emocional e espiritual das crianças em formação.
Todos nós recebemos e transmitimos mensagens articuladas constantemente, retendo ou não essas mesmas informações. Realizamos somas ou subtrações mentais com palavras e atitudes vivenciadas hoje e com outras recebidas ontem, para chegarmos a novos conceitos e conclusões da realidade.
Reconstituímos ocorrências passadas, antevemos fatos futuros, iniciamos e alteramos processos fisiológicos na intimidade de nosso organismo com nossas afirmações verbais negativas e positivas. Assim, compreendemos que a palavra tem uma importância inegável: ela cria vínculos de natureza mental, emocional e psicológica, altera o intercâmbio psíquico-espiritual e atua na formação de nossa personalidade, por meio da interação palavras/ atitudes.
Em síntese, o poder da palavra em nossa vida é fundamental, e, se observarmos a reação de nossas afirmações e atos, descobriremos que eles não retornarão jamais vazios, mas repletos do material emitido.
Segundo o apóstolo Mateus, “por nossas palavras seremos justificados, e por nossas palavras seremos condenados”, (Jesus / Mateus 12:37.), pois diálogos são pensamentos que se sonorizam e criam campos de energia condensada dentro e fora de nós.
Reformulemos, se for o caso, as comunicações ou atitudes que recebemos na infância. Se porventura foram de severidade e rispidez, se nos menosprezaram com mensagens negativas constantes, repetitivas e depreciativas, poderão ser elas a razão de nossos sentimentos de inferioridade, rejeição e agressividade compulsórias.
Não diga “que dia horrível!” porque simplesmente está chovendo. A dramaticidade é um dos fatores traumáticos de nossa existência, pois muitas dessas expressões despretensiosas, repetidas muitas vezes, podem-nos conduzir a verdadeiros turbilhões vivenciais.
Nossas palavras são filamentos sonoros revestidos de nossos sentimentos, e nossas atitudes são o resultado de expressões assimiladas e determinadas pelo nosso comportamento mental.
Livro: Renovando Atitudes
Hammed / Francisco do Espirito Santo Neto

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