quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

As Guerras Santas - Miramez

As guerras entre os homens nascem da ignorância dos mesmos ante as leis que os protegem e sustentam a vida. As guerras santas, como são chamadas no mundo, partem da barbaridade dos homens que desconhecem o amor. Essas lutas vêm de épocas passadas, e quanto mais o homem sobe na escala evolutiva, mais aperfeiçoa as técnicas de guerras.
Somente depois que a humanidade passar a conhecer as vantagens do amor, da fraternidade, do perdão é que irá deixando o orgulho e o egoísmo, fontes de todas essas paixões que derramam sangue e espalham luto em toda a face da Terra.
Se temos de dizer a verdade e buscar os acontecimentos nas sua primeiras causas, é bom que notemos que, se o homem foi criado simples e ignorante, as guerras nascem da ignorância.
Elas são, portanto, um processo de despertamento das criaturas. O esquema evolutivo vem pela lei dos contrários, para que chegue, com o tempo, na unidade do amor. Como conhecer o amor, sem sentir o inferno do ódio? Como aprender a perdoar, sem o ferrão das ofensas?
Como entender o valor da amizade, sem passarmos pelos sofrimentos que recebemos do nosso inimigo? E assim prossegue a jornada do crescimento.
Se Deus quisesse nos criar já perfeitos, não precisaria nos criar; ficaríamos já no Seu seio, fazendo parte do Todo Poderoso. Já que Ele quis nos desprender de Si, pelos canais da Sua magnânima vontade, tínhamos de nos individualizar e passar pelos processos que correspondem a essa liberdade.
Os grandes profetas que Deus enviou ao mundo fizeram guerras e mataram, inclusive aquele que recebeu o "Não matarás". As guerras, pelo que notamos das necessidades do ser humano, fazem parte da sua ascensão. Falar o contrário é desmentir a história.
O próprio corpo humano nos dá prova da necessidade das lutas, porque ele, igualmente, se aperfeiçoa. Deus muda os destinos dos que não precisam mais de guerras, de quem já tem o fardo leve e o jugo suave, e não precisa mais matar para viver. Isto, dizemos, em toda a extensão da vida.
O homem animal precisa de guerras. Entre os primitivos é que ela começa; no homem espiritualizado ela não pára, mas muda de feição. As guerras, nos caminhos do espírita, estão no seu campo íntimo, com as suas próprias inferioridades, mas são guerras, e quem começa a lutar para vencer a si mesmo sofre muitas conseqüências dos seus gestos em busca da iluminação.
Jesus foi o ponto alto da espiritualidade, foi o único que não teve erro na Sua missão, em se falando de pureza. Jesus veio à Terra dar um grito de guerra diferente, uma guerra verdadeiramente santa, de auto-educação espiritual de todos os povos. Quando alguém lhe falava em Moisés, Ele retrucava: "Eu sou maior que Moisés". Quando perguntaram se Ele era filho de Abraão, Ele respondeu: - "Como sou filho de Abraão, se ele me chama de Senhor?" Jesus foi e é a personificação do Amor, é a luz dos nossos caminhos. Ele advertia a todos os que O acompanhavam, assim como a todas as gerações que deveriam suceder àquela do Seu tempo. Lucas, no capítulo seis, versículo trinta e seis, nos diz: Sede, pois, misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai.
Veio o Mestre em época certa, encontrando a humanidade com certo preparo para receber a misericórdia, mas antes dele os processos de despertamento foram duros, porque duros eram os corações dos seres humanos.
As guerras santas também se encontram em todos os planetas habitados, onde os seres encarnados são inferiores e se encontram presos pela ignorância. Nos mundos superiores, que já passaram por essas fases e passaram a conhecer o amor, a vida é feliz, e eles se encontram em um paraíso.
Os seres de outros mundos adiantados nos ajudam pelas orações, mas, não intervêm diretamente para nos mudar pela violência, porque sabem que os caminhos são esses mesmos. O céu e a felicidade se encontram dentro das criaturas. Mudando por dentro, tudo por fora opera transformações compatíveis com os sentimentos.
Livro: Filosofia Espírita – Volume XIV
Miramez / João Nunes Maia.
Estudando O Livro dos Espíritos – Allan Kardec
671. Que devemos pensar das chamadas guerras santas? O sentimento que impele os povos fanáticos, tendo em vista agradar a Deus, a exterminarem o mais possível os que não partilham de suas crenças, poderá equiparar-se, quanto à origem, ao sentimento que os excitava outrora a sacrificarem seus semelhantes?
São impelidos pelos maus Espíritos e, fazendo a guerra aos seus semelhantes, contravêm à vontade de Deus, que manda ame cada um o seu irmão, como a si mesmo. Todas as religiões, ou, antes, todos os povos adoram um mesmo Deus, qualquer que seja o nome que lhe dêem. Por que então há de um fazer guerra a outro, sob o fundamento de ser a religião deste diferente da sua, ou por não ter ainda atingido o grau de progresso da dos povos cultos? Se são desculpáveis os povos de não crerem na palavra daquele que o Espírito de Deus animava e que Deus enviou, sobretudo os que não o viram e não lhe testemunharam os atos, como pretenderdes que creiam nessa palavra de paz, quando lhes ides levá-la de espada em punho? Eles têm que ser esclarecidos e devemos esforçar-nos por fazê-los conhecer a doutrina do Salvador, mediante a persuasão e com brandura, nunca a ferro e fogo. Em vossa maioria, não acreditais nas comunicações que temos com certos mortais; como quereríeis que estranhos acreditassem na vossa palavra, quando desmentis com os atos a doutrina que pregais?

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