domingo, 7 de abril de 2013

A Quem Muito Foi Dado, Muito Será Pedido

10 – Porque aquele servo, que soube a vontade de seu Senhor, e não se apercebeu, e não obrou conforme a sua vontade, dar-se-lhe-ão muitos açoites. Mas aquele que não a soube, e fez coisas dignas de castigo, levará poucos açoites. Porque a todo aquele, a quem muito foi dado, muito será pedido, e ao que muito confiaram, mais contas lhe tomarão. (Jesus / Lucas, XII: 47-48).
11 – E Jesus lhe disse: Eu vim a este mundo para exercitar um juízo, a fim de que os que não vêem, vejam, e os que vêem, se tornem cegos. E ouviram alguns dos fariseus que estavam com ele, e lhe disseram: Logo, também nós somos cegos? Respondeu-lhes Jesus: Se vós fôsseis cegos, não teríeis culpa; mas como agora mesmo dizeis: Nós vemos, fica subsistindo o vosso pecado. (Jesus / João, IX: 39-41).
12 – Estas máximas encontram sobretudo a sua aplicação no ensinamento dos Espíritos. Quem quer que conheça os preceitos do Cristo é seguramente culpado, se não os praticar. Mas além de não ser suficientemente difundido o Evangelho que os contêm, senão entre as seitas cristãs, mesmo entre estas, quantas pessoas existem que não o lêem, e entre as que o lêem, quantas não o compreendem! Disso resulta que as próprias palavras de Jesus ficam perdidas para a maioria. O ensinamento dos Espíritos, que reproduz essas máximas sob diferentes formas, que as desenvolve e comenta, pondo-as ao alcance de todos, tem sido de particular, ou seja, não é circunscrito. Assim, todos, letrados ou não, crentes ou descrentes, cristãos ou não cristãos, podem recebê-lo, pois os Espíritos se comunicam por toda à parte. Nenhum dos que o recebam, diretamente ou por intermédio de outros, pode pretextar ignorância, ou pode desculpar-se com a sua falta de instrução ou com a obscuridade do sentido alegórico. Aquele, pois, que não o põe em prática para se melhorar, que o admira apenas como interessante e curioso, sem que seu coração seja tocado, que não se faz menos fútil, menos orgulhoso, menos egoísta, nem menos apegado aos bens materiais, nem melhor para o seu próximo, é tanto mais culpado, quanto teve maior facilidade para conhecer a verdade.
Os médiuns que obtêm boas comunicações são ainda mais repreensíveis por persistirem no mal, pois escrevem freqüentemente a sua própria condenação, e se não estivessem cegos pelo orgulho, reconheceriam que os Espíritos se dirigem a eles mesmos. Mas, em vez de tomarem para eles as lições que escrevem, ou que vêem os outros escreverem, sua única preocupação é a de aplicá-las as outras pessoas, incidindo assim nestas palavras de Jesus: “Vedes um argueiro no olho do próximo, e não vedes a trave no vosso”. (Ver cap. X, nº 9).
Por estas palavras: “Se fosseis cegos, não teríeis culpa”, Jesus confirma que a culpabilidade está na razão do conhecimento que se possui. Ora, os fariseus, que tinham a pretensão de ser, e que realmente eram, a parte mais esclarecida da nação, tornavam-se mais repreensíveis aos olhos de Deus que o povo ignorante. O mesmo acontece hoje.
Aos espíritas, portanto, muito será pedido, porque muito receberam, mas também aos que souberam aproveitar os ensinamentos, muito lhes será dado.
O primeiro pensamento de todo espírita sincero deve ser o de procurar, nos conselhos dados pelos Espíritos, alguma coisa que lhe diga respeito.
O Espiritismo vem multiplicar o número dos chamados, e pela fé que proporciona, multiplicará também o número dos escolhidos.
Livro: Evangelho Segundo O Espiritismo – Allan Kardec, Cap, XVII, item; 10 a 12. – tradução de J. Herculano Pires.

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