sexta-feira, 12 de julho de 2013

CONTROLE SEXUAL

Interroguem  friamente suas  consciências  todos  os  que  são  feridos  no  coração  pelas  vicissitudes  e  decepções  da  vida;  remontem, passo a passo, à origem dos males que os torturam e verifiquem  se,  as  mais  das  vezes,  não  poderão  dizer:  Se  eu  houvesse  feito,  ou  deixado  de  fazer  tal  coisa,  não  estaria  em  semelhante condição. (O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec, Cap. V, Item 4).
Existe o mundo sexual dos Espíritos de evolução  primária, inçado de ligações irresponsáveis, e existe o mundo sexual dos Espíritos conscientes, que já adquiriram conhecimento das obrigações próprias, à frente da vida; o primeiro se constitui de homens e mulheres psiquicamente não muito distantes da selva, remanescentes próximos da convivência com os brutos, enquanto que o segundo é integrado pelas consciências que a verdade já iluminou, estudantes das leis do  destino à luz da imortalidade. O primeiro grupo se mantém fixado à poligamia, às vezes desenfreada, e só, muito pouco a pouco, despertará para as noções da responsabilidade no plano do sexo, através de experiências múltiplas na fieira das reencarnações. O segundo já se levantou para a visão panorâmica dos deveres que nos competem, diante de nós mesmos, e procura elevar  os próprios impulsos sexuais, educando­os pelos mecanismos da contenção. Falar de governo e administração, no campo sexual, aos que ainda se desvairam em manifestações poligâmicas, seria exigir do silvícola encargos tão­somente atribuíveis ao professor  universitário, razão por que será justo deter­se alguém nesse ou  naquele estudo  alusivo à educação sexual apenas com aqueles que se mostrem suscetíveis de entender as reflexões exatas, nesse particular. Estabelecida a ressalva, perguntemos a nós mesmos se nos seria lícito abandonar, no mundo, os compromissos de natureza afetiva, assumidos diante uns dos outros. Assim nos externamos para considerar que a ligação sexual entre dois seres na Terra envolve a obrigação de proteger a tranquilidade e o equilíbrio de alguém que, no caso, é o parceiro ou a parceira da experiência “a dois”, e, muito comumente, os “dois” se transfiguram em outros mais, na pessoa dos filhos e demais descendentes. Urge, desse modo, evitar  arrastamentos no terreno da aventura, em matéria de sexo, para que a desordem nos ajustes propostos ou aceitos não venha a romper a segurança daquele ou daquela que tomamos sob nossa assistência e cuidado, com reflexos destrutivos sobre todo o  grupo, em que nos arraigamos através da afinidade. Não se trata, em nossas definições, do chamado “vínculo indissolvível” criado por leis humanas, de vez que, em toda parte, encontramos companheiros e companheiras lesados pelo comportamento de parceiros escolhidos para a vivência sexual e que, por isso  mesmo, adquirem, depois de prejudicados, o direito natural de se vincularem à outra ligação ou  a outras ligações subsequentes, procurando companhia ao nível de sua confiança e respeitabilidade; reportamo­nos ao impositivo da lealdade que deve ser  respondida com lealdade, seja qual for o tipo de união em que os parceiros se comuniquem sexualmente um com o outro, sustentando o equilíbrio recíproco.
Considerado o exposto, os participantes da comunhão afetiva, conscientes dos deveres que assumem, precisam examinar até que ponto terão gerado as causas da indisciplina ou  deserção naquele ou  naquela que desistiu  da própria segurança íntima para se atirar  à leviandade. Justo ponderar  quanto a isso, porquanto, em muitas ocorrências dessa espécie, não é somente aquele ou aquela que se revelam desleais, aos próprios compromissos, o culpado pela ruptura na ligação afetiva, mas igualmente o companheiro ou a companheira que, por desídia ou frieza, mesquinhez ou irreflexão nos votos abraçados, induz a parceira ou o parceiro a resvalarem para a insegurança, no  campo do afeto, atraindo perturbações de feição e tamanho imprevisíveis.
Livro: Vida e Sexo.
Emmanuel / Chico Xavier.

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