domingo, 25 de junho de 2017

A Segunda Frase – 3º - Lázaro, sai para fora

Jesus não dispensou o concurso dos amigos do morto, no processo do seu levantamento.
Não indagou deles, contudo, quanto à cultura, nem quanto aos sentimentos.
Não lhes perguntou  se eram judeus ou  romanos, rabinos ou pescadores, senhores ou  escravos.
Simplesmente utilizou-os na ressurreição de um homem, valorizando-os, pois, com a oportunidade de trabalho, cooperação e serviço. Mas, tão logo estabeleceu contacto visual com o jovem de Betânia, fala-lhe diretamente, sem reticências. Não mais intermediários: dá-lhe a ordem, incisiva e categórica.
Intima-lhe, com bondosa energia, a deixar a sombra do túmulo, num convite a que viesse aspirar o oxigênio cá de fora; a que viesse reaquecer-se sob a claridade do Sol que buscava, àquela hora, a linha do horizonte.
“Lázaro, sai para fora” - determina, de modo irresistível, possivelmente para recordar o  que dissera ainda em Jerusalém, quando Lhe chegara a noticia da doença do amigo: “Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus; para que o Filho de Deus seja glorificado  por ela.”
Quando o Mestre, voltando-se, sereno, para os amigos de Lázaro, lhes ordenava que tirassem a pedra, Jesus estava com Lázaro, mas, por estranho que pareça, Lázaro não estava com Jesus. Agora, contudo, com a suave claridade que invadira o interior  do sepulcro, Lázaro já podia ouvir, em surdina, a voz do Senhor, a palavra de comando: — Lázaro, sai para fora. “E o defunto saiu” — relata o Evangelho. “... e Lázaro, que se ergue do sepulcro, é a vida triunfante que ressurge imortal” —  pondera Emmanuel, referindo­se ao episódio.
* * * 
Também nós outros, retirada a pedra do egoísmo do sarcófago de nossos enganos milenares, já podemos ouvir, meio confusos, à maneira de uma sinfonia longínqua, o verbo  amoroso de Nosso Senhor Jesus Cristo. Convocando-nos à Luz. Requisitando-nos à Verdade. Chamando-nos, enfim, à Vida.
Vacilantes e indecisos, aturdidos e semi-despertos, fitamos a amplidão dos céus infinitos, onde cintilam estrelas­esperanças de mundos fabulosos, de sublimes e ainda inabordáveis humanidades que escrevem páginas imortais no universal drama da evolução.
As nossas pálpebras estão pesadas. Os pés se encontram doloridos. As mãos ainda traumatizadas.
Em nossa cabeça — um vácuo indefinível. Estamos realmente atônitos, mas já começamos a sentir, no Templo de nosso Espírito, a presença Augusta e Misericordiosa do Mestre.
Faixas mentais nos identificam com a morte, mas já estamos erguidos. Não há porque desanimar. “A evolução é fruto do tempo infinito...”
Livro: Estudando O Evangelho / Martins Peralva.

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