sábado, 3 de novembro de 2012

COMPREENSÃO - Hammed

Quando se trata da "compreensão em Deus", não neguemos nada, não afirmemos nada, apenas esperemos confiantes. O estado numinoso é a mão misteriosa que nos aproxima daquilo que nos é útil e nos afasta daquilo que não nos serve.
As enciclopédias trazem no verbete "religiosidade" as mais diversas observações de ordem lingüística, restringindo-nos a compreensão clara e uma noção definida arespeito deste tema. Apesar do elenco de idéias e definições que podemos encontrar,aqui registraremos um conceito que, a nosso ver, melhor se ajusta ao vocábulo religiosidade: "estado íntimo em que a alma se identifica com o sagrado", ou seja,"encontro do homem com o numinoso". A palavra "nume" é oriunda do latim numen,inis e quer dizer "divindade".
O "nume" é a essência da idéia do divino. Essa essência é encontrada na inspiração ou intuição, enquanto sua vivência é sentida no âmago das criaturas através de um estado afetivo de confiança absoluta na Ordem Divina.
Quando se trata da "compreensão em Deus", não neguemos nada, não afirmemos nada, apenas esperemos confiantes. O estado numinoso é a mão misteriosa que nos aproxima daquilo que nos é útil e nos afasta daquilo que não nos serve.
O indivíduo envolvido pelo sentimento numinoso está influenciado pelas qualidades transcendentais do Criador. Essa sensação íntima é captada pelas vias invisíveis doEspírito e, para muitos, ela ainda é considerada uma experiência indecifrável,misteriosa e não racional, isto é, um enigma para os seres humanos.
No entanto, é indispensável lembrarmos que "aos olhos daqueles que olham a matéria como uma única força da natureza, tudo o que não pode ser explicado pelas leis da matéria é maravilhoso ou sobrenatural". (O Livro dos Médiuns – Allan Kardec - Primeira parte - capítulo II, item 10). Na atualidade, nossa ligação com as vias sagradas do Universo não é compreendida com clareza nem vista como uma atitude natural e espontânea.
Por isso, Allan Kardec pergunta aos Seareiros do Bem: "Se não podemos compreender a natureza íntima de Deus, podemos ter uma idéia de algumas de suas perfeições?' E os Espíritos Amigos respondem: "Sim, de algumas. O homem as compreende melhor à medida que se eleva acima da matéria; ele as entrevê pelo pensamento." - (Questão 12 – Livro dos Espíritos / Allan Kardec).
O "templo da compreensão" do sagrado ou numinoso não está em percorrer um caminho florido e verdejante numa planície tranqüila e pitoresca, e sim em escalar o cume de uma montanha majestosa, onde se passa pelas trilhas íngremes da inspiração e pelas sendas estreitas da introspecção.
Quando estivermos dispostos a nos soltar e nos entregar nas Mãos Divinas,poderemos compreender que esse estado de confiança e entrega a Deus nada mais é do que possibilidades naturais; são capacidades peculiares ou comuns a todos os homens.
Deveríamos compreender que o entendimento humano é limitado e que existem fatos e situações que não podemos resolver por nós mesmos. Somente confiando na Inteligência Superior é que as coisas inexplicáveis começam a revelar-se em nossa vida.
É indispensável, porém, entendermos a expressão "lançarmo-nos nas Mãos de Deus"como uma "manifestação valorosa de devoção e fé" e jamais como uma "manifestaçãode entrega desesperada diante da perda e ruína".
No primeiro caso, ela possui o significado de que o Bem ?Maior deve prevalecer acima de qualquer solução ou julgamento de nossa parte. Quanto mais cultivarmos a compulsão de tudo saber e resolver, mais as respostas nos escaparão e menores serão as oportunidades de dissolvermos as dificuldades existenciais.
Todavia, não podemos nos esquecer de que as dádivas que Deus nos conferiu nãodevem servir como passaporte para a apatia, já que o livre-arbítrio, a inteligência, a vontade e o senso crítico são dons que podemos e devemos utilizar para enfrentarmos as crises que surgem em nosso cotidiano.
No segundo caso, existe uma expressão de acomodação, apatia e má vontade. É uma postura de virar as costas para a orientação celeste. Aí está implícita toda uma atitude de não pedir nem esperar ajuda, mas simplesmente de querer que a solução apareça como num conto de fadas.
Para compreender as dádivas de Deus, às vezes é necessário cerrarmos os olhos para tudo que nos rodeia e abandonarmos a nossa síndrome de onipotência e de inflexível obstinação, qual seja a de supervalorizar às próprias idéias, resoluções e empreendimentos.
Permanecemos em um "estado numinoso" quando possuímos a compreensão plena de ser sustentados pela Força Sagrada do Universo. Vivemos em "estado numinoso" quando nos soltamos e nos entregamos só a Deus, e Nele confiamos.
Livro: Os Prazeres da Alma
Hammed / Francisco do Espirito Santo Neto. 
Estudando O Livro dos Espíritos – Allan Kardec
Questão 12 - Se não podemos compreender a natureza íntima de Deus, podemos ter uma idéia de algumas de suas perfeições?
Resposta: Sim, de algumas. O homem as compreende melhor à medida que se eleva acima da matéria; ele as entrevê pelo pensamento.

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