sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

DESATANDO LAÇOS - Miramez

0155/LE 
Não existe violência em nenhum campo da vida. Quando o Espírito abandona o corpo que lhe serviu de instrumento na área física, o mais acertado é dizer que esse desligamento é gradativo, visto na vida, resplandecer a harmonia pura, ordem essa que vibra em todo universo de Deus. No entanto, há casos que modificam essa ordem, por não ser ela rígida ao ponto de fazer desaparecer a misericórdia.
O Espírito apegado às coisas materiais, o usuário, o sensual, enfim, o ignorante, fica junto ao corpo o tempo que a natureza animal achar conveniente. O seu afastamento é feito gradativamente, enquanto permanecer alimentando idéias de posse, de medo, de orgulho e de egoísmo. “O Livro dos Espíritos” nos ensina que a alma pode ficar apegada ao corpo, às vezes, por dias e meses, mas, na verdade, há casos em que se verifica que a alma fica ligada aos seus restos mortais por anos a fio, até mesmo envolvida nos próprios ossos, até que desperte em seu coração alguma luz que faça reconhecer que já não pertence mais ao mundo dos homens, tocada pelos sentimentos superiores oriundos do coração. Algumas, por vezes, sofrem com a desintegração do próprio corpo.
Os laços não se quebram: eles se desatam, tal como foram atados na concepção. Há entre a formação do corpo e o perispírito, uma certa sintonia de modo a se fazer a junção de um ao outro. Os laços são ligados no centro de forças de maneira sutil harmoniosa, capaz de, por seu intermédio, dominar todo o complexo fisiológico.
Podemos dizer que o século vinte é o século do Espírito, fase essa que começou no século dezenove, para que a humanidade pudesse entender melhor a vida divina dentro da vida humana. Deves, se ainda não o fazes, passar a meditar na vida espiritual e aprender a orar todos os dias, assim como te alimentas várias vezes, porque o alimento da alma vem pelas vias da oração e da renovação dos sentimentos.
Há nuances em todos os aspectos da vida. Não existe determinismo na ação das leis de Deus, como no caso do Espírito superior que esteja animando um corpo. Ao despertar-se deste, ele sai livremente, sem nenhum sofrimento. È mesmo se como estivesse preso e as grades se abrissem. A morte para ele significa liberdade, e sente-se feliz porque cumpriu seus deveres ante a vida. Mas, sempre ocorre isto desatando laços. E é nesse caso que deves preparar o teu próprio desenlace todos os dias, pela leitura espiritual, pelas orações, e, acima de tudo, pela reforma dos costumes em todos os momentos da tua existência. Quem prepara o próprio coração para essa hora inesperada, recebe o prêmio do bem-estar e a tranqüilidade fornecida pela esperança.
A oração tem uma força poderosa no momento da desencarnação; ela é capaz de atrair almas iluminadas e, nesse ambiente, poder-se-á ajudar o desencarnante a se livrar do velho fardo e, por vezes, ser levado para lugares de recuperação espiritual. Não esperes, meu irmão, a morte chegar, para compreenderes o sentido da vida espiritual; começa hoje mesmo a te educares, a educar o teus impulsos inferiores, para que eles não sirvam de espinhos nos teus caminhos além do tumulo.
Livro: Filosofia da Alma.
Miramez / Joao Nunes Maia.
Estudando O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
Separação da alma e do corpo
155. Como se opera a separação da alma e do corpo?
Rotos os laços que a retinham, ela se desprende.
155a) - A separação se dá instantaneamente por brusca transição? Haverá alguma linha de demarcação nitidamente traçada entre a vida e a morte?
Não; a alma se desprende gradualmente, não se escapa como um pássaro cativo a que se restitua subitamente a liberdade. Aqueles dois estados se tocam e confundem, de sorte que o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. Estes laços se desatam, não se quebram.
A.K.: Durante a vida, o Espírito se acha preso ao corpo pelo seu envoltório semimaterial ou perispírito. A morte é a destruição do corpo somente, não a desse outro invólucro, que do corpo se separa quando cessa neste a vida orgânica. A observação demonstra que, no instante da morte, o desprendimento do perispírito não se completa subitamente; que, ao contrário, se opera gradualmente e com uma lentidão muito variável conforme os indivíduos. Em uns é bastante rápido, podendo dizer-se que o momento da morte é mais ou menos o da libertação. Em outros, naqueles sobretudo cuja vida toda material e sensual, o desprendimento é muito menos rápido, durando algumas vezes dias, semanas e até meses, o que não implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a possibilidade de volver à vida, mas uma simples afinidade com o Espírito, afinidade que guarda sempre proporção com a preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à matéria. É, com efeito, racional conceber-se que, quanto mais o Espírito se haja identificado com a matéria, tanto mais penoso lhe seja separar-se dela; ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, de modo que, em chegando a morte, ele é quase instantâneo. Tal o resultado dos estudos feitos em todos os indivíduos que se têm podido observar por ocasião da morte. Essas observações ainda provam que a afinidade, persiste entre a alma e o corpo, em certos indivíduos, é, às vezes, muito penosa, porquanto o Espírito pode experimentar o horror da decomposição. Este caso, porém, é excepcional e peculiar a certos gêneros de vida e a certos gêneros de morte. Verifica-se com alguns suicidas.

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