sexta-feira, 28 de setembro de 2012

AFETIVIDADE - Hammed

No futuro, a religião superior ou natural só será fundamentada na mais afetuosa fraternidade e professada individualmente pela criatura que. superou o "ser religioso" e desenvolveu em si o "ser religiosidade".
A vida é um processo evolutivo e todos somos "seres caminhantes" nesse processo. Ainda nos falta longo trajeto a percorrer para atingirmos o desenvolvimento total de nossas potencialidades inatas. As Mãos Divinas nos criaram perfectíveis (Questão 776 - O Livro dos Espíritos – Allan Kardec), isto é, fomos concebidos potencialmente perfeitos. Já estamos prontos, concluídos; a Vida Providencial apenas espera nosso despertar, ou seja, agora só nos resta sair do sono da inconsciência de nós mesmos.
Na maioria das vezes, por ser tão vasto o campo do potencial humano, direcionamos nossa visão somente às informações, aos conceitos e às idéias pessoais e particulares. Não vemos claramente os processos interligados que fazem parte de uma mesma rede de relações invisíveis que ocorrem em nossos mundos interno e externo.
É oportuno recordarmos trecho do discurso do chefe indígena norte-americano Seattle: " Tudo o que acontece com a Terra acontece com os filhos da Terra. O homem não tece a teia da vida; ele é apenas um fio. Tudo o que faz à teia ele faz a si mesmo".
Esse pequeno texto sintetiza os pilares do que podemos chamar de "ecologia divina". Todo e qualquer ser vivo tem seu valor intrínseco, sendo os seres humanos somente um dos fios da imensa série de elos da vida. Essa foi a mais exata e essencial definição de fraternidade - como devemos nos relacionar no mundo.
       É preciso termos uma "visão holística" (do grego bolos: todo) de tudo o que nos rodeia." O Criador está em tudo e em todos", mas Ele não pode ser circunscrito a nada. Assim como a assinatura do artista está em sua obra, Deus, igualmente, está presente nas suas criações através de suas leis divinas ou naturais. (Questão 621 / O Livro dos Espíritos – Allan Kardec).
A fraternidade é o entrelaçamento sagrado entre as criaturas. Ela possui a condição de afetividade fecunda e frutífera; é a única e verdadeira forma de união humana.
Uma tomada de consciência dessa natureza exige de cada um de nós uma mudança radical quanto ao modo de encarar as criações e criaturas. Essa maneira de ver e perceber a existência produz uma profunda conscientização de religiosidade sobre a realidade de quem somos e de como vivemos.
       Se nós, criaturas humanas, considerarmos que o Universo é uma imensa malha interligada e agirmos de conformidade com esse princípio, não estaremos fazendo nada mais do que reforçar e vivenciar a essência da palavra religião (do latim religare: ligar novamente). Aliás, o Cristo veio ao mundo para religar os homens a Deus, e Ele assim se referiu à autêntica religião do porvir: " (...) Deus é espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade." -  Jesus / João, 4:24.
No futuro, a religião superior ou natural só será fundamentada na mais afetuosa fraternidade e professada individualmente pela criatura que superou o "ser religioso" e desenvolveu em si o "ser religiosidade".
O amadurecimento e o crescimento do indivíduo se fazem por meio da sucessão das existencias corporais. Ela "estabelece entre os Espíritos laços que remontam às existências anteriores. Pai muitas vezes, decorrem as causas da simpatia entre vós e certos Espíritos que vos parecem estranhos"."
Uma vez que temos tido várias existências, a parentela remonta além da nossa existência atual' (Questão 204  - Livro dos Espíritos – Allan Kardec)  e, como resultado, cada vez mais aumenta a afetividade entre as criaturas, sedimentando nelas os laços da fraternidade.
O que é fraternidade? E ter afeto por todos, considerando-os como irmãos; é o nome que se dá ao sentimento que une irmão a irmão. Palavra oriunda do latim: frater, tris — "irmão pelo sangue ou por aliança". Fraternizar, na real acepção da palavra, não é apenas comungar das mesmas idéias, dos mesmos ideais ou convicções, mas acima de tudo, respeitá-los.
A convocação da nossa época é mais para "atos de fraternidade" do que para "atos de beneficência". Se os primeiros existirem, com certeza os segundos serão conseqüências naturais.
No "mundo ético", a busca é a do bem comum e da fraternidade. No "mundo moralista" não há afetividade de irmãos; a busca é por se enquadrar nas leis sociais, que possuem um manto fictício de direitos humanos, mas que, quase sempre, constituem regras ou normas partidárias, cruéis e desumanas. A humanidade atual é mais moralista do que ética.
Hoje, muitos indivíduos estão presos à "robotização dos costumes". São excessivamente ajustados aos "hábitos impensados"; até realizam atos de caridade -colocam em prática os ensinos de Jesus -, sem perceber, porém, qual é o verdadeiro significado do amor fraterno.
São criaturas que utilizam constantemente a palavra fraternidade, nomeando as pessoas de "queridos irmãos". Todavia, não possuem a convicção real de que, quando um ser humano chama o outro de irmão, é porque já validou em si mesmo um senso de valor segundo o qual o bem coletivo e o progresso da humanidade estão acima da religião que professa.
Os seres que desenvolveram uma afetividade fraternal aprenderam que a humanidade inteira faz parte de um todo interligado, regido por uma só lei, natural ou divina. No entanto, nada os impede de cooperar fraternalmente com toda e qualquer pessoa do planeta, pois têm plena compreensão da maneira pela qual as raças e os povos vivem e entendem a religiosidade. Sabem que há inúmeros meios de ver a realidade – nós próprios, as outras pessoas, o Universo, a vida e Deus. Por isso, aceitam de forma pacífica as diferenças.
Reconheceram que cada um de nós vê parte da verdade diante do Universo, e que todos nós temos uma "visão de mundo" proporcionalmente reduzida ao tamanho da nossa cegueira espiritual ou distorção da realidade. Na ética ou na fraternidade, a vida social do planeta se transforma numa melodia executada por muitos instrumentos afinados na mesma tonalidade; todos vibram em conjunto, embora uma só música seja tocada.
Estudando o Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
204 -Uma vez que temos tido várias existências, a parentela remonta além da nossa existência atual?
Resposta: Não pode ser de outra forma. A sucessão das existências corporais estabelece entre os Espíritos laços que remontam às existências anteriores. Daí, muitas vezes, decorrem as causas da simpatia entre vós e certos Espíritos que vos parecem estranhos.
621 - Onde está escrita a lei de Deus?
“Na consciência.”
621a - Visto que o homem traz em sua consciência a lei de Deus, que necessidade havia de lhe ser ela revelada?
 “Ele a esquecera e desprezara. Quis então Deus lhe fosse lembrada.”
776. Serão coisas idênticas o estado de natureza e a lei natural?
“Não, o estado de natureza é o estado primitivo. A civilização é incompatível com o estado de natureza, ao passo que a lei natural contribui para o progresso da Humanidade.”
A.K.: O estado de natureza é a infância da Humanidade e o ponto de partida do seu desenvolvimento intelectual e moral. Sendo perfectível e trazendo em si o gérmen do seu aperfeiçoamento, o homem não foi destinado a viver perpetuamente no estado de natureza, como não o foi a viver eternamente na infância. Aquele estado é transitório para o homem, que dele sai por virtude do progresso e da civilização. A lei natural, ao contrário, rege a Humanidade inteira e o homem se melhora à medida que melhor a compreende e pratica.
Livro Fonte: Prazeres da Alma.
Hammed - Francisco do Espírito Santo Neto. 

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