terça-feira, 16 de abril de 2013

Marco Divisório

Houve na Roma antiga um templo dedicado a Jano, que durante um milênio  somente fechou as suas portas nove vezes, correspondentes aos períodos em que a República esteve em paz. O deus singular era representado com duas faces, o que o tornou conhecido como bifronte, atributo conseguido de Saturno, a quem favorecera, e que o dotara com a capacidade de penetrar o passado e o futuro, conforme narra a mitologia, ao se referir ao mais antigo rei do Lácio conhecido,
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Utilizamo­nos da lenda para considerar a visão cristã como possuidora da possibilidade de examinar o passado e o futuro, ensejando valiosas meditações.
Em Saulo, o jovem atormentado, que se fizera sicário, dormitava aquele Paulo que, abrasado por Jesus, se tornou o arauto da Boa Nova por todas as terras da antigüidade.
Em Jeziel, o israelita pulcro e sofrido, se encontrava em potencial o nobre Estevão, que se faria o excelso mártir da Mensagem nascente, abrindo os braços de encorajamento na direção do futuro.
Em Madalena, a mulher obsidiada e trôpega nas aspirações morais, vivia enclausurada a impoluta faculdade de amar até o sacrifício, doando­se à Causa do  Cristo com abnegação dificilmente encontrada.
Em Simão, temeroso e reticente, vibrava o apóstolo Pedro, que se entregaria à fé rutilante, após o sacrifício de Jesus, de modo a selar com sangue a audácia de porfiar fiel até o fim, na expansão do Reino de Deus entre as criaturas de Roma.
Em Joana de Cusa, a matrona romana, se agitava a discípula fiel que doaria a vida às labaredas pela honra de ser fiel ao Mestre.
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Era como se o passado de dificuldades e viciações argamassasse o futuro  com o cimento divino do amor, transformando­se em base de sustentação aos grandes investimentos da luz na direção do Infinito.
No passado, queixas, lamentos, enfermidades, dissensões. No futuro, esperanças, gratidão, saúde e paz.
Ontem, óbice, desânimo, perturbação, agonia.
Amanhã, aptidão, alento, ordem, serenidade.
Antes, o espírito alquebrado e o coração ralado de dores e ansiedades incontáveis.
Depois, o ser renovado pela mente voltada ao dever e os sentimentos cantando júbilos.
A Doutrina Cristã é o templo da fé aberto perenemente, facultando a paz e acolhendo o amor.
E o Espiritismo que no-­la traz de volta, na atualidade, é o grande hoje, marco divisório dos tempos que separam o antes e o depois do encontro com Jesus.
Por essa forma, se as tuas aspirações superiores ainda não se converteram em flores de alegria e as ásperas batalhas teimam por manter-­te nos embates duradouros não desfaleças. O passado de sombras para ser vencido necessita de ser  retificado e os abusos agasalhados demoradamente requerem disciplina espartana para serem superados.
Importa considerar que já não és o que eras, nem sentes o que sentias, embora, não poucas vezes, o assédio do hábito te atormente as pausas de equilíbrio.
Examina o passado para verificação do que te compete refazer, mas não te fixes nele.
Prepara o futuro através de atitudes corretas mas não te angusties pela chegada dele.
Vence a hora de cada hora, realizando o que possas, através de como  possas, lidando infatigável na república do espírito em atribulação.
Os acontecimentos vividos são experiências para as realizações a viver.
Jesus é o teu divisor de águas.
Kardec é o condutor do teu  amanhã.
Eleva-­te ao Mestre através do Seu  apóstolo moderno e fecha às paixões o templo da tua alma, em caráter  definitivo, aspirando à glória do Mundo Maior que a todos nos espera.
Livro: Florações Evangélicas.
Joanna de Ângelis / Divaldo Franco.
  “Ninguém, tendo posto a mão ao arado e olhando par a trás,  é apto para o reino de Deus”.   Jesus/ Lucas, 9:62 
     “Meus amigos, agradecei a Deus o haver permitido que pudésseis gozar da luz do Espiritismo” - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec, cap, 15, item 10, parágrafo 2.

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