terça-feira, 13 de maio de 2014

TESOUROS DE AMOR - Joanna de Ângelis

À medida que o tecnicismo modifica a face da Terra, imprimindo um glorioso período, fenecem altas expressões dos sentimentos, no âmago das afeições humanas.
Aqui, a indústria do “presente” asfixia os nobres impulsos, tudo reduzindo ao mercantilismo, onde o amor pode ser valorizado pelo preço da mercadoria.
Ali, as paredes do cronômetro apertam as ruas da amizade e os atos de entendimento fraterno se reduzem a uma palavra, contendo significados de ocasião.
Mais além, a cobiça e o empreguismo assassinam as manifestações da ordem, e em nome do progresso inutilizam homens que se desdobram exaustivamente ou se paralizam, lamentavelmente, no comodismo.
Ninguém pode perder a ocasião no jogo social.
Não se dispõe de tempo para “sentimentalismos”.
Os simulacros de amor e respeito, consideração e reconhecimento são encontrados nas salas modernas dos “magazines” que se encarregam de encaminhá-los protocolarmente ao preço de uma taxa simples...
Todo sentimento que se deseja exteriorizar depende do dinheiro.
O dinheiro que é servo se faz algoz e sendo fonte de crescimento social se converte em implacável azorrague que deprecia a humanidade.
Há, no entanto, outros meios de expressar o canto de ternura da alma nas taças reluzentes da afeição.
Tesouros de amor, sim, todos temos para ofertar.
Um singelo cartão manuscrito é verdadeira gema preciosa dirigido a um ser querido.
Uma frase assinalada pela música da esperança pode ser considerada um adereço delicado a quem merece carinho.
Duas palavras de cordialidade numa visita pessoal oferecem calor humano a quem se estima e está a sós.
Uma oração em conjunto, ao lado de um leito onde sofre uma afeição fraternal, é oferenda valiosa e especial...
E o sorriso gentil, o pensamento generoso, o aperto de mão cordial, a atenção dispensada numa palestra, o silêncio discreto, a postura educada são, igualmente, presentes que transcendem as aquisições lojistas que têm o sabor puro e simples de “dever social”.
Não te deixes corromper na tempestade louca do tempo “sem tempo”.
Sempre podes fazer algo pessoal, intransferível, assinalado pela vibração da tua emotividade.
Na tarefa espírita onde respiras, honrado, aplica esses tesouros na destruição da sementeira negativa.
Respeita o ausente;
Perdoa o ofensor;
Seja tua a dádiva da abnegação;
Faze o trabalho que outros desconsideram;
Ora pelo ingrato;
Sê mais generoso com o exigente...
A ventura do céu começa no piso onde repousa a escada de ascensão espiritual. 
Nos detritos oculta-se a vitalidade para o vegetal...
Honrado na casa de Simão pela mesa farta e a presença de homens de destaque, o Senhor deixou-se comover pelas lágrimas da mulher sofredora que lhe banhavam os pés, enquanto os enxugava com os cabelos. Era o único tesouro ali que não custara moedas, refletindo em toda a sua grandeza o arrependimento do erro e a sede de amor.
Livro: Espírito e Vida.
Joanna de Ângelis / Divaldo Franco.

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